Crítica: Diane declara que guerra é guerra no 2×10 de The Good Fight
Review do décimo episódio da segunda temporada de The Good Fight, da CBS All Access, intitulado "Day 471".
Shots Fired!
Em dez episódios desta segunda temporada, The Good Fight sempre nos surpreendeu pelos motivos corretos. Seja pela suposta gravação da chuva dourada com Donald Trump, pelo estado melancólico dos programas de notícias da TV a cabo ou das áreas cinzentas no debate sobre assédio sexual. São assuntos importantes (menos a parte da urina), mas que ficam esquecidos num noticiário confuso em como cobrir as doideiras do presidente do país. A boa notícia é que o drama do casal King possui um compromisso importante com o telespectador em não usar artifícios antiquados para dar ritmo para sua história. Por isso não é nenhuma surpresa que Day 471 estourou a boca do balão mais uma vez, se é que você me permite o trocadilho.
Com Colin Sweeney (o sempre ótimo Dylan Baker) no meio de mais um divórcio complicado e esquisito, o escritório recebe uma proposta de fusão com ninguém menos que Solomon Waltzer (Alan Alda, em mais uma participação especial). A situação acaba saindo de controle, se é que um dia ele imperou, quando um dos sócios sênior é baleado. Com a campanha do Kill All The Laywers assombrando a Reddick, Boseman & Lockhart, os clientes estão abandonando a firma e buscando novos escritórios. É aí que Diane decide tomar controle da situação e declarar que guerra é guerra. Vale lembrar que a tão aguardada participação de Mike Colter como Lemond Bishop também acontece no meio de toda essa bagunça.
Cidadãos de Bem…
Antes de mais nada é importante lembrar que este que vos escreve não vai revelar o nome da pessoa baleada. É um spoiler grandioso que não será revelado neste texto, por isso se espera alguma novidade é melhor ler o texto flácido da concorrência. Dito isso, lembro o leitor que um dos temas de Day 471 é a confidencialidade entre cliente e advogado, curiosamente um dos temas do momento no noticiário americano. Como The Good Fight não está aqui para defender o presidente, muito pelo contrário aliás, a discussão que o roteiro propõe é de suma importância. Num momento que se busca condenação a qualquer custo, a preservação de tais direitos são fundamentais para que haja separação entre as leis e justiça feita com as próprias mãos.
Exatamente por isso que as participações de Lemond Bishop e Colin Sweeney são pontuais. Duas figuras extremamente controvérsias, mas que têm direitos como qualquer outro “cidadão de bem”. Por mais que a polícia acredite que eles são culpados por crimes de violência doméstica, homicídio e tráfico de drogas, a constituição lhes garante o devido processo legal. O interessante é que durante o desenvolvimento dessa narrativa, Diane se mostrou como a voz da razão. A personificação entre aquilo que nos separa entre a aparente estabilidade e o caos: as leis. É ela que está lá para defender as garantias constitucionais dos seus clientes controversos enquanto a polícia tenta abusar seu poder. Pode parecer um exercício de imaginação enorme, mas estamos aqui para isso mesmo.
Fantasia? Onde?
Sabe outra situação que pode parecer fantasiosa? A candidatura de Colin. Nesse episódio vimos o partido democrata dar-lhe de bandeja a nomeação para concorrer no primeiro distrito de Illinois. Embora ainda tenha que passar por uma eleição em novembro contra um neonazista, o partido controla a área há décadas. Num dos diálogos o chefe estadual do partido, que carrega uma similaridade impressionante com o chefe da vida real, alerta que os tempos são imprevisíveis. Ele tem razão. Mesmo que pareça improvável que Dan Lipinski vá perder para Arthur Jones em novembro. A ficção pode, e deve, chocar sempre quando possível.
Com as participações especiais brilhando nas narrativas paralelas, fico feliz que tenhamos dado uma pausa em política. Embora este que vos escreva respire o tema diariamente é sempre bom destacar o que importa. Assédio, brutalidade policial, racismo, misoginia e antissemitismo. Temas que deveriam estar nos jornais todos os dias, mas que são esquecidas em virtude do som ao redor. Ainda temos três episódios pela frente, mas The Good Fight é um tesouro que devemos preservar. Não são todos os dias que temos um drama tão atual para assistir.
Prontos para as aulas de defesa pessoal? Mal posso esperar ver Diane tendo tais aulas. Até a próxima semana!
https://www.youtube.com/watch?v=kFeKaW8w_60