Crítica: O Senhor dos Anéis Os Anéis de Poder empolga e é a aventura do ano
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder é a série que precisávamos agora: empolgante e cheia de esperança. Fãs não se decepcionarão.
O Senhor dos Anéis é o marco máximo da fantasia. Pense em qualquer título famoso da cultura pop e ele provavelmente se inspirou ou tirou elementos da criação de J.R.R. Tolkien. De Star Wars a Harry Potter, a saga do Anel está impregnada na história da arte. Foi com surpresa e receio, portanto, que o mundo recebeu a notícia de que a franquia ganharia mais um capítulo. Em forma de série, Os Anéis de Poder foi anunciada. Agora, anos depois de seu anúncio e, com a fama de ser um dos projetos mais caros da televisão, O Senhor dos Anéis está entre nós.
E o início desta aventura não poderia ser mais tranquilizador. Os dois primeiros capítulos de Os Anéis de Poder são a pura síntese da aventura rica e complexa que é O Senhor dos Anéis. Numa mescla surpreendente de visão original com respeito aos filmes de Peter Jackson, a série da Amazon Prime Video abraça o passado com orgulho e respeito. Assim, este novo capítulo da franquia está intimamente ligado aos livros e à trilogia de filmes original.
Os Anéis de Poder é uma belíssima homenagem aos livros e filmes de O Senhor dos Anéis
Seja através da narrativa ou dos visuais, Os Anéis de Poder presta homenagens notáveis à obra de Tolkien e às adaptações de Jackson. Ainda que faça mudanças consideráveis no cânone e arrisque algumas liberdades criativas, a série de O Senhor dos Anéis reverencia e trata suas origens com total carinho. Desta forma, vale apontar que Os Anéis de Poder parece muito mais uma sequência (ou prequel) da trilogia de Peter Jackson do que O Hobbit, comandado pelo próprio diretor.
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Com isso, Galadriel surge diferente, rejuvenescida e única, mas com o mesmo espírito da versão de Cate Blanchett. As novas versões dos hobbits trazem a mesma alegria e irreverência que vimos nos livros e filmes.
Além disso, os anões e sua casa, Khazad-dûm, surgem imponentes e idênticos aos da trilogia cinematográfica. A primeira aparição do povo anão, aliás, marca um dos melhores momentos do início da temporada. Com trilha sonora imponente e visual arrebatador, a entrada nas minas dos anões é um ponto alto e memorável.
Neste sentido, J.A. Bayona, o diretor dos primeiros capítulos, faz um excelente trabalho ao estabelecer os vários povos e aventuras da Terra-Média. E o cineasta claramente segue os passos de Peter Jackson, fazendo referências explícitas ao trabalho do diretor. Dos vôos sobre as montanhas aos closes que causam pânico ou riso, Bayona parece ter um objetivo claro: estabelecer, pelo visual, que este é o mesmo universo que conhecemos no Cinema.
Visual da série é um dos mais impressionantes já vistos
E o diretor tem o apoio de uma direção de arte impecável. Os muitos milhões investidos estão impregnados em cada frame. Enquanto os elfos surgem em cenários delicados e banhados em luz, os anões aparecem em suas cavernas fechadas, mas igualmente belas. E é elogiável o cuidado ao mostrar que o povo anão desta época é mais próspero e iluminado que aquele visto nos filmes. Aqui, Khazad-Dûm é coberta de vegetação e curiosas ferramentas e tecnologias.
O design ainda capricha nos antepassados do povo hobbit, revelando-os como seres bondosos, ingênuos e profundamente ligados à natureza. Além disso, os homens surgem como um grupo empobrecido, tanto em bens materiais quanto em cultura e história. Estamos, afinal, longe da ascensão dos homens, algo que aparece como fio condutor dos livros e filmes originais de O Senhor dos Anéis.
Apesar da escala, Os Anéis de Poder foca na força dos personagens
Mas, ainda que se preocupe com a escala e com a beleza dos cenários, figurinos e efeitos, O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder investe mesmo é na força do olhar. Assim, em vários momentos a câmera se aproxima de seus personagens e filma seus rostos encantados, de olhos brilhantes. Ainda que a aventura cresça e empolgue lá fora, é no alcance do olhar e da emoção que a série quer se ancorar. Desta forma, os closes fechados em Galadriel, Elrond, Nori e todos os outros revelam muito mais do que explosões e monstros.
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Os criadores e diretores sabem, afinal, que O Senhor dos Anéis sempre foi um sucesso não só pela aventura, mas por seus personagens. Entendendo isso, o roteiro estabelece os diversos núcleos com clareza e ótimo ritmo. Começar uma história de O Senhor dos Anéis, afinal, não deve ser fácil, considerando a complexidade da mitologia e a extensa galeria de personagens. Os Anéis de Poder, entretanto, faz um ótimo trabalho ao apresentar novos e antigos personagens, bem como suas aventuras pessoais.
Esta é a série que precisávamos agora: empolgante e cheia de esperança
Desta forma, jamais nos confundimos entre os nomes e locais, um problema que acomete a grande maioria das franquias de fantasia e aventura. O roteiro e a edição sabem exatamente quanto tempo devem permanecer com cada personagem e núcleo. Com isso, saltamos de história em história com fluidez, e o melhor: cada pedaço funciona isoladamente e no contexto maior. Assim, não há trechos que funcionem mais que outros, pois todos são interessantes.
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Por fim, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder é um sucesso, porque leva em seu coração a maior qualidade da saga: a esperança. O Senhor dos Anéis é uma história sobre o espírito dos bons, a perseverança e a luta por dias melhores. Ainda que ameaças pairem nos céus e nadem nas águas, a força está no coração de cada personagem que luta por seus parceiros e por sua terra. É isso que torna a saga tão importante, querida e atemporal.
Com o que vimos até aqui, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder será uma série única, inigualável em escopo e aposta. Nada deverá ser tão grande quanto a série e nada carrega o peso que é levar um título – e uma história – destes nas costas.
Tolkien ficaria feliz. Eu, como fã, fiquei!
Nota: 5/5