House of the Dragon: na 2ª fase, a pressa é inimiga da perfeição

A 2ª fase de House of the Dragon começou. Com novos atores, novas histórias e intrigas chegam à Dança dos Dragões.

House of the Dragon

Quem acompanha esta franquia há bastante tempo sabe bem que as primeiras temporadas de Game of Thrones tinham um ritmo bem diferente daquele que vimos no final da série da HBO. É notável, por exemplo, que as narrativas e personagens se desenvolviam com calma e detalhamento no primeiro ano da série.

House of the Dragon, entretanto, parece ir no caminho oposto ao do programa original. Há pressa para contar a nova história. Por um lado ganhamos adrenalina, mas perdemos camadas. 

Ainda assim, House of the Dragon segue com uma temporada sólida. Sua narrativa permanece envolvente, enquanto seus aspectos técnicos enchem os olhos.

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No quinto capítulo, o primeiro ano atingiu seu auge. Agora, na troca de elenco, House of the Dragon salta no tempo e reorganiza as peças. Ao trazer novos rostos para o centro do conflito, a série movimenta as engrenagens, mas pula alguns pontos importantes. 

Saltos no tempo e no espaço trazem benefícios e problemas

Por um lado, a agilidade traz bons momentos e um bem-vindo frescor aos dramas palacianos. É inegável, por exemplo, que Game of Thrones frequentemente perdeu ritmo quando apostou em longos diálogos e deslocamentos. Virou piada, por exemplo, o fato dos personagens levarem uma temporada inteira para ir de um lugar a outro, enquanto no final cada viagem durava um capítulo.

House of the Dragon corta os nós, eliminando emaranhados. Não importa o que acontece na viagem de Rhaenyra até Dragonstone. Vale apenas saber de onde ela sai e para onde vai. 

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Estes saltos espaciais e temporais eliminam alguns engodos que só atrasam narrativas e personagens. Mas há um preço alto a ser pago, e este vem na forma de dois personagens que aparecem e somem em menos de uma hora. A rapidez, enfim, tira atrasos, mas também tira impacto e conexão. Neste sentido, o público não consegue se conectar com novos personagens. 

Rapidez reforça a ideia de que série é uma antologia

Essa pressa continua a ser vista no sétimo capítulo, que foca em basicamente um evento. Mesmo que reserve boa parte de seu tempo a um determinado acontecimento (um velório seguido de uma confusão), o episódio 7 começa com uma importante mudança e termina com outra maior ainda.

O problema é que ambas as coisas são jogadas violentamente na tela, sem preparo ou respiro. A primeira é o retorno de Otto como Mão do Rei (algo que sequer vemos em tela). O outro fato é o casamento de determinados personagens, algo que muda todo o cenário da série, mas que é tratado com indesejada rapidez. 

Além disso, vale apontar que a série parece estar atingindo certos pontos da narrativa antes do esperado, cobrindo várias páginas do livro original. Isso ressalta a teoria de que House of the Dragon pode ser uma antologia. O próprio produtor e diretor do programa havia antecipado que a série poderia seguir este caminho. Pelo que podemos ver, é provável que este arco narrativo com estes personagens deva durar uma ou duas temporadas no máximo. 

Reviravoltas, gritaria e cenas muito escuras

Entregando as saborosas reviravoltas e intrigas que Game of Thrones sempre criou, House of the Dragon tem sido uma montanha-russa. É uma aventura que às vezes chega muito perto do perigo e passa muito rápido, mas que deixa sua experiência marcada. É uma pena, entretanto, que alguns aspectos técnicos sigam decepcionando. E a “noite americana” vista no sétimo episódio é vergonhosa. 

Para quem não conhece, a “noite americana” é uma técnica onde determinada cena noturna é gravada durante o dia. O aspecto e o visual noturno é criado com o auxílio da fotografia e da pós-produção, que pode investir em efeitos, correção de cor e demais técnicas. É a magia que transforma o dia em noite.

Alguns filmes e séries já adotaram esta técnica, muitas vezes por motivos econômicos ou temporais. O problema é que os resultados nem sempre são satisfatórios. 

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Desta forma, a sequência do sétimo episódio em que acompanhamos os personagens em um velório é equivocada pois não atinge os ideais técnico e distrai a audiência. É visível, por exemplo, que há luz solar refletida em superfícies e rostos de atores, mas há estrelas no céu e um filtro azul-escuro, o que cria uma atmosfera incômoda e ilógica.

Esta é, portanto, mais uma prova de que a franquia não sabe como gravar cenas noturnas, já que desde Game of Thrones os críticos e fãs apontam este problema. 

Desfecho de House of the Dragon deve ser impactante

Preparando o terreno para um apoteótico terço final, House of the Dragon segue firme na missão de entreter e extrair reações do público. Poucas são as séries que fazem o público vibrar, reclamar e ter emoções tão específicas. A jornada tem sido trepidante, mas inequivocamente emocionante.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.