Crítica: Um Dia, série da Netflix, desafia expectativas e é apaixonante
Crítica sem spoilers da série Um Dia, nova produção da Netflix, baseada no livro de mesmo nome. Afinal, vale a pena assistir?
“Um Dia”, a nova série limitada da Netflix, desafia expectativas ao transformar uma premissa que poderia facilmente cair no clichê – o rico menino do sul se encanta pela trabalhadora menina do norte ao longo de duas décadas – em uma narrativa cativante e profundamente tocante.
Ambientada desde a formatura dos personagens Dexter Mayhew (Leo Woodall) e Emma Morley (Ambika Mod) na universidade de Edimburgo em 1988, a série se desenrola ao longo de 20 anos, com cada episódio dedicado a um único dia, 15 de julho, o Dia de São Swithin, oferecendo uma perspectiva única sobre a poesia do cotidiano e o poder da nostalgia.
A adaptação, liderada por Nicole Taylor (Wild Rose) e produzida executivamente por David Nicholls, autor do romance homônimo, brilha ao capturar momentos aparentemente triviais que compõem a essência da vida. Desde os encontros desajeitados até as conversas íntimas em um morro ao pôr do sol, “Um Dia” mergulha nos detalhes que definem a relação entre Em e Dex, tornando cada episódio uma obra de arte em miniatura, repleta de emoção e memórias palpáveis.
A série não se esquiva de explorar temas complexos como privilégio, classe e raça. E não só isso, abordando-os de maneira sutil, mas poderosa, através das interações e desenvolvimento dos personagens.
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O carisma e a vulnerabilidade de Woodall como Dex, junto à atuação reveladora de Mod como Em, criam uma dinâmica convincente e crível, fazendo com que o público se apaixone por eles apesar de suas imperfeições e diferenças.
A ambientação, o elenco de apoio excepcional, os detalhes de época meticulosamente recriados e uma trilha sonora impecável contribuem para a imersão na história. O que contribuem para evocar uma forte sensação de nostalgia e conexão emocional. “Um Dia” se destaca por oferecer uma experiência rica e multifacetada que vai além do romance convencional, tocando em aspectos universais da experiência humana.
No entanto, a série também enfrenta desafios ao retratar a relação inter-racial entre Em e Dex. Especialmente considerando as dinâmicas de raça e classe da época. Inicialmente, a escolha de Mod para interpretar Emma pode parecer uma desconexão com a realidade dos anos 80 e 90. Mas à medida que a história se desenrola, a narrativa conquista o público. Transcendendo essas barreiras e enfocando na conexão genuína construída através do tempo, do humor e das referências culturais compartilhadas.
“Um Dia” é, portanto, uma celebração do amor, da amizade e da vida em si. Apresentando uma história que, apesar de suas peculiaridades, ressoa profundamente com a audiência, lembrando-nos de que, no final das contas, “Onde podemos viver, senão nos dias?”.
A série é um convite para refletir sobre a beleza e a complexidade das relações humanas. E sobre como, mesmo nas circunstâncias mais improváveis, conexões significativas podem florescer e perdurar ao longo do tempo.
Nota: 5.0/5