Crítica: Legítimo Rei, da Netflix, se destaca pelas boas cenas de batalha e atuação de Chris Pine
Legítimo Rei é um bom drama de ação, com história bem amarrada e bom ritmo. Se não vai reviver os grandes épicos de espada, tampouco irá enterrá-los.
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Quando Coração Valente foi lançado na metade dos anos 90, os épicos voltados aos escudos e às espadas estavam mornos e não gozavam do prestígio de outrora. Mesmo momentos antes do Oscar de 1996, quando o longa foi eleito o melhor do ano, pairava uma forte dúvida acerca da força e das qualidades do filme. Gladiador foi outro que se destacou na premiação e nas bilheterias, mas com certos limites, dividindo espaço com outras obras. Mesmo O Senhor dos Anéis teve de perder por dois anos consecutivos para, enfim, receber o reconhecimento da Academia.
Estes épicos continuam em risco. Por mais que Game of Thrones faça um sucesso assombroso na televisão, longas semelhantes fracassam no cinema. É preciso muito esforço para que lançamentos desse tipo se destaquem. Muito se deve a alguns detalhes inquestionáveis: filmes como estes geralmente passam com folga das duas horas de duração; a maioria possui forte apelo histórico, com muitos nomes, datas e locais. O público resiste e o retorno não chega.
Legítimo Rei tem atrativos de sobra para conquistar o público
Legítimo Rei é um desses épicos e, ao assisti-lo, temos a impressão de que foi lançado na época errada. Em outros tempos, o longa estrelado por Chris Pine teria sido sucesso de público, crítica e um dos favoritos ao Oscar. Ele tem o perfil narrativo e visual típico das aventuras de reis, espadas e lendas. Assim, o filme, lançado diretamente na Netflix, parece perdido no tempo, ainda que seja de inegável qualidade.
O fato de ser lançado pela Netflix, com pouco alarde, talvez indique a forte dúvida com relação ao sucesso do filme. Isso porque há qualidade e atrativos suficientes no longa para atrair a atenção do público. Do elenco talentoso encabeçado por Chris Pine até a direção do respeitável David Mackenzie, Legítimo Rei tem os ingredientes certos para entreter. Em suas pouco mais de duas horas, o filme investe em poucos personagens principais, mantendo o foco e desenvolvendo somente o necessário, o que surge como um acerto.
Além disso, as cenas de ação são caprichadas, com violência na medida e ótimo trabalho de câmera. Neste aspecto, Legítimo Rei não deve em nada para as gloriosas batalhas de Coração Valente ou mesmo Game of Thrones. O desfecho, por exemplo, traz um emocionante sequência de guerra, com direito a muitos figurantes e belíssima fotografia. O clímax coroa uma série de outras pequenas cenas de ação espalhadas pela história, perfeitas para manter a audiência acordada entre uma conversa e outra.
Novo longa da Netflix mantem vivo os épicos
Chris Pine, um ator notavelmente carismático, faz um ótimo trabalho na pele de Robert, o Bruce. E é uma pena que sua dedicação se resuma aos comentários acerca de sua rápida nudez. Personificando o rei da Escócia por direito, Pine não só mantem a plateia interessada na trama como parece se divertir no papel. E o primeiro duelo de espadas, filmado em um excelente plano sequência logo no início. É a prova das habilidade do ator.
Funcionando como uma sequência de Coração Valente (William Wallace, personagem de Mel Gibson, é citado mais de uma vez), já que se passam no mesmo período e espaço. Legítimo Rei não vai chegar ao Oscar, tampouco conquistará grande público ou crítica. Ainda assim, é um bom drama de ação, com história bem amarrada e bom ritmo. Se não vai reviver os grandes épicos de espada, tampouco irá enterrá-los.