Crítica: Yankee, nova série mexicana da Netflix, é intrigante… mas cansativa

Crítica da primeira temporada de Yankee, série mexicana da Netflix.

Yankee é o mais novo investimento da Netflix na América Latina

A Netflix está investindo com força em produções latino-americanas, e Yankee é o mais novo título da plataforma. Seguindo uma safra interessante de produções como Clube de Cuervos e A Casa das Flores, a Netflix não tem medo de investir em atrações para todos os públicos. Yankee entra nesse grupo e mostra-se intrigante à primeira vista. Entretanto, acaba perdendo o fôlego rapidamente, tornando-se uma série extremamente cansativa.

Ação para todo o lado

Yankee conta história de Malcolm Moriarty, interpretado pelo ator Pablo Lyle –  rapaz que inclusive tem uma presença de cena incrível. O personagem é um empreendedor de sucesso no Arizona, com esposa e filhos. Mas, seu sucesso não vem apenas da vendas de casas milionárias. Moriarty é um traficante, envolvido com esquemas perigosos até o pescoço.

O primeiro episódio falha um pouco ao contar sua origem, se preocupando mais em colocar o público direto na ação. Logo depois de se envolver em uma briga com alguns motoqueiros, que serviam aos seus clientes, Moriaty se vê marcado pela polícia. Para completar, acaba atacando um oficial que descobre o seu esquema, bem na porta de sua casa. A solução? Fugir. Porém, essa fuga vai além do que ele imaginava, quando a única saída possível encontrada por ele é atravessar a fronteira dos Estados Unidos com o México. Obviamente, isso não poderia resultar em coisas boas.

Chegando lá, porém, ele acaba tendo uma oportunidade de ouro. Ao ver que as falhas dos esquemas de mulas, que levam drogas do México para os Estados Unidos, o protagonista se vê de frente para uma mina de ouro. E, ao invés de ser morto por um quartel que o pega, acaba se tornando seu parceiro. Assim, com seus conhecimentos tecnológicos e agilidade, o ianque acaba perseguindo uma vida de luxo e riqueza no México, tendo contato com os grandes traficantes locais, que o fazem enriquecer rapidamente. O que ele não esperava é que fosse deparar com muitos empecilhos na sua ascensão, e que a todo instante alguém querendo tirar sua vida iria aparecer. Claro, essa trama promete empolgar qualquer fã do gênero de ação/policial. Entretanto, Yankee acaba falhando na missão.

Clichê convence… mas cansa!

Yankee não é uma produção ruim, longe disso. Entretanto, sofre de um problema que muitas produções da Netflix sofrem: a má condução. Assim, em pouquíssimo tempo, a série começa a cansar. E quando você pensa que algo está fluindo… apenas acaba convergindo para mais tramas cansativas.

A série bebe de fontes que a própria Netflix já apresentou. Com Narcos e Narcos: México, por exemplo, a questão de quartéis de droga, tráfico, brigas de facções, entre outras questões, funcionam. Yankee tenta, mas infelizmente acaba não aprofundando suas questões. No fim, ela apresenta boas cenas de ações, mas que no fundo não significam muita coisa, quando você não tem um envolvimento emocional muito grande com os personagens.

O protagonista, vivido por Pablo Lyle, convence. Mas quando o personagem não está fazendo carão, mexendo no cabelo ou aparecendo pelado em cena, está mais preocupado em bater do que compreender a situação. O personagem tem uma excelente arma nas mãos, que é a sua inteligência. Mas, usa contra a si, quando encontra dificuldades em sair de situações extremamente previsíveis.

Personagem principal, Malcolm Moriarty tem potencial mas patina em história fraca. Imagem: Netflix/Divulgação

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Vale ressaltar, ainda, que a primeira temporada da série possui 25 episódios. Sim, 25. Isso vai contra a qualquer concepção que a Netflix criou para maratonar suas produções. No nosso caso, a série ficou cansativa logo de cara. E ainda, tendo que encarar 25 capítulos, tudo se torna massivo. O fato dela ser bem grande encontra apenas dois destinos: ou ela vai fisgar o público que gosta de muitos episódios, ou vai morrer na praia daqueles que não aguentam ver mais do que dez capítulos de atração. Isso, sem dúvidas, é um tiro no escuro.

Apenas mais uma história sobre drogas

Eu começo a pensar que os executivos da Netflix devem ter sido traficantes de drogas em outras vidas. Porque é quase sempre esse o tema de muitas de suas atrações. Quando não fala sobre quartéis, ela fala sobre cruzar a fronteira. Ou se não, lança uma série sobre como vender drogas on-line. Sem falar nos documentários que abordam excessivamente… drogas.

O tema acabou virando recorrente na plataforma, contribuindo para que Yankee seja qualificada como aquela série “mais do mesmo”. No final do dia, a atração não tem relevância nenhuma em sua vida, e se torna esquecível no instante em que você termina um episódio. Infelizmente, como dito, a má execução dela estraga tudo. Tendo um potencial nas mãos, com boa premissa e protagonista, o modo como os episódios são apresentados se mostram arrastados.

Acho difícil o público se manter fiel ao longo de 25 capítulos, e creio que em breve ela terá visto que foi um erro achar que a série conquistaria um apelo muito grande, a ponto de manter um espectador maratonando tantas horas com uma série só.

No fim, Yankee se torna um desperdício de tempo. Assim, ao invés de maratonar uma trama arrastada, você poderia ter se dedicado a duas atrações, e ainda começado uma terceira. Quem sabe na próxima vez a Netflix pense também que uma boa execução às vezes é tão importante quanto uma boa história?

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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