Crítica: Shippados, nova série do Globoplay, é uma mistura surpreendente e divertida

Crítica da primeira temporada de Shippados, do Globoplay.

Shippados é a nova série de comédia do Globoplay

Nos últimos tempos, o Globoplay tem lutado para mostrar seu valor de mercado e competitividade com as outras marcas. Nessa luta, além de rechear seu catálogo internacional, tem investido em novas e diferentes formas de conteúdo original para a plataforma. Portanto, Shippados é uma delas.

O principal elemento que chama atenção na nova série é a interessante mistura que vemos na tela. Mesmo sendo grandes nomes do humor brasileiro e trabalhando há anos na mesma casa, dificilmente me passaria pela cabeça assistir a Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch num mesmo programa. Os dois ficaram famosos mais ou menos na mesma época e com um estilo de humor muito similar. Mas vieram de lugares muito diferentes e não me recordo de terem muitos encontros artísticos ao longo desse tempo. Todavia, proporcionaram uma mistura boa e divertidíssima!

O time escalado

Antes de falar dos belos protagonistas, façamos jus a dois coadjuvantes que recebem merecidas atenções na série: Luis Lobianco e Clarice Falcão. O primeiro, recém saído de uma novela das nove de sucesso. Já a segunda, com poucas relações na televisão aberta. Os dois vivem um divertido casal numa experiência bipolar que é muito comum de se encontrar atualmente – outro ponto marcado pela série que ainda falarei mais. Dois bons atores que fazem graça e confortam o público, que sabe que uma boa série só funciona com bons coadjuvantes. Além disso, Yara de Novaes também tem momentos e diálogos muito bem humorados numa dobradinha com sua filha na trama, Tatá.

De volta aos protagonistas agora. Imagine Eduardo Sterblitch interpretando um tipo engraçado. Comum, não é? Esse é o primeiro ponto positivo que vi na série. Nela, Edu interpreta um personagem de fala diferente e jeito exótico, mas não o leva ao escrachado. A habilidade do comediante como ator pode ser notada e diferenciada de outros trabalhos dele. Tatá, talvez o nome mais forte na Globo em se tratando de personagens de comédia exagerados, se prova engraçada mesmo estando contida. Sua personagem, que compartilha mais semelhanças com a persona pública já conhecida da comediante, é uma paródia pé no chão do tipo representado. Os dois tem uma química de comédia evidente e se encontram de forma nada forçada na trama. Certamente, uma dinâmica interessante de ver!

Imagem: Divulgação/Globoplay

Críticas e graças do gênero

Shippados segue, igualmente, um estilo que os americanos têm fetiche em fazer funcionar: a dramédia romântica. Entretanto, muitas vezes de forma frustrada. Diversas séries foram feitas pelos gringos seguindo esse estilo. Elas pecam, talvez, no ponto onde nossa versão dos trópicos tem seu maior acerto: o carisma dos personagens. Você pode forçar roteiro, publicidade, cenários e enredos grandiosos, mas é impossível forçar carisma. E isso não só os protagonistas, mas todo o elenco tem.

Assim, a simpatia quase automática que criamos com os personagens ajuda a série em sua missão: realizar a dramédia brasileira. O gênero, que consiste numa série de comédia sem medo de explorar suas histórias dramáticas, não é popular aqui no país e não existem grandes nomes de exemplo. Talvez, nem exemplo exista. Deste modo, ao nos deparar com dois rostos conhecidos atuando em sua área de destaque, fica muito mais fácil gostar e até torcer por eles.

Ademais, explorando não só os personagens, mas o mundo que os rodeia, a série bate muito na tecla de críticas sociais. Os personagens se conhecem depois de encontros frustrados pela internet e ambos mantêm relações tortas com o mundo virtual. Personagens como os de Lobianco e Falcão servem, nesse contexto, acredito eu, para criticar outras personalidades vistas na sociedade atualmente. Não tão estereotipados como Tatá e Edu, a youtuber cheia de conflitos jovens e o programador introspectivo. Mas com mais algumas camadas que devem se desenrolar ao longo dos episódios.

Novos caminhos da TV

Além disso, a série se junta a outros nomes como Assédio e Ilha de Ferro, da mesma produtora. Essas, trazem diferentes elementos para a mistura de referências que é o cenário brasileiro. A diversidade é sempre bem-vinda e, nessa caso, muito bem apreciada, trazendo uma variedade de estilos e de narrativas para todos os gostos.

Assim, com uma pegada meio vintage ou até indie, Shippados pode te fazer rir, mas também tem potencial de fazer você sentir. A série respeita o talento dos interpretes e o público, que pode ter uma experiência no mínimo interessante ao ligar a TV. Enfim, tem um estilo diferente explorando um gênero pouco comentando dentro da comédia e é uma dica divertida para uma maratona de fim de semana.

 

Sobre o autor
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Guilherme Bezerra

Pernambucano estudante de jornalismo. Apaixonado por séries desde sempre, aprendeu inglês maratonando How I Met Your Mother. Viajou por mundos e pelo tempo com o Doutor e nunca consegue dispensar uma maratona de Friends. Não vale esquecer a primeira maratona de séries com A Grande Família!

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