Excuse Me, I Love You mostra a divertida Ariana Grande na Netflix

Ariana Grande chega à Netflix em grande estilo com show documental que nos apresenta tour, em Londres e aos bastidores do grande evento.

Imagem: Divulgação/Netflix

Show documental de Ariana Grande também é importante para refletir sobre o mundo pop atual e o percurso da cantora até aqui

O pop se movimenta, novas figuras surgem e aos poucos conhecemos outras perspectivas – por isso, temos o documental de Ariana Grande, Excuse Me, I Love You na Netflix.

O produto reúne alguns elementos dos bastidores e da vida da cantora, ao passo em que também exibe a performance da Sweetener World Tour, em Londres. Com a chegada dessas luzes sobre Ariana, podemos também, além de analisar o conteúdo do seu filme, refletir sobre o que esperamos dela. E por que não de outras artistas?

Um caminho da indústria musical

A indústria musical dos Estados Unidos é cercada de problemas e cobranças. Tanto pelas razões financeiras que constantemente modificam o cenário fonográfico atual, quanto pela necessidade de atender às demandas de um público cada vez mais crítico e ávido pela reinvenção.

Ao longo do tempo, chegou ao crivo popular que essas exigências guardavam, nitidamente, uma imposição de raça. Bem como gênero e etarismo. Isso aconteceu na medida em que as mulheres, sobretudo negras, constataram certa dificuldade em chegar ou se manter na indústria por muito tempo.

Tal contexto se apresenta diante de uma estrutura que se construiu regida por preconceitos, o que respinga nesse universo musical de maneira cruel e efervescente.

Ser considerada a rainha do pop, como Madonna foi e ainda é, por muitos, ou a princesa do pop, como Britney se consolidou, são feitos históricos importantes. Mas que também as atingem, de maneira negativa, na mesma proporção em que as tornam figuras importantes do mercado.

O nível estrondoso de cobrança que elas recebem de seus públicos – que, aliás, não recaem sobre os homens da mesma forma – acabam as colocando no ostracismo, uma vez que fazer arte nesse contexto até perde o sentido.

As Deusas do Olimpo do Pop 

O brilhantismo dessas mulheres, no entanto, é o que estabeleceu o reinado no Pop. E, além disso, a cada nova era, apresentavam suas personalidades, de maneira artística, em consonância ao que a realidade pedia. Sempre contornadas por referências.

A carreira musical de Ariana Grande, no mainstream, remonta ao ano de 2013. Tal ano marcou o lançamento do seu álbum de estreia, Yours Trully, já aclamado pela crítica e pelo público. Esse, no entanto, foi seu primeiro passo na indústria fonográfica. Uma vez que a artista já havia dado as caras nos palcos da Broadway e nas séries da Nickelodeon, Brilhante Victoria bem como Sam e Cat.

Imagem: Divulgação/Netflix

Nitidamente inspirada em divas como Mariah Carey, Whitney Houston, Beyoncé – como ela mesma cita em Excuse me, I Love You – e outras diversas, Ariana vem trilhando, desde o seu debut, uma carreira sólida marcada por músicas que tem, em seu DNA, a sua voz potente e avassaladora, acompanhada por ritmos pop, R&B e trap que compõem a sua personalidade musical.

We on another mentality

Imagem: Divulgação/Netflix

Tragédias também marcaram sua carreira, como a morte de seu ex-namorado, o rapper Mac Miller. Igualmente, o atentado terrorista em um show em Manchester, que culminou na morte de 22 pessoas.

Ariana, após tais acontecimentos, desenvolveu Transtorno Pós-Traumático e inclusive pensou em largar sua carreira. 2 anos depois, a cantora retornou à Manchester, acompanhada de outros artistas, como The Black Eyed Peas e Katy Perry. Tudo isso para um show beneficente, que que arrecadou 23 milhões de dólares para o “We Love Manchester Emergency Fund”. Aliado ao apoio dos fãs, foi o que impediu que ela desistisse.

Sem mais lágrimas no corpo para chorar, Ariana fez o seu comeback, em 2018, com a canção No tears left to cry, que aludia à tragédia de Manchester e acenava para uma tentativa de se reconstruir em meio à dor. A faixa, lead single do álbum Sweetener, lançado no mesmo ano, rendeu um excelente retorno da crítica e de seu público. Assim, Ariana, mais uma vez, marcava seu lugar no universo pop dos Estados Unidos.

Retorno

Como se esse grande passo não fosse o suficiente, seis meses depois Ariana retornava aos holofotes com o lançamento do disco Thank u, next. Este também rendeu um lead single homônimo que, além de passear pelos seus relacionamentos, era uma nítida declaração de amor próprio.

O álbum ainda é um dos mais elogiados da cantora. Da mesma forma, alcançou níveis estrondosos de vendas, além de emplacar as três primeiras posições da Billboard Hot 100. Vale ressaltar que tal feito não era alcançado desde 1964 – recorde dos Beatles.

Em sete anos de carreira, Ariana já provou muita coisa até aqui. Tem apelo popular, legitimidade pela crítica, músicas fortes, potentes, personalidade artística, mas o que falta à cantora para que ela consiga se manter como alguém que fez algo relevante pela arte e pela música? Será que falta alguma coisa? Entender a engrenagem da indústria pode ser uma missão hercúlea.

Excuse Me, I Love You

Imagem: Divulgação/Netflix

Excuse Me, I Love You surge como um presente de natal de Ariana grande aos seus fãs e também como uma declaração de contentamento pelo que a artista construiu até aqui – com apoio de seus admiradores. Não há, no palco da Sweetener World Tour – e em seus bastidores -, nenhum outro sentimento expresso se não a felicidade de uma mulher que batalhou para chegar onde chegou, ainda que sob percalços. E é perceptível que ela baseou a construção de sua performance nisso.

No palco, Ariana transforma sua voz em instrumento, seu carisma em magnetismo, seus dançarinos em uma extensão de si mesma. Além disso, ela pensa na estrutura a partir de sua musicalidade. Portanto, no alto, a reprodução da lua existe como um rito de empoderamento às mulheres, que ganha significado estético a partir do que a cantora apresentou em God is a Woman.

Sua performance é baseada em seu senso de diversão. Apesar de trocar o visual várias vezes, contar com inúmeros dançarinos e se preocupar com uma estrutura de palco robusta, Ariana gosta mesmo é de proporcionar a despretensão de uma apresentação dominada pela sua vivacidade, energia e pela compreensão de aquele é um momento importante para quem a assiste.

Reflexões

Em dado momento do show, ao terminar a canção Side To Side, Ariana tira o retorno apenas para ouvir a multidão entoar um coro de emoção e alegria por estar ali, e é exatamente isso que faz com que ela continue exercendo o seu ofício.

Nos bastidores, Ariana economiza em peso dramático e nos leva para um pequeno passeio junto à sua equipe – e ela faz questão de mostrar o quão relevante são para que aquilo tudo funcione.

Quando o show termina, ao som de Thank U, Next, a sensação que permanece é de que Ariana conseguiu resistir mesmo diante das improbabilidades e que colheu, finalmente, alguns louros de sua carreira. Ver o espetáculo terminar, em 2020, tendo consciência de que ela alcançou outras ideações pretendidas – como a colaboração com Mariah Carey e Lady Gaga, ou noivado, anunciado recentemente – deixa uma sensação ainda melhor.

Quem é Ariana Grande hoje? 

Imagem: Divulgação

Ainda que refém de um júri cada vez mais cruel, sobretudo com as mulheres, Ariana triunfou. Dessa forma, em seu álbum Positions, lançado este ano, não à toa, a cantora abre com a faixa Shut Up. 

Ela foi pensada como resposta às exigências e as constantes tentativas do público de regular bem como tornar o seu trabalho menos a “cara dela”. Assim, mais uma modulação pensada a partir de óticas já estabelecidas pela indústria.

Por meio de seus vocais angelicais e potentes, ela é enfática:

I vibrate high and my circle lit (Eu mantenho minha vibração alta e meu círculo aceso)

We ain’t really with drugs and shit (Não estamos com drogas e essas merdas)

Led the gamе so I ain’t never miss (Lidero o jogo, então eu nunca perco)

Keep opinions muted for thе hell of it (Mantenha as opiniões mudas pela diversão)

‘Cause I like my shit (Porque eu gosto das minhas m*rdas)

Comentários finais

Ariana sabe e gosta do que faz. E se Shut Up não é o suficiente para nos convencermos disso, ela deixa outro recado – esse mais implícito – em West Side, com: I dont wanna think to much, I just wanna feel (Eu não quero pensar muito, só quero sentir). Ela, como qualquer bom artista, sabe que o valor da arte é muito sobre sentimentos do que sobre atingir uma perfeição idealizada.

No conforto de sua realidade atual, ela quer transportar seus sentimentos para quem deseja conhecê-la mais de perto. Sobretudo para que saibamos que nem apenas de dor vive o artista. Os bons momentos também devem ser celebrados.

 

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Sobre o autor
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Lucas Wilker

Estudante de Jornalismo e grande admirador do Ryan Murphy e suas fábulas. Apaixonado pelo universo audiovisual desde que os X-Men o convidaram para adentrar em suas aventuras. Chora facinho com This Is Us e é extremamente afeiçoado aos personagens das séries, dos filmes e dos livros que consome. Eterno aprendiz da escrita.

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