Delete: o significado por trás do telefone na série da Netflix

É comum entendermos que a arte – incluindo o cinema e as séries – reflete a cultura e a sociedade. Mas o gênero do terror, sem dúvidas, carrega uma grande representação do que a sociedade é e do que acontece nela. Delete, nova série da Netflix, é um destes exemplos.

Ao longo dos anos, vimos como o gênero se adapta com o tempo e traz à tona novos medos mais relevantes para a nova geração. Embora Delete não seja um drama de TV tradicional de “terror”, tem uma forma e narrativa muito semelhante ao gênero. Há também um conceito, por trás do tal telefone, que é bastante horripilante.

Delete, de certa forma, tem uma semelhança com a era da tecnofobia japonesa, que aconteceu no início dos anos 2000. E foi justamente essa onda que deu início a uma nova leva do cinema de terror, incluindo clássicos como Pulse e Ringu, que conquistaram o mundo inteiro.

Esses filmes falaram sobre o medo das pessoas que temiam que a internet pudesse custar-lhes seus empregos. Da mesma forma, pouco tempo depois, tivemos o filme tailandês Shutter em 2004, que usou a lente da câmera para nos mostrar nossos segredos mais sombrios.

Delete segue o mesmo caminho. Porque a série da Netflix está tentando mostrar como as pessoas se valorizam no mundo de hoje.

Você seria capaz de deletar uma pessoa?

Se alguém for capaz de eliminar uma pessoa da existência com apenas um clique, quão fácil seria se livrar de todos os nossos problemas?

Passamos inúmeras horas em nossos telefones, substituindo memórias por fotografias, porque estamos muito ocupados tentando lembrar o presente em vez de vivê-lo. Excluir, portanto, facilita bastante a fuga de seus problemas, porque você pode excluí-los com apenas uma foto.

Na série, há uma culpa em Aim, que deleta a própria namorada quando ela descobre que ele a está traindo e ameaça liberar uma fita dele e de Lilly para a imprensa. Em vez de resolver o problema como adultos e lidar com a culpa pela traição, eles decidem deletar seus respectivos parceiros e seguir em frente com suas próprias vidas. É simples assim. Só que não é!

O simbolismo por trás do telefone de Delete

O que é interessante sobre a câmera deste telefone é que ela não faz mais nada, exceto remover pessoas do mundo e não permite que ninguém se exclua.

A primeira coisa que June faz quando rouba o telefone de Lilly é tentar tirar uma selfie, mas nada acontece com ela e o telefone também não clica em uma imagem. Mais tarde, ela clica na foto de um gato e ele desaparece da existência.

Com cada um dos personagens que usam o telefone, eles imediatamente descobrem para quem querem usá-lo, em vez de se preocupar para onde a pessoa desaparece.

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Certamente, eles não acreditam que mataram uma pessoa? Porém, o mais interessante é que, quando o fotógrafo clica, a pessoa que ele fotografou é enviada de volta ao mundo real, o que significa que ela não morreu; eles apenas foram levados para uma dimensão diferente ou assim podemos presumir.

Segundas chances? Limpando uma consciência culpada? Ou criando um círculo vicioso? Existe uma possibilidade infinita por trás do funcionamento deste telefone.

Vemos Aim como a pessoa mais culpada de toda a série. Mas descobrimos que Aim também é um grande mentiroso porque o livro que ele escreveu, que o tornou o homem que é hoje, é uma grande mentira. Aim pode não ser uma pessoa terrível; ele tem pavor da opinião das pessoas, então ele faz as coisas que faz. Essa é a razão do livro e da exclusão de Orn.

Mais tarde, ele visita a mãe dela e paga seus tratamentos. Ele também começa a beber muito, mas também pode ser porque Lilly escolhe Too em vez dele.

Um policial está tão determinado a salvar sua filha e esconder seu segredo que fará qualquer coisa, até mesmo matar pessoas. Mas ele nunca está disposto a ouvi-la quando ela diz que não quer mais “aqui”. A criança nunca quis fazer mal com a câmera e apenas tentou aliviar a dor de quem no hospital a pedia.

Quando sua amiga com câncer lhe deu um motivo para excluí-la, ela recusou, e foi aí que as coisas mudaram para ela. Ela também estava sobrecarregada pela culpa de excluir seu amigo e todas aquelas pessoas, e decidiu que não havia mais razão para estar neste mundo sem eles.

Final da série também traz lições

Não há maldição ou qualquer tipo de espírito ligado a essa tecnologia de Delete. Isso porque, no cenário atual, faria mais sentido que fosse um dispositivo de Inteligência Artificial que nos ensinasse lições de vida, permitindo que apagássemos uns aos outros por diversão e jogos!

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No final, Aim é excluído por Too, o marido de Lilly, porque ele não suporta a ideia de viver com a culpa de arruinar a vida de Orn, a vida de Lilly, e o fato de que toda a sua vida dependeu de uma mentira muito grande.

Ele conta ao mundo sua verdade e desaparece. O que pode ser apreciado é que todos os personagens são falhos, e nós, como espectadores, recebemos uma perspectiva de Deus sobre todos os personagens que continuam cometendo erros após erros. Ou seja, ninguém é perfeito. Todos são antipáticos e, portanto, todos são culpados. Mas não o telefone.

No final de Delete, Too apaga algumas mulheres mortas que têm algo a ver com seu pai. Ele pode ter matado essas mulheres ou feito pior, e Too tem a responsabilidade de salvar a fazenda e seu pai de ficar com uma má fama.

É possível que os dois tenham feito algo juntos, mas pela forma como Too explica ao pai, parece que este é o culpado. De qualquer forma, Too é definitivamente um cúmplice, pois sabe da escritura e “cuida” dos corpos.

Agora a questão é: e se o telefone de alguma forma trouxesse essas mulheres de volta à vida? Ou talvez os espíritos estejam presos ao telefone e, até que sejam libertados, as coisas não ficarão bem para Too e Lilly.

Há muitas direções que a série pode seguir, o que contribui para uma ótima base. Em última análise, funciona porque reflete a natureza humana e a necessidade de controle para enfrentar algo de frente.

Delete está disponível na Netflix.

Anderson Narciso

Editor-chefe

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014. Autor na internet desde 2011, passou pelos portais Tele Séries e Box de Séries, antes de criar o Mix. Formado em História pela UFJF e Mestre em História da Saúde pela Fiocruz/RJ, Anderson Narciso se aventurou no mundo da criação de conteúdo para Internet há 15 anos, onde passou a estudar sobre Google, SEO e outras técnicas de produção para web. É também certificado em Gestão Completa de Redes Sociais pela E-Dialog Comunicação Digital, além de estudar a prática de Growth Hack desde 2018, em que é certificado. Com o crescimento do site, e sua parceria com o portal UOL, passou a atuar na cobertura jornalística, realizando entrevistas nacionais e internacionais, cobertura de eventos para as redes sociais do Mix de Séries, entre outros. Atua como repórter no Rio de Janeiro e São Paulo, e pelo Mix já cobriu eventos como CCXP, Rock in Rio, além de ser convidados para coberturas e entrevistas presenciais nos Estúdios Globo, Netflix, Prime Vídeo, entre outros. No Mix de Séries, com experiência de dez anos, se especializou no nicho de séries e filmes. Hoje, como editor chefe, é o responsável por eleger as pautas diárias do portal, escolhendo os temas mais relevantes que ganham destaque tanto nas notícias quanto nas matérias especiais e críticas. Também atua como mediador entre a equipe, que está espalhada por todo o Brasil. Atuante no portal Mix de Séries diariamente, também atende trabalhos solicitados envolvendo crescimento de redes sociais, produção de textos para internet e web writing voltado para todos os nichos.

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