Crítica: Orange is the New Black resgata raízes e entrega uma ótima 6ª temporada

Crítica da sexta temporada de Orange is the New Black, disponível na Netflix com 13 episódios.

Imagem: Netflix
Imagem: Netflix/Divulgação

Nova temporada volta às raízes e se equilibra entre drama e comédia.

Se você faz parte do grupo que não gostou da 5ª temporada de Orange is the New Black, não perca a esperança. A nova leva de episódios, que chegou hoje, 27, à Netflix, é um deleite para quem sentiu falta do tom tragicômico dos primeiros anos da série.

A decisão de mostrar os dramáticos três dias de uma rebelião em Litchfield, ao longo dos 13 episódios do ano passado, não agradou muito. A trama ficou arrastada e perdeu o tom leve e cômico característico da produção. A criadora Jenji Kohan parece ter percebido o desequilíbrio e tratou de reparar o erro.

A nova temporada, que também possui 13 episódios, retoma a trama mostrando as consequências da rebelião, que resultou na transferência e separação das detentas no pavilhão de segurança máxima de Litchfield. O grande elenco das temporadas anteriores foi reduzido à apenas 10 prisioneiras que estavam na piscina abandonada durante o fim do motim: Piper (Taylor Schilling), Alex (Laura Prepon), Red (Kate Mulgrew), Frieda (Dale Soules), Suzanne (Uzo Aduba), Cindy (Adrienne C. Moore), Taystee (Danielle Brooks), Nicky (Natasha Lyonne), Gloria (Selenis Leyva) e Blanca (Laura Gomez).

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Para decepção de muitos, personagens queridas como Boo (Lea DeLaria), Maritza (Diane Guerrero) e Yoga Jones (Constance Schulman), e até alguns guardas já conhecidos, simplesmente desaparecerem ou fazem apenas aparições relâmpagos.

Com grandes mudanças e com um tom de reboot, OITNB se reinventa ao mesmo tempo que resgata as raízes das primeiras e bem sucedidas temporadas. Casa nova significa novos vizinhos e novas alianças. E a série nos apresenta à um grupo bem mais barra pesada de detentas que ditam o ritmo da história este ano através de uma guerra entre os blocos C e D que altera a rotina e a vida das nossas amadas detentas.

Destaque para as estranhas e perigosas irmãs Barb (Mackenzie Phillips) e Carol (Henny Russel), chefonas da Segurança Máxima, e suas respectivas fiéis escudeiras Daddy, vivida pela ex-The Voice USA, Vicci Martinez, que vira o novo interesse não tão romântico de Daya (Dasha Polanco), e a irritante Madison “Badison”  (Amanda Fuller).

Imagem: Netflix/Divulgação

Série continua abordando importantes temas sociais.

Ao tempo que se reestrutura e nos apresenta novos personagens, a sexta temporada não deixa totalmente de lado os acontecimentos dos últimos anos. Cai principalmente sobre Taystee a culpa pela rebelião e pelo assassinato do sádico guarda Piscatella (Brad William Henke), forjado pela equipe tática que invadiram e acabaram o motim.

Escolhida como bode expiatório pela empresa que administra a prisão, a personagem é levada a julgamento. O plot serve como reflexão sobre como o sistema judiciário trata réus negros e expõe a facilidade com a qual muitas detentas são condenadas sem provas ou com poucos indícios – apenas por conta da cor de sua pele.

Outra questão social bastante abordada durante essa temporada é o abuso do sistema carcerário. Ainda que nas outras temporadas isso tenha sido mostrado, o ambiente da segurança máxima explicita a violência gratuita utilizada pelos guardas para impor ordem. As detentas são espancadas e assediadas a todo momento. Para piorar, os guardas do novo pavilhão se aproveitam do estresse do confinamento para lucrar através de um jogo de apostas que incentiva violência entre a população carcerária.

A personagem Aleida Diaz (Elizabeth Rodriguez) ganhou liberdade e deixou Litchfield, mas sua vida fora da prisão não esteve nada fácil. A trama abordou a dificuldade da ex-detenta em se reinserir no mercado de trabalho, levando-a ao dilema de voltar a cometer crimes para recuperar a guarda de seus filhos. E, no final das contas, a lição que fica é que muitas delas estão ali não por opção, mas sim por ser a única forma que encontraram para sobreviver em um “bravo novo mundo”.

Alívios cômicos bem trabalhados.

Mas, como mencionei no início, o drama não ditou o ritmo esse ano. A série recuperou a comédia e trabalha isso muito bem em plots como o de Gloria e do guarda Luschek, que organizam uma bagunçada aula de dança para as detentas e iniciaram ainda um rápido flerte. Ou o ainda conturbado, porém mais maduro, relacionamento de Joe Caputo e Natalie Figueroa; a nova amizade entre Suzanne ‘Crazy Eyes’ e Frieda, confinadas em um bloco super tranquilo da prisão; e ainda o programa de rádio montado por Flaca e Cindy – que foi um dos pontos mais altos da série.

O destaque esse ano, para mim, ficou por conta da incrível interpretação de Laura Gomez, que fez a personagem Blanca evoluir substancialmente diante dos nossos olhos. E, ao final do último episódio, protagonizou uma das cenas mais tristes de toda a temporada.

Flashbacks continuam sendo utilizados.

Os flashbacks tradicionais da série continuam sendo utilizados aqui, com menor frequência, mas sendo melhor aproveitados. As versões jovens das novas vilãs Barb e Carol protagonizam um dos melhores da temporada. Um novo olhar da juventude de Taystee também foi belamente explorado.

Imagem: Netflix/Divulgação

Personagens antigos perderam importância.

Embora alguns personagens tenham ganhado mais destaques no novo ano, outros apenas figuraram. A importância de Piper e Alex na temporada é, praticamente, irrelevante. A participação de Piper, personagem que inspirou a criação da série, se limitou à organização de uma partida de kickball. Daya, que agora não tem mais sua mãe por perto, teve sua evolução como personagem interrompida ao ser transformada em um lésbica viciada. O motivo? Sobrevivência.

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Com alguns erros pelo percurso, é notável que a nova temporada de Orange is the New Black é bem melhor que sua antecessora. Ainda que com muitas perguntas e poucas respostas, a trama parece apontar sua mira para um final próximo.

Espero que esse desfecho aconteça na já anunciada sétima temporada, embora esse reset aplicado possa significar também que os produtores tenham intenções de prolongar a trama, correndo risco de torná-la uma nova Grey’s Anatomy ou Supernatural. Vamos torcer para que não!

Sobre o autor
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Italo Marciel

Cearense, 28 anos. Jornalista especialista em Assessoria de Comunicação. Viciado em séries desde que se entende por gente e apaixonado por cinema. O cara que fica feliz em indicar uma boa série ou um bom filme para os amigos.

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