Crítica: Watchmen encerra primeira temporada intrigante, mas imperfeita

Primeira temporada de Watchmen chega ao fim em um misto de ideias geniais e outras mal desenvolvidas. Resultado é positivo, mas fica aquém das expectativas.

Watchmen critica da primeira temporada
Imagem: HBO/Divulgação

A adaptação valeu a pena?

Watchmen encerrou sua temporada na TV, sob a tutela de um roteirista icônico e instável!

Depois de receber as mais duras críticas pelo incompreendido final de Lost, Damon Lindelof reencontrou o caminho dos tijolos amarelos. De lá pra cá, tirando alguns tropeços no cinema, Lindelof ganhou o respeito geral do público e da crítica da TV. Com The Leftovers, da HBO, o roteirista adentrou o panteão dos grandes showrunners. Basta espiar as listas de melhores séries do ano e perceber que Leftovers está em praticamente todas. Isto porque Lindelof teve tempo e liberdade criativa para trabalhar.

Enquanto o sujeito tinha de criar, anualmente, mais de vinte capítulos por cada temporada de Lost, na HBO ele teve, no mínimo, dois anos para desenvolver cada arco. Foram três temporadas que, no total, não somam três dezenas. O resultado foi um roteiro afinadíssimo, com visual impecável e elenco em total sintonia. O respeito e confiança adquiridos garantiram um dos mais ambiciosos projetos da TV recente: uma continuação de Watchmen

Muitos torceram o nariz: Watchmen é quase intocável; o filme de Zack Snyder é extremamente fiel e efetivo, Lindelof ainda tinha o final de Lost no currículo. Nove episódios depois e o resultado final segue torcendo narizes. Algumas críticas são válidas, outras apenas escancaram a estupidez de algumas pessoas.

Releitura interessante

Lindelof e sua equipe acertam na releitura inteligente que fazem de uma obra icônica. É nas brechas e ideias pouco exploradas pelas HQ que o roteiro encontra um respiro excitante. Watchmen, a série, é um híbrido de continuação e releitura de temas semelhantes, mas adaptados à realidade atual. A vilã, que se revela no final, não é bem vilã. Os planos “maléficos” não são tão maus assim. Ao destrinchar esse novo olhar, ancorado em novos personagens, a história caminha e torna-se gratificante.

É ao brincar com os personagens clássicos, contudo, que o caldo entorna de leve. Com tamanha mina de ouro nas mãos, é possível que Lindelof não tenha conseguido trabalhar com personagens tão grandes. Adrian Veidt, por exemplo, gira em torno de uma subtrama que parece nunca avançar. O roteiro parece perceber sua importância apenas na última hora, quando já é tarde para qualquer desenvolvimento mais apropriado. A reviravolta envolvendo sua filha, por exemplo, poderia ser explorada antes. Sua chegada à Terra também poderia ter acontecido antes, deixando espaço para vermos os reflexos de sua chegada ao nosso planeta.

Estas oportunidades, contudo, jamais são exploradas. Laurie, por exemplo, é outro personagem clássico que ameaça um desenvolvimento que nunca chega. O mesmo serve para a Sétima Kavalaria, cuja ameaça nunca se torna palpável. Lindelof afirma que não deseja retornar para uma eventual segunda temporada, mas é inegável que o roteiro tenta inserir três temporadas em apenas uma. São tantas informações, nomes e ideias interessantes que nenhuma é desenrolada apropriadamente.

Ainda assim, no fim, o resultado é positivo. Tanto o material quanto o criador tinham qualidades de sobra para uma produção inesquecível. Acaba sendo um projeto admirável, mas não livre de falhas. A qualidade técnica e o comentários social, entretanto, estão impecáveis!

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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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