Crítica: Recruta tem boas ideias na Netflix, mas falta execução
A primeira temporada de Recruta apresenta boas ideias, mas a má qualidade no trabalho de Noah Centineo e buracos no roteiro prejudicam tudo.
Quando Recruta foi anunciado, tive certeza que a história daria um bom filme. Contudo, após ler a sinopse com mais atenção, verifiquei que seria uma série. Embora a proposta continuasse sendo positiva, sabia que alguns cuidados precisariam ser tomados para que a entrega fosse adequada. Infelizmente, isso não aconteceu.
Recruta acompanha Owen Hendricks (Noah Centineo), um advogado recém-contratado pela CIA, que acaba se envolvendo em um mundo de espionagem internacional quando uma ex-colaboradora ameaça expor os segredos mais perigosos da agência. Cabe a Owen se unir a essa misteriosa mulher e julgar qual lado é o mais justo.
Problemas de escalação
Um dos principais problemas de Recruta é a escalação do elenco. Noah Centineo não dá conta da responsabilidade desde a primeira cena. Consigo entender que a Netflix só aprovou o projeto pela presença do ator de uma das suas maiores franquias, Para Todos os Garotos que Já Amei. Contudo, ele não está pronto.
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Interpretar Owen Hendricks não requer apenas um cabelo bem penteado ou um sex appeal extraordinário. O personagem precisa de um ator que entenda as nuances e esteja apto a cenas com diálogos complexos, assim como cenas de ação de encher os olhos.
Além dele, todo elenco de apoio não faz o menor sentido. A impressão que tenho ao assistir é que o vencimento do Noah consumia tamanho volume no orçamento que sobrou para qualquer um preencher o restante dos papéis. Salvo apenas o grande Vondie Curtis-Hall, que aqui deu vida a Walter Nyland.
Em busca de sentido
Uma cena que me chamou muita atenção pelo ridículo demonstra muito bem a total falta de coerência, inteligência, assim como dedicação do roteiro.
Peço que voltemos ao terceiro episódio, intitulado “Y.D.E.K.W.Y.D.”. Sua conclusão acontece da seguinte forma: um advogado da CIA manda um e-mail (?!) para o Procurador Geral dos Estados Unidos e este, como se não tivesse mil e um problemas, fica esperando o tal advogado, que entrou ontem na agência, para saber o que ele deseja. Percebe o absurdo?
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Lembro ainda que o FBI está na hierarquia do Departamento de Justiça, não a CIA. Esta responde ao Diretor Nacional de Inteligência.
Pedido de ajuda
Embora a Season Finale “esperneie” por uma segunda temporada, e a Netflix deve conceder à luz da demanda, eu acredito que ela deve acontecer a partir de uma série de reformas. A história precisa fazer sentido, evitar devaneios e ser objetiva.
Um simples recruta não pode estar à frente de uma mega operação internacional que pode resultar numa crise diplomática extraordinária. O assinante busca um alívio quando seleciona um título na Netflix, mas ninguém quer ter sua inteligência subestimada.
Nota: 2.5/5