Crítica: Pensando no futuro, 2×21 de Madam Secretary olha para Turquia
Review do vigésimo primeiro episódio da quarta temporada de Madam Secretary, da CBS, intitulado "Protocol".
Driblando o golpe!
Depois de apresentar um episódio inovador onde mudou o foco narrativo, Madam Secretary dá uma pausa nos planos de Elizabeth concorrer à presidência para discutir um assunto ótimo, porém pouco lembrado: Turquia. Um país visto até poucos anos como um exemplo a ser seguido e o melhor amigo da Europa, flerta com a ditadura após uma suposta tentativa de golpe em 2016.
Embora o roteiro arranhe a superfície com esse tema, o episódio acerta ao tratar dos inúmeros problemas na região num momento em que Donald Trump sai do acordo nuclear com o Irã e deixa Israel ainda mais forte.
Depois que terroristas ameaçam inundar o Oriente Médio, mais precisamente o Iraque, o time de Elizabeth McCord busca ajuda nos países vizinhos. Afinal de contas, os Estados Unidos ainda têm alguns (poucos) parceiros na região. Quais as nações que fazem fronteira com o país ameaçado? Jordânia, Arábia Saudita, Turquia, Síria e Irã. Destes apenas três podem ajudar, tenta-se primeiramente a Turquia. Ninguém atende. Porque? Há um golpe em andamento no país.
Logo, lembra-se que o Ministro das Relações Exteriores da Turquia está em Washington D.C. para cumprir agenda diplomática. Enquanto isso, Stevie é incumbida da tarefa de encontrar atividades mais “relaxantes” para Russell.
Lembro exatamente onde estava naquele 15 de julho de 2016 quando se falava de golpe Estado da Turquia. Estava na academia escutando os comentários da Andrea Mitchell pela MSNBC. Ignorando completamente o fato do que estava acontecendo, fiquei impressionado com o fato de ter a possibilidade de assistir tudo pela televisão, praticamente ao vivo. Tive certeza que a revolução seria televisionada, por mais impressionante que isso possa parecer. É verdade que em breve descobriríamos que era mais uma tentativa de Erdogan de caçar a oposição e tornar-se mais um “homem forte” da região.
Criativa, mas nem tanto.
Madam Secretary não vai tão longe. Na verdade sequer pensa na possibilidade de caçoar do teatro feito pelo presidente da vida real, pois está focada numa história bem curiosa sobre os desafios da divisão de cerimoniais do Departamento de Estado. Aliás, o telespectador é lembrado que até mesmo os guardanapos e o cardápio são partes fundamentais de uma negociação importante. Usando do bom humor com muita sabedoria, a problemática serviu para dar ritmo para história e evitar que o tema central deixasse o episódio com uma carta dramática e intelectual muito pesada. Barbara Hall sabe que por mais inteligente que seu telespectador seja, ele buscaria um documentário se quisesse seriedade o tempo todo.
A direção chamou atenção de forma positiva ao compor uma sequência deliciosa e criativa de Elizabeth tentando falar com o chefe das relações exteriores da Turquia. Utilizando o timing cômico de Téa Leoni (lembram de As Loucuras de Dick & Jane?), a conversa no elevador foi um dos pontos altos do episódio ao proporcionar uma gargalhada assim como um momento de reflexão sobre o trabalho importante de diplomatas ao redor do mundo. Até porque lembro o leitor que o Acordo de Belfast em 1998, assim como muitos outros, não foram feitos a partir de ameaças de “Fogo e Fúria”.
Está na hora de brincar!
Admiro a ideia de colocar, pelo menos uma vez, o Russell como protagonista de uma das narrativas paralelas. Na verdade, ele não recebia tal atenção desde quando teve um ataque cardíaco. Desta vez, ele retorna com uma problemática parecida, mas envolvendo tanto Stevie quanto Henry. Sua missão? Relaxar. Isso mesmo, relaxar. Sou suspeito para falar do tema porque não sei como conjugar este verbo. Entretanto, estou mesmo gostando de ver dois personagens um tanto apagados nesta quarta temporadas envolvidos numa trama engraçadinha.
Isso porque sei que ela é temporária, os personagens secundários de Madam Secretary infelizmente são limitados a poucos diálogos e cenas dramáticas não tão importantes. Seria ótimo falar de estresse. Principalmente se levarmos em conta a forma sábia que trataram de depressão na adolescência alguns episódios atrás. A capacidade do roteiro é enorme, seja em relação a política externa ou problemas sociais, basta que tenham vontade de explora-la e usa-la.
Em suma, vemos Madam Secretary encaminhar-se para o final de mais uma temporada com força. Atenta ao mundo ao se redor e (mais importante de tudo) cheia de gás. Séries como essa são essenciais para que possamos entender o que está acontecendo e ir além das manchetes. Porém, comentários acerca do ano que vimos retorno na semana que vem quando discutirmos o Season Finale.