Crítica: Resgate 2 tem ação desenfreada e trama simples

Resgate 2 chega à Netflix com ação desenfreada e história simples. Chris Hemsworth segura a barra, mas filme poderia ser muito mais do que é.

Crítica: Resgate 2 tem ação desenfreada e trama simples
Crítica: Resgate 2 tem ação desenfreada e trama simples

O gênero da ação, embora não seja um atestado temporal muito confiável, tem momentos muito específicos em sua evolução. O horror e a comédia, por exemplo, são capazes de sintetizar os costumes de uma época, mas a ação também passa por mudanças notáveis que valem ser analisadas com o passar do tempo. Resgate 2, da Netflix, é uma representação digna do tipo de ação que se tem feito nos últimos anos.

Peguemos, por exemplo, a franquia Missão: Impossível, com Tom Cruise. É curioso perceber que cada título da série sintetiza as manias e abordagens do gênero na época em que foram lançados. O primeiro filme, por exemplo, era um típico thriller dos anos 1990, enquanto o segundo resumia com precisão o tipo de ação exagerada que se fazia nos anos 2000. Aos poucos, a franquia foi saindo da era John Woo, passando pela ação clean de J.J. Abrams e chegando, enfim, aos tempos John Wick de fazer ação.

Ação sem cortes, em tempo real, é tendência do gênero

Pois se antes o método da edição rápida foi estabelecido como regra, seja por longas de Michael Bay ou Paul Greengrass, agora a ideia é criar sequências elaboradas, com coreografias complexas e câmera ágil. O corte, por exemplo, diminui, e não é raro que os novos filmes de ação invistam em vários planos-sequência. Resgate 2, vale apontar, tem uma longa sequência de 21 minutos. O trecho é ainda mais arriscado e absurdo que o do primeiro filme, e, além da pancadaria e tiroteio tradicionais, pula de uma sala para outra e até de um meio de transporte para outro. Basta dizer que a sequência começa à pé e termina em um trem descarrilhando.

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Bem dirigida, a sequência conta com alguns cortes escondidos. Sam Hargraves sabe como movimentar sua câmera e tudo ocorre de forma muito fluida e clara. Assim, o momento vale a pena nem só pelo apuro técnico e estético, mas é uma diversão tentar adivinhar qual será a próxima loucura proposta pelo filme.

É uma pena, contudo, que esta sequência de 21 minutos ocorra no primeiro ato do filme, estabelecendo, assim, um padrão muito alto. Depois disso, nem a história e nem a própria ação batem o que foi mostrado logo no início do longa-metragem. Não que não tenhamos mais brigas e doideiras pelo caminho, mas Resgate 2 é mais irregular na distribuição de ação e suspense se comparado ao primeiro filme.

Trama simples impede que Resgate 2 cresça mais do que poderia

Chris Hemsworth, por sua vez, abraça o papel com a mesma segurança de antes. E é visível que este tipo de personagem combina com sua persona. Embora o ator tenha um claro timing cômico, é de se elogiar sua presença imponente durante o drama e os desafios da ação. Ainda assim, falta um pouco de peso – ou propósito – ao personagem para que nos preocupemos mais com sua segurança. No fim, qualquer ator ou personagem do gênero poderia desempenhar aquele papel.

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Bem filmado, simples e divertido em suas econômicas 2 horas de duração, Resgate peca pela obviedade da trama e sua reviravoltas. Diferente de John Wick, não há interesse em se construir uma mitologia sólida e abrangente. Ainda assim, é empolgante acompanhar o quebra-quebra desenfreado em tempo real. Por fim, lamenta-se que o filme não chegue aos cinemas. Seria uma boa pedida na tela grande.

Nota: 3/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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