Crítica: Samantha patina no estrelismo em sua primeira temporada
Review da primeira temporada de Samantha!, da Netflix.
Eu acho que já vi essa história…
A mais nova produção da Netflix, Samantha!, tinha tudo para agradar os fãs de um bom sitcom. O problema é que a história não convence e é cheia de clichês hollywoodianos.
A atuação magnífica de Emanuelle Araújo acaba sendo ofuscada pela trama sem graça. Por mais que seja interessante de se assistir uma ex estrela mirim querer voltar para a fama, estamos esgotados com programas nesse estilo e não precisaríamos assistir um seriado como este na Netflix. Basta ligar a TV no Big Brother Brasil, na Fazenda, no Power Couple e outros realities shows que continuam na TV aberta. Ou, se preferir, temos Sônia Abrão e Gretchen para sempre nos lembrar de ex estrelas.
Talvez seja por isso que a história não tenha me agradado tanto assim. O roteiro tem seus momentos, mas peca ao nos apresentar histórias fracas, como o comercial de cerveja protagonizado por Samantha e Dodói. Com diálogos bastantes infantis, são poucos os momentos em que eu ri com alguma cena, e isso me incomodou bastante. A tentativa frustada da protagonista em continuar na mídia é tão sem noção que chega a me dar dó dela. Sem mencionar as piadas sem sentido e totalmente sem graça.
Os personagens.
A protagonista da série brasileira é uma ex estrela mirim e lembra muito a Simony, ex integrante do Balão Mágico. Até sua história é bem parecida e isso chega a ser bastante frustante, pois de nada tem de original na trama. Por mais que Araújo arrase na atuação e dê o seu melhor, a sua personagem parece perdida no tempo e no espaço.
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Samantha é uma eterna criança que vive brincando de ser mãe e querendo a recuperar a fama que um dia teve quando era a criança mais amada do Brasil, ao ser parte integrante de um programa infantil. Seu relacionamento com os filhos, Cindy e Brandon parece ser a única coisa real no seriado. E não podemos esquecer que até a história dela continuar casada com Dodói constrói o empobrecimento de uma personagem feminina que faz de tudo pela a fama… Até mesmo fingir um casamento, só porque seu ex marido é mais famoso que ela.
Em contrapartida, a personagem de Lorena Comparato, a youtuber Laila é bem mais interessante. O timing cômico de Comparato e a química dela com Araújo foram dois grandes acertos da produção brasileira. Elas nos presentearam com cenas bastante divertidas, mesmo que tenhamos voltado para o clichê do triângulo amoroso, típico de seriados nos últimos tempos.
Enquanto Samantha tenta voltar para seus dias de glória, seu ex-marido Dodói continua colhendo os frutos da fama. E mesmo sendo um ex-presidiário, o jogador parece ter nascido com a sorte virada para a lua. Ao contrário da protagonista, Dodói não chega a ser engraçado e tem momentos que parece que ele força para tentar soltar uma risada.
Forte influência dos anos 80.
Seguindo a nova modinha, Samantha! também pega carona nos anos 80. As músicas apresentadas no seriado são bastante chicletes e o cenário bastante próximo ao da época. Entretanto, parece que o seriado ficou perdido no tempo e no espaço.
A história é contada na atualidade, porém, temos excelentes flashbacks da década de 80, época em que Samantha era criança e uma estrela. Talvez se o seriado se focasse somente naquela época, poderia trazer algo positivo, entretanto, ele se perde um pouco ao nos apresentar uma protagonista adulta vivendo ainda quando era criança e tinha sucesso.
Samantha ainda vive nos anos 80 e não cresceu, apesar de ser adulta, ser mãe e ter se casado. Ela continua se vestindo como integrante da Turminha Plimplom e existe sempre esse resgate aos tempos gloriosos. Essa modinha de se falar sobre os anos 80 é legal, mas está começando a ficar cansativa. E a julgar como o seriado encerra a sua primeira temporada, podemos esperar muitas influências desta década para uma possível segunda temporada. Não sei se isso é bom ou ruim, pois, para mim, faltou a cereja do bolo para que essa primeira temporada fosse marcante.
No geral, eu achei Samantha! fraquinha, com poucos episódios significantes. O seriado foi pura diversão e me fez relembrar, num grau bem menor à Stranger Things e a minha infância. Bom, como diz Samantha, o importante é não deixar de acreditar!