Crítica: Reconstrução de Helen Sharpe em foco no 1×14 de New Amsterdam

Crítica do episódio 1x14, "The Foresaken", de New Amsterdam, da NBC.

Sharpe encara a questão da maternidade em The Forsaken.

Depois de algumas semanas, New Amsterdam volta a emocionar

O 14º episódio da primeira temporada de New Amsterdam, “The Foresaken”, trouxe de volta o teor emocional forte da série. Por sinal, o tom do episódio é prenunciado logo de cara, quando Evie canta um trecho de “River“, de Leon Bridges.

Neste episódio, a abordagem sequencial/procedural continua, com as consequências do episódio anterior trazendo novas dinâmicas. De saída, somos introduzidos à nova chefe da emergência, Dra. Candelario (Nana Mensah), que pretende implantar novas regras no setor. Enquanto Bloom está “de férias” por quatro semanas.

Concomitantemente, Iggy Frome lida com um paciente que cometeu uma tentativa de suicídio. E é identificado na emergência como relacionado ao exército americano. Em paralelo, Sharpe se depara com uma mulher inconsciente que deixou para trás um bebê, enquanto Max recebe uma oferta.

Uma nova mulher no comando

No episódio passado, vimos que Bloom foi enviada para a reabilitação, a fim de lidar com sua adicção por Adderall. Consequentemente, precisaríamos ser introduzidos a uma nova pessoa no comando da emergência. A Dra. Candelario não era propriamente nova no hospital, mas foi abordada de maneira mais detalhada no episódio.

Certamente, o aspecto mais interessante de sua participação no episódio foi sua interação com Vijay Kappur. O mantra de Candelario, “calma e eficiência”, agradou bastante o neurologista, que, em outras oportunidades, já se posicionara de maneira semelhante. O conflito se instalou quando a nova chefe determinou 10 minutos para cada consulta.

Só para ilustrar, a primeira participação de Kappur na série, logo no piloto, foi toda centrada no fato de o neurologista precisar de bastante tempo para atender seus pacientes. Mais de uma vez na série, por exemplo, o médico mencionou que é preciso ouvir bastante a pessoa em questão, para entende-la. E, enfim, compreender o adoecimento.

O dissenso entre Kappur e Candelario gerou um curioso conflito pacífico e um ótimo alívio cômico. É importante ver Kappur em seus dilemas. Mas também é divertido vê-lo nas situações mais cômicas de seu cotidiano. Candelario, por sua vez, também mostrou uma boa desenvoltura entre o pulso firme e uma boa relação com os colegas.

A expectativa é que a personagem siga de forma recorrente nos próximos episódios, já que Bloom deverá ficar de fora um pouco mais.

Dra. Candelario, a nova chefe da emergência na ausência de Bloom. Imagem: NBC/Divulgação

Reynolds volta à cena

Já fazia um bom tempo que Floyd Reynolds não recebia maior espaço de tela e importância narrativa. O plot da troca de placa no escritório de episódios atrás ficou muito aquém do personagem. Entretanto, em “The Foresaken“, Reynolds reencontrou questões passadas, como sua relação com Bloom.

Ao longo do episódio, Reynolds buscou informações sobre as “férias” de Bloom. E teve de confrontar o fato de ter se afastado da amiga/interesse amoroso, desde que começou a namorar Evie. Inclusive, esse ponto do episódio foi interessante por ressaltar o afeto do cardiologista por Lauren, sem precisar recair em uma trama mais novelesca de romance.

A boa solução do roteiro, de fato, foi intercalar a chamada de consciência de Reynolds à primeira vez que disse a Evie que a amava. Apesar disso, tenho esperanças que a trama triangular possa ser desenvolvida sem pieguice, mas com boas interações entre os personagens, que possuem boa química em tela.

O caminho de Fulton parece terminar

No episódio anterior, vimos Max alcançando ótimos resultados como gestor do hospital, o que chamou a atenção do conselho diretor. Consequentemente, uma proposta para que ele se torne o reitor chegou à mesa, colocando Max em um dilema.

Apesar de alguns conflitos em episódios anteriores, a relação entre Max e Fulton (Ron Rifkin) é, claramente, amigável e fraterna. Ambos os personagens alimentam considerável respeito entre si. Além disso, como o próprio diz, Max precisa de alguém com pulso mais firme para lhe gerenciar, sendo o papel de Fulton fundamental.

Embora uma boa trama, novamente a série puxou um pouco a corda na tentativa de solução, com a simulação do ataque cardíaco. Também não quero bancar o chato realista. Pois a sequência foi agradável e mostrou que, no fundo, nos importamos com Fulton.

Seja como for, o fato de ao final o reitor ser demitido manteve o rumo da trama e coloca novos desafios para Max. Finalmente, fica uma grande curiosidade sobre como o protagonista acumulará funções e lidará com o câncer ao mesmo tempo.

Iggy Frome, a pessoa dos temas sensíveis

O papel de Terry Lebine em New Amsterdam é, decerto, bastante sensível. Seu personagem fica sempre ao cargo dos temas polêmicos, principalmente por lidar com pacientes afetados psicologicamente por eles. Apesar disso, o ator entrega boas cenas e soluções interessantes para as questões abordadas na série.

Neste episódio, por exemplo, o paciente em questão tentou suicídio. Trata-se de um iraquiano que colaborou com as tropas americanas e acabou indo para os EUA. A relação entre a dificuldade de se localizar no mundo, a angústia, e a tentativa de suicídio, geraram uma trama tocante no episódio.

A solução apontada por Iggy, envolvendo uma calorosa acolhida pelos companheiros de exército, resultou numa cena para chorar. Com toda a certeza, New Amsterdam se especializa em nos emocionar.

Reconstruindo Sharpe

O foco emocional e narrativo do episódio foi Helen Sharpe. Desde o início da temporada, uma jornada de desconstrução e reconstrução da personagem tem sido explorada pelo roteiro. Agora, vemos a nova Helen ganhando espaço na sua própria história.

De saída, o episódio mostra sua interação com seu par amoroso, dr. Panthaki. Inclusive, destacando como ela já abandonou algumas concepções sob sua postura como uma médica de renome e fama. O encontro em uma cafeteria simples, com uma troca de carícias alarmante para o padrão norte-americano, tudo indica a formulação de uma nova personagem.

Sem dúvida, entretanto, o ponto central foi a questão da maternidade. Helen encontrou, na entrada do hospital, uma jovem desacordada. E, posteriormente, descobriu que ela levava consigo um bebê adoecido pelas más condições de cuidado em que vivia.

De fato, essa possibilidade da trama estava colocada desde o episódio, em que descobrimos o interesse de Helen pela maternidade e sua dificuldade em engravidar. Entretanto, foi interessante o roteiro não abraçar a solução mais direta, buscando criar não a situação da maternidade, mas o sentimento e o senso de responsabilidade.

Concomitantemente, vemos a personagem se reconstruir como profissional e como pessoa, fazendo com que ela assuma cada vez mais um papel de destaque na série. Acho muito provável que até o fim da temporada ela seja a protagonista ao lado de Max.

Sobre o autor
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Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

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