Crítica: “Sly” é uma luta pessoal de Stallone no ringue da Netflix
A vida de Sylvester Stallone é uma odisseia de altos e baixos. Parte de sua vida inspirou Sly, novo documentário da Netflix.
A saga de Sylvester Stallone, moldada pelo estilo de superação que tanto fascina Hollywood, é o coração pulsante do documentário “Sly”, um documentário original da Netflix.
Com uma jornada pessoal que espelha a do seu mais famoso personagem, Rocky Balboa, Stallone se apresenta como o arquétipo do “azarão” que, contra todas as expectativas, nocauteia a adversidade. Mas, diferentemente do roteiro de um filme, a realidade nem sempre segue um arco narrativo perfeito, e é nesse ponto que “Sly” hesita, flutuando entre a crueza dos fatos e o mito que o próprio protagonista deseja perpetuar.
Desde o seu início, Stallone teve que lutar contra a maré, relegado a papéis secundários que pouco faziam jus ao seu potencial. A recusa em aceitar o estigma de coadjuvante é o combustível que o impulsiona a escrever, produzir e estrelar “Rocky – Um Lutador“. Esta, uma aposta que catapultou sua carreira para o estrelato de maneira tão inesperada quanto o triunfo do seu personagem nos ringues.
O documentário acerta ao abordar essa simbiose entre vida e arte, destacando a incrível proeza de Stallone em liderar as bilheterias em seis décadas consecutivas. Um feito compartilhado apenas com Harrison Ford.
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Contudo, “Sly” não se desvia de seu protagonista para mergulhar nas águas turvas que o sucesso trouxe consigo. O peso da fama, a pressão por sucessos subsequentes, e o enfrentamento com falhas críticas são temas tocados superficialmente.
O documentário omite certos detalhes controversos e passagens desafiantes da vida do ator, como seus problemas legais e turbulências maritais. Quando aborda o aspecto familiar, há um brilho de vulnerabilidade genuína, mas ainda assim revestida por uma certa estética hollywoodiana. Como na reflexão sobre o tempo não dedicado à família ou a perda de seu filho, Sage.
Embora o documentário possa ser acusado de ser mais um veículo de glorificação do que uma exploração aprofundada, há algo inegavelmente cativante em ouvir Stallone.
A sua autoconsciência quanto às próprias limitações e a perspicácia em entender o que o público espera dele ressoam autenticidade. Especialmente quando revisita velhas entrevistas e reflete sobre o passado com uma franqueza rara.
As conversas, a voz grave e reconfortante de Stallone, tudo contribui para uma narrativa que, mesmo que controlada, é envolvente. O diretor Thom Zimny faz uma escolha sábia ao permitir que Sly conduza a história, mesmo que isso signifique uma perspectiva estreita e um pouco polida demais.
A produção navega por momentos diversos da carreira de Stallone, mas sempre com uma curiosa seleção do que mostrar. Dessa forma, ignorando completamente certos filmes e dando pouco espaço para a família, talvez uma escolha estratégica dada a existência de outro projeto sobre os Stallones no Paramount+.
“Sly” pode não ser o documentário definitivo, nem a última palavra sobre a vida de Sylvester Stallone. Mas, ao estilo dos filmes de Rocky, quando os créditos começam a subir, ficamos com aquela sensação de que ainda há mais rounds para ele lutar. E, quem sabe, uma continuação possa estar a caminho.