Crítica: Um Homem da Flórida é uma série ruim, mas boa
Crítica sem spoilers destaca a trama confusa de Um Homem da Flórida, mas série não é chata e vale a maratona.
Um Homem da Flórida é o tipo de série que tinha tudo para passar despercebida na Netflix. Ela não ganhou destaque nas indicações do mês e sequer teve uma grande expectativa nas redes sociais. Se não fosse pela sua estrela principal, Edgar Ramirez, ela passaria como uma atração “zero à esquerda” que chega e vai embora da plataforma sem deixar sua marca.
Eis que então a série estreou, e dois dias depois ela figurou no Top 10 da plataforma. Atualmente no Brasil, enquanto a redação dessa crítica é feita, ela perde apenas para o fenômeno O Agente Noturno e para a nova sensação ruim da Netflix, Desejo Obsessivo.
Então, entre um Top 10 com séries boas e ruins, Um Homem da Flórida luta pelo seu lugar. E a sensação é exatamente essa: ela não é uma série tão boa, mas também ela não é tão ruim assim.
História de Um Homem da Flórida prende… mas ela é um tanto confusa
Resumindo a premissa da série, Um Homem da Flórida segue Mike Valentine (personagem de Ramirez), um ex-policial e viciado em jogos de azar que acaba trabalhando para um bandido. Afinal, ele tem uma dívida para pagar, e nada melhor do que recorrer a um gângster com dinheiro para salvar sua pele.
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Nesse cenário, ele acaba sendo forçado a ir para sua terra natal, a Flórida, tudo para resgatar a namorada de seu chefe, Delly, que fugiu sem dar satisfação. Acontece que Mike está tendo um caso com Delly, então tudo fica muito pessoal.
Só que, ao chegar lá, ele encontra Delly em uma situação inusitada, jogando-o em um mistério envolvendo um tesouro escondido. Então, Mike, Delly e alguns outros personagens (incluindo os familiares de Mike) se veem presos a essa trama, em um caça-tesouros maluco repleto de ação, cenas de humor e drama.
E aqui batemos no principal problema de Um Homem da Flórida: só pela sinopse confusa, já dá para perceber que ela é um tipo de série que não sabe o que quer ser. A prova disso é que é bem difícil explicar a trama da série, ou que gênero ela se encaixa. Por vezes uma comédia familiar, por vezes uma série de ação de mafiosos.
Outra, um drama intenso que quer fazer o público chorar – embora falhe. Assim, ela nunca tem tempo para se concentrar verdadeiramente em uma trama, a ponto de desenvolve-la por inteiro. O resultado é: muitas histórias são jogadas na trama de Um Homem da Flórida, e nem todas ganham uma abordagem ou um final satisfatório.
No entanto, série ainda consegue prender o espectador de forma interessante
De alguma forma, Um Homem da Flórida prende. E talvez seja esse seu ponto positivo. Enquanto muitas séries da Netflix são ruins, a ponto de fazer com que o espectador a abandone, Um Homem da Flórida se esforça. Mesmo com uma trama confusa e cheia de tramas inacabadas, algo faz com que o espectador volte para mais.
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Talvez, a simpatia de Edgar Ramirez, que em alguns momentos transita no humor, e outras no drama pesado. E aqui precisamos reforçar que a série aborda temas pesados como luto, vício, entre outros.
Mas o timing de Ramirez é perfeito, e ele é hilário quando precisa ser, assim como também é um excelente ator quando o roteiro bagunçado lhe exige cenas dramáticas. A capacidade de Ramirez de fazer uma transição perfeita entre drama e comédia ajuda a tornar as mudanças de tom um pouco mais suaves em Um Homem da Flórida, o que talvez compense se manter assistindo.
Outro ponto é que a série tem coadjuvantes que agradam, como o xerife Ketcher de Clark Gregg, que embora tenha uma trama bastante isolada dos principais, consegue um arco completo satisfatório que arranca alguns sorrisos do público.
Mesmo diante de uma insensibilidade com a Flórida, afinal a série coloca todos do local como “bandidos”, “armados”, ela exagera de uma forma que consegue tirar uma sátira da abordagem. Quase como se ela tivesse rindo de si mesma.
Então, mesmo que a série seja carregada e confusa, no fim ela também é divertida. É algo como um passatempo, para se deixar ligado na TV, enquanto você faz uma faxina em casa.
Um Homem da Flórida não é chata, e isso já é o suficiente
Ser uma série confusa ou bagunçada não a qualifica diretamente como uma série ruim. Bem, certamente algumas pessoas acharão Um Homem da Flórida ruim. Mas, ao mesmo tempo, ela passa longe de ser chata.
Talvez por ser caótica e imprevisível, ela tenha um ponto a seu favor, que vale a maratona até o final, pois existem surpresas e reviravoltas, que nem o mais espectador atento prevê.
Ela não é uma obra prima, nem a série mais consagrada da Netflix. Só que, diante de tantas produções ruins que geram buzz, Um Homem da Flórida tem um elenco interessante, reviravoltas necessárias e um entretenimento gratificante para aqueles que não levarem ela a sério. Ou seja, no fim, vale a maratona.
Todos os episódios de Um Homem da Flórida estão disponíveis na Netflix.
Nota: 3/5