House of the Dragon: 3º episódio decepciona com erros e final ruim

Terceiro episódio de House of the Dragon decepciona com erros técnicos e um final anticlimático. Ainda assim, capítulo é um bom momento.

House of the Dragon

House of the Dragon decaiu ou só estamos mais criteriosos depois do espetáculo que O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder nos proporcionou? O fato é que eu havia feito uma promessa: nunca citar a série da Amazon em um texto sobre o programa da HBO. Já existe discussão o suficiente na internet para que joguemos mais lenha na fogueira. O problema é que, depois do terceiro capítulo, fica difícil não traçar algum paralelo.

Second of His Name”, terceiro episódio da temporada de estreia de House of the Dragon, não é ruim, mas parece inacabado. A decepção, portanto, é maior justamente porque a série decepciona onde nunca falhou: na parte técnica. O roteiro em si, dos diálogos aos desenvolvimentos dos personagens, funciona. O que cai por terra é o som e a imagem, pontos até então irretocáveis na franquia.

Problemas técnicos inesperados prejudicam a experiência

A lástima é ainda maior quando lembramos que o episódio é comandado por Greg Yaitanes, um dos diretores mais talentosos da televisão. Vencedor do Emmy, Yaitanes comandou grandes séries de ação e já deixou sua marca em dramas notáveis. Sua presença na equipe de Dragon, então, era aguardada, já que dois talentos estariam convergindo. É um banho de água fria, portanto, que o primeiro capítulo dirigido por ele (“The Rogue Prince“) tenha sido tão calmo e o segundo (“Second of His Name“) tão tresloucado.

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Erros técnicos são comuns, mais recorrentes do que pensamos, na verdade. O grande problema é quando estes tropeços são facilmente notados durante a experiência. A começar pelo som. É perceptível que, em algum momento do clímax, a mixagem durante a batalha se perdeu no caminho. Note como o som dos passos, soldados e espadas fica abafado, mas não totalmente silencioso. Nenhuma trilha ocupa o lugar e, tal volume, não é narrativamente justificado. Assim, apenas parece que o volume da televisão foi acidentalmente diminuído.

Efeitos visuais e edição são pontos mais preocupantes

Mas o som é um pecadilho quando prestamos atenção nos efeitos visuais. O CGI, ainda que competente, soa demasiado artificial em muitos momentos. E os grandes problemas estão, novamente, durante o clímax. Entende-se, claro, que, quanto mais efeitos, mais riscos, e House of the Dragon traz muito mais sequências computadorizadas do que Game of Thrones. Assim, faz-se a questão: não é melhor que a série coloque mais os pés no chão?

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Os problemas do efeitos ficam mais evidentes quando é preciso aliar elementos computadorizados com objetos práticos e reais. A junção entre o real e o digital não tem funcionado justamente porque evidencia a natureza distinta de um e de outro. O voo de Laenor Velaryon, por exemplo, fica muito abaixo do que a série costuma entregar. Soma-se a isso o fato do ator Theo Nate ser limitado e temos momentos bem vergonhosos.

Os tropeços na param por aí em A Casa do Dragão. A edição é outro ponto que choca pelos erros. Além dos cortes rápidos e pouco elegantes durante a batalha, há pelo menos um momento vergonhoso durante uma cena de diálogo.

Repare no momento em que Corlys fala com Vaemond em Stepstones antes da chegada de Daemon. Vaemond reclama da situação, mas Corlys ameniza ao alertar que não permitirá um motim. Quando Corlys fala isso, ele está ao lado de Vaemond. No segundo seguinte, na cena imediatamente posterior, Corlys já está distante, em um ponto em que obviamente não poderia estar no tempo estabelecido pela lógica cênica.

Apesar de tudo, “Second of His Name” é um bom episódio de House of the Dragon

Mas nem tudo são problemas, e “Second of His Name” é um bom episódio. Até chegar na decepcionante batalha final, o capítulo faz um bom trabalho ao desenvolver seus personagens conhecidos, enquanto apresenta novos rostos. Quem mais cresce desta vez é Viserys e Rhaenyra, e o relacionamento de pai e filha é um dos combustíveis da trama. Paddy Considine está excelente e a próxima interprete da princesa terá que se sobressair, pois Milly Alcock parece a herdeira definitiva do Trono.

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Além disso, a fotografia do episódio é uma das mais belas de toda a franquia. Pepe Avila del Pino já trabalhou em Quarry, série totalmente dirigida por Yaitanes, e chega a House of the Dragon com a intenção de criar quadros memoráveis. E há uma porção de cenas lindas aqui, daquelas dignas de emoldurar. Del Pino, portanto, garante o ponto alto do capítulo e estabelece um visual arrojado e cinematográfico à temporada.

Acabando em um tom estupidamente anticlimático, que priva o público de acompanhar um importante embate, House of the Dragon não atinge seu ponto mais baixo, mas decepciona por tropeçar em coisas que nunca falhou. Torcemos, enfim, que o programa reencontre o brilhantismo que já nos entregou. Do contrário, ficará fácil para Os Anéis de Poder vencer esta briga.

Nota: 3,5/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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