Crítica: Encerrando uma ótima temporada, 4×22 de Madam Secretary é um sopro de esperança
Review do vigésimo segundo episódio da quarta temporada de Madam Secretary, da CBS, intitulado "Nightwatch".
The McCords go to Washington!
Se você ligar a televisão agora mesmo, deve encontrar algo que Donald Trump está fazendo, deixou de fazer ou que sabe até um novo escândalo, seja sexual, de corrupção ou de moral. Porém nós não vamos escutar nada relacionado a água ainda contaminada em Flint; as pessoas que passam fome na Filadélfia ou a reserva de salmões ameaçada por mineradoras no Alasca. Para nossa sorte, Madam Secretary está no ar para debater o que é realmente importante. Neste Season Finale temos armas nucleares e os poderes do presidente para exterminar a raça humana.
Com a chegada da primavera, Washington D.C. está em férias. Deputados e Senadores voltam para suas bases e os “burocratas” estão livres para aproveitar o calor. Elizabeth escolhe a própria cidade para passar um dia diferente com a família. O problema é que a Rússia lança mísseis nucleares contra os Estados Unidos. Eles têm capacidade de atingir desde o Havaí, passando pelo Alasca até chegar em Sail Rock, no Maine. O que isso significa? O fim do mundo como a gente conhece. Mas e Elizabeth? E os McCords?
A arte copia a realidade. Ou seria o contrário?
Por razões que não comentarei nesta resenha, o Armageddon é evitado. Mas assim como aconteceu no Havaí recentemente, pais pensaram que estavam falando com seus filhos pela última vez enquanto mães foram forçadas a escolher entre uma prole e outra. É complexo e traumático, para se dizer o mínimo. Entretanto, o roteiro usa dessa sequência para discutir o pouquíssimo espaço de tempo que o presidente tem para retaliar ou decidir ação diversa. São apenas cinco minutos, acredita? Por isso que se lembra da necessidade de falarmos sobre armas nucleares, afinal de contas, não teremos uma figura como Conrad como chefe da nação para sempre.
Embora tenha adorado a ideia, não gostei do tom utilizado para aborda-la. Ao defender seu ponto de vista, Elizabeth afirma com convicção que o processo era uma loucura. Realmente. Mas o telespectador precisa pensar, não há como atingir o objetivo da discussão se o próprio roteiro traz uma síntese e pronto. Eu e você provavelmente concordamos com a Secretária McCord, mas e os outros telespectadores? Estão errados por pensar diferente? Claro que não, mas é preciso espaço para discutir.
Onde está Wally?
Outro problema persistente é a ausência de todo gabinete na resolução de determinada situação. Como que vão discutir armas nucleares e o Senado decide agir de forma súbita sem que haja sequer uma participação do Secretário de Energia? Ele concorda com o posicionamento do Departamento de Estado? Foi ouvido pelos comitês de ambas as casas do Congresso? Lembro ao leitor que Ernest Moniz, o responsável pela área durante a era Obama, foi um dos principais responsáveis pelo acordo nuclear com o Irã. Não é uma função dispensável. Como disse anteriormente, a verossimilhança em Madam Secretary é de suma importância em tempos de fake news e de fatos alternativos.
Com o chroma key me incomodando profundamente, haja vista que o episódio foi filmado em Washington, essa Season Finale foi uma ótima forma de concluir uma surpreendente 4ª temporada, que desde o Season Premiere (com o excelente News Cycle) mostrou-se atenta aos acontecimentos ao seu redor, mas sem deixar de falar sobre o que importa como democracia e direitos humanos.
Que venham mais quatro anos!