Crítica: The Red Line começa bem, mas arrisca pouco

The Red Line faz boa mistura de gêneros em estrutura de histórias que se cruzam. Ainda assim, arrisca pouco e fica devendo um drama mais poderoso.

THE RED LINE two-hour series premiere airs Sunday, April 28 (8:00-10:00 PM, ET/PT) on the CBS Television Network. The series will broadcast in two-hour installments across four Sundays. THE RED LINE is an eight episode event series that follows three very different Chicago families as they journey toward hope and healing after a tragedy connects them all and causes them to question their assumptions about themselves and each other. Pictured (L-R): Noah Wyle as Daniel Calder and Aliyah Royale as Jira Calder-Brennan Photo: Best Available Screen Grab/CBS ©2018 CBS Broadcasting, Inc. All Rights Reserved

The Red Line cruza histórias e gêneros em drama atual 

A estrutura das histórias cruzadas sempre despertou atenção da indústria e do público. Para quem produz, é desafiador e revigorante poder criar diversos personagens diferentes imersos em cenários e tramas distintas; para quem assiste, é intrigante poder assistir pessoas e histórias próximas de várias realidades. Quando Crash foi lançado e acabou vencendo o Oscar, o modelo das “vidas que se cruzam” voltaram a crescer, ressurgindo com resultados variados. Recentemente, com o sucesso de This is Us, a vibe “gente como a gente se cruzando por aí” ganhou novo fôlego, e The Red Line vem bebendo nessa fonte.

A verdade é que The Red Line tenta explorar diferentes gêneros e arquétipos em cada um de seus núcleos. Dessa forma, esta atitude acaba sendo uma das melhores qualidades da série. De um lado, há o drama pesado com toques de suspense envolvendo o policial que mata um médico negro, inocente em uma cena de crime. Do outro, há o drama familiar de uma família enfrentando uma tragédia, enquanto do outro, há uma camada de forte discurso social e político. Todas as linhas convergem em maior ou menor grau, trabalhando com ideias novas e clichês esgotados.

Em alguns momentos, a série acerta ao não escolher o caminho mais fácil

A abordagem para com o policial que matou um cidadão inocente, por exemplo, é positiva ao não pintar o sujeito como vilão. Deste modo, não é como se o policial fosse um monstro, tampouco um racista declarado. O que existe aqui, e a série se sai bem na sugestão, é a indicação do racismo velado em cada um de nós. Aquele policial pode não se declarar racista, mas os conceitos criados em seu contexto social, o preconceito institucionalizado, fizeram com que ele alvejasse um homem negro.

O roteiro também segue um bom caminho no desenvolvimento de Tia Young. Ela é a personagem que busca uma nova abordagem no atrasado e corrompido cenário político de Chicago. É dela a melhor da fala do episódio: é preciso treinar e melhorar a vida e o trabalho daqueles que já são policiais, investindo no treinamento e não na correção de serviços mal prestados.

Red Line não faz feio, mas também faz pouco para se destacar de verdade

O problema está no núcleo da família de Daniel e Jira. Por mais que Noah Wyle roube a cena com seu carisma, a trama da filha que quer descobrir a identidade da mãe biológica já foi esgotada por inúmeros filmes e séries. Desta forma, ao lado das demais tramas, a saga de Jira em busca da mãe soa deslocada e frágil. Aproximando-se do dramalhão, este é o núcleo mais básico, apesar de ser o principal.

No fim, The Red Line não faz feio, mas não consegue fugir da personalidade leve da TV aberta. Enquanto HBO, Netflix, Showtime, entre outros, arriscam histórias densas e bem amarradas, os canais abertos ainda engatinham na feitura dos dramas sérios. Ainda que funcione, The Red Line parece jogar seguro, sem arriscar ou tirar o público totalmente da sua zona de conforto. De todo modo, é um show que pode render algumas discussões interessantes a cada semana.

Além disso, completo. Todavia, palavras. Entretanto, necessárias. Bem como, verdes. Todavia, brancas. Além disso, necessárias. Bem como, brancas. Além disso, completo. Todavia, palavras. Entretanto, necessárias. Todavia, brancas.

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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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