Crítica: Orange Is the New Black se despede com temporada comovente e real

Crítica da temporada final de Orange Is The New Black.

Imagem: Netflix

O fim de uma era!

A crítica da 7ª e última temporada de Orange Is The New Black está entre nós.

Temporadas finais de séries de sucesso são sempre um desafio para seus roteiristas. O risco de desagradar os fãs e “manchar” anos de trabalho é enorme. Orange Is the New Black estreou hoje, 26, sua última leva de episódios e uma coisa é certa: a despedida de uma das primeiras séries (e a mais duradoura) da Netflix não decepciona.

A dramédia sobre uma prisão feminina passou por altos e baixos, principalmente nas últimas temporadas. Entretanto, chega ao final consolidando como uma produção relevante, provocativa e atenta à realidade.

Os 13 novos episódios dão segmento aos acontecimentos da sexta temporada, com um pequeno salto temporal. Agora, Piper – descrita como a protagonista da série – está em liberdade, enfrentando as dificuldades da ressocialização e tentando manter vivo seu relacionamento com Alex.

No entanto, a jornada da personagem ainda é uma das menos comoventes. Bem como, quando é colocada ao lado do drama enfrentado por outras personagens como Taystee, Cindy, Tiffany Doggett, Gloria ou Suzanne ‘Crazy Eyes’ Warren. E cabe à essas e outras brilhantes personagens “secundárias” a importante missão de manter a relevância da trama de OITNB.

Imagem: Netflix/Divulgação

Trama mergulha na questão política da imigração

Mesmo com a atmosfera cômica, Jenji Kohan, criadora da série, sempre incluiu na trama importante discussões políticas e sociais. Além disso, a nova temporada mergulha fundo nas críticas e aborda temas como a indústria prisional americana, assédio sexual no ambiente de trabalho (e o movimento #MeToo) e imigração e deportação.

E o carro-chefe da última temporada da série é justamente o debate sobre a política americana de imigração e deportação. Em plena “Era Trump”, a discussão não poderia ser mais atual e oportuna. O mais interessante é que esse background não soa como algo jogado para gerar burburinho, pelo contrário. Quem acompanha a série sabe que existe contexto e todo esse conteúdo é tratado de forma excepcional.

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A temática já havia sido plantada no final da sexta temporada. Foi lá que observamos Blanca ser encaminhada para outra instituição ao invés de ganhar sua liberdade. Agora, descobrimos que ela se juntou á dezenas de outras mulheres das mais diversas etnias no Centro de Internamento de Estrangeiros (ICE).

O roteiro não alivia ao expor a dura realidade dessas novas unidades prisionais e os efeitos tráficos que tal política tem causado na vida de milhares de famílias. As histórias criadas a partir desse núcleo são comoventes retratos da realidade e, em sua maioria, sem finais felizes.

Imagem: Netflix/Divulgação

Não há espaço para finais felizes

Ouso dizer que não há espaço para finais felizes nessa temporada. Os roteiristas fugiram do clima óbvio de despedida e entregam uma realidade quase sem filtros. Os destinos de cada personagem são guiados conforme as ações de toda uma vida. O enredo faz questão de lembrar que para toda ação existe uma consequência e algumas dessas são irreversíveis e cruéis.

O ponto fraco da despedida acaba sendo fruto do que sempre foi um diferencial na série: o grande número de personagens explorados. Com tanta gente em cena, é preciso fazer um malabarismo para que ninguém seja esquecido.

Temos as histórias atuais das detentas, os clássicos flashbacks de seus passados, os guardas da prisão e alguns funcionários oriundos das primeiras temporadas. Mas acontece que nem todos esses personagens rendem histórias sólidas e envolventes. Portanto, na tentativa de visitar cada um, a história muitas vezes perde o ritmo e se torna um tanto repetitiva.

Imagem: Netflix/Divulgação

Personagens desaparecidos retornam para último adeus

Além disso, essa preocupação com cada personagem rende belas homenagens aos fãs. Os últimos episódios estão recheados de participações especiais que nos dão rápidos vislumbres de onde andam Maritza, Boo, Norma, Yoga, Sophia Burset e várias outras. Mas como já foi dito aqui, não conte com finais felizes para todos.

Portanto, Orange Is the New Black chega ao fim em boa forma e deixando um legado inegável para a cultura pop que talvez ainda seja pouco reconhecido. Foram sete anos levando ao grande público da Netflix ricas histórias sobre diversidade sexual, racial, desigualdade, injustiças e muito mais.

Uma contribuição inigualavelmente valiosa nos dias atuais. Mas quem sabe a gente encontra mais disso um spin-off, não é mesmo?

Sobre o autor
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Italo Marciel

Cearense, 28 anos. Jornalista especialista em Assessoria de Comunicação. Viciado em séries desde que se entende por gente e apaixonado por cinema. O cara que fica feliz em indicar uma boa série ou um bom filme para os amigos.

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