Hooligan: Série na Netflix é chata e perde ótima oportunidade
A nova série polonesa da Netflix, Hooligan, aborda um assunto muito importante, mas ela é totalmente desanimadora.
Como sempre, a Netflix adiciona semanalmente diversos títulos no seu vasto catálogo de séries originais. E essa semana, uma em específico chamou a atenção: Hooligan, série polonesa que se propõe a abordar o universo de torcidas organizadas e a violência por trás dela.
Diante de um tema tão importante, que é a cultura tóxica masculina no futebol, infelizmente, essa produção escorrega em um roteiro mal executado, chato e entediante. Uma série que, diante do tema, não consegue sustentar o próprio peso.
Hooligan tem uma premissa forte, mas desperdiçada
Desde o início, Hooligan parecia ter tudo para entregar uma narrativa impactante. A série acompanha Kuba, um jovem que cresce idolatrando a torcida do Gladius, mas que acaba sendo engolido por um mundo de brigas, tráfico de drogas e vingança.
A trama também toca em dinâmicas familiares complexas, especialmente entre Kuba, seu pai Michal e sua mãe Justyna, que tentam mantê-lo longe desse universo. No entanto, a execução falha ao transformar essa história cheia de potencial em um desfile cansativo de clichês e cenas repetitivas.
A série até tenta levantar discussões sobre como a cultura do hooliganismo perpetua ciclos de violência entre gerações e como o fanatismo pode destruir vidas. Mas, em vez de desenvolver essa abordagem de forma inteligente, a narrativa se perde em reviravoltas previsíveis e um roteiro que se arrasta sem grandes momentos de impacto.
Violência sem propósito e uma trama que não empolga
Um dos grandes problemas de Hooligan é que ele parece não saber o que quer ser. A série tenta misturar um drama familiar com uma história de vingança e elementos de thriller policial, mas nada disso funciona de maneira fluida.
A subtrama do tráfico de drogas, por exemplo, acaba desviando o foco do verdadeiro tema da série: a obsessão pelo futebol e o que isso representa na cultura polonesa.
Além disso, para uma história que deveria ser visceral e intensa, as cenas de ação são incrivelmente mal dirigidas. As lutas entre torcidas, que deveriam transmitir a brutalidade desse mundo, acabam parecendo coreografadas de forma artificial, sem qualquer impacto real.
Há momentos que chegam a ser cômicos de tão mal executados, como a primeira briga de rua entre Gladius e Kosynierzy, onde os golpes parecem acontecer em câmera lenta (e não porque essa era a intenção da cena).
Elenco competente, mas subaproveitado
Se há algo que ainda consegue segurar a atenção do público em Hooligan, é o elenco. Grzegorz Palkowski faz um bom trabalho como Kuba, especialmente nos momentos de introspecção, embora falhe em algumas cenas mais intensas.
Mila Jankowska, que interpreta Blanka, é um dos destaques, trazendo nuances para sua personagem e entregando a melhor performance da série. Já Wojciech Zielinski, que vive o antagonista Zyga, poderia ter sido muito mais imponente se tivesse um roteiro melhor para trabalhar.
O maior problema é que os personagens, apesar das boas atuações, são mal desenvolvidos. A série tenta humanizar algumas figuras, mas nunca se aprofunda o suficiente. Kuba, por exemplo, passa o tempo todo oscilando entre querer sair da violência e ser consumido por ela, mas essa dualidade nunca é bem explorada. No final, ninguém na série parece realmente evoluir, e isso faz com que o público perca o interesse.
Um filme teria sido uma opção melhor
Talvez o maior erro de Hooligan tenha sido tentar contar essa história no formato de série. Com seis episódios longos, a narrativa se arrasta desnecessariamente, tornando-se repetitiva e cansativa. Muitos momentos poderiam ter sido condensados ou eliminados, e a série claramente teria funcionado melhor como um filme de duas horas.
A Netflix tem insistido em transformar histórias curtas em séries longas para alimentar seu modelo de streaming, mas Hooligan é mais um exemplo de como isso pode prejudicar uma narrativa. A falta de ritmo e o excesso de enrolação fazem com que a série perca seu impacto e transforme um tema relevante em algo esquecível.
Veredito: Vale a pena assistir Hooligan?
Se você esperava uma série eletrizante sobre a cultura das torcidas organizadas e os impactos da violência no futebol, Hooligan pode ser uma decepção. Apesar de um tema promissor e um elenco competente, a produção falha em entregar uma história envolvente e bem estruturada. O resultado final é um drama arrastado, com cenas de ação mal coreografadas e uma trama que se perde no meio do caminho.
No fim, Hooligan é uma oportunidade desperdiçada. A série poderia ter sido uma análise contundente sobre masculinidade tóxica e o impacto do fanatismo esportivo, mas se contenta em ser um thriller genérico e sem identidade. Para quem busca algo realmente impactante, talvez seja melhor procurar outra opção no catálogo da Netflix.