Crítica: Wanderlust, série da Netflix, aborda casamento aberto com ótimo texto

Confira crítica da série Wanderlust, da BBC, e distribuída pela Netflix no Brasil.

Imagem: Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Wanderlust questiona os prós e contras de uma relação aberta

Wanderlust, nova série da Netflix, chega questionando uma polêmica. Imagine que você vá sempre ao mesmo restaurante, saboreando sempre o mesmo tipo de comida. E se, de repente, você descobrisse um novo restaurante e quisesse provar o jantar de lá, mas sabendo que poderá ir ao restaurante antigo sempre que quiser. É mais ou menos essa a ideia lançada pelos personagens, ao querer abordar a metodologia de um casamento aberto.

Toni Collette (United States of Tara) vive uma terapeuta em Wanderlust – Navegar é Preciso, que se vê no exato dilema. Seu casamento está morno, após vinte anos “dormindo na mesma cama juntos”. O sexo já não é mais lá essas coisas, e apesar da amizade ela vê que falta algo a mais. A partir dessa perspectiva, o marido acaba se vendo na mesma situação e é quando eles acordam em sair com outras pessoas.

A princípio, pensei que se trataria de uma série boba, que abordasse a poligamia de forma barata. Entretanto, após assistir aos seis episódios da série, me peguei surpreso com a imensa qualidade de seu texto.

Da visão de Joy (Collette), parte a maioria das tramas. Ela é o grande motor central da série. É interessante ver como que ela lida com a possibilidade de sair com outras pessoas, e como isso acaba refletindo no casamento em si. A série se permite jogar com os personagens, a ponto de fazer o espectador acreditar que a permissão para o sexo com outras pessoas poderia ser mesmo a salvação deste casamento. Mas a coisa acaba ficando mais complicada, a medida que a trama se aprofunda.

Relações não são fáceis…

Tudo funciona de forma bem rápida no texto de Wanderlust, a ponto de um episódio de 55 minutos passar voando. E tal texto permite que a série dê uma guinada na metade do caminho, quando o público começa a perceber que essa é uma história que vai bem além do relacionamento aberto.

O núcleo que Joy realiza com seus pacientes e, ao mesmo tempo, com sua terapeuta, chamam a atenção. Além disso, quando ela começa revisitar o passado, percebe que há outros problemas bem além daquilo que ela havia enxergado dentro de seu casamento. Assim, tudo que ela havia projetado vem por água abaixo.

Joy e seu marido Alan (Steven Mackintosh). Imagem: BBC/Divulgação

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Embora essas histórias fiquem de escanteio no início, é incrível como elas tomam força da trama a partir de certo ponto. Dessa forma, você acaba nem lembrando que a premissa inicial foi sobre como ter um relacionamento aberto. Acontece que a história se propõem a discutir que às vezes o problema não é aquele que achamos ser. No caso de Joy, abrir o relacionamento não era a chave para a felicidade do seu casamento, mas foi o ponta pé para ela voltar ao passado e ver como uma série de problemas que ela vivenciou acabou influenciando, de certa forma, as suas atitudes com o marido.

Além disso, é curioso ver uma terapeuta tratando de recuperação de casamento com seus pacientes, enquanto ela mesmo vivenciava um conflito dentro da própria casa. Incrível ver também que ela não projetava isso em seus pacientes, conseguindo separar uma coisa da outra. Mas, também, se mostrando frágil diante de algumas situações complicadas que a série propõe.

Wanderlust ousa ao contar história

O quinto episódio é, talvez, um dos mais incríveis da TV neste ano. Ele se passa em apenas um ambiente, por 55 minutos. Dentro de uma sessão de terapia de Joy, o texto permite que Toni Collette demonstre todo o seu talento como atriz. É nele que grande parte dos problemas que a personagem carregava para si, desde o início, são desconstruídos e trabalhados.

Uma aula de como fazer um texto que não soa cansativo e, ao mesmo tempo, interessante para o espectador. Uma ótima sacada dos roteiristas que entregam um produto que chega a soar impecável.

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Colletti, em cena de Wanderlust. Imagem: BBC/Divulgação

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Ainda não ficamos presos apenas às histórias do casal protagonista – e de suas andanças sexuais fora do casamento. A vida de um dos pacientes de Joy acaba atingindo um nível pessoal surpreendente. E, além disso, a série também se permite tratar do despertar do amor e sexo através das histórias dos filhos de Joy – e todas funcionando de forma incrível, diga-se de passagem.

A trama deve parar com apenas esta temporada, de forma justa. Afinal, a conclusão é clara, objetiva e centrada – assim como um todo representado pela série. Wanderlust impacta e faz você rever alguns conceitos. Uma excelente maratona para o final de semana, e um título mais do que indicado pelo Mix de Séries. Vale a pena conferir!

Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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