Júnior Bake Off – 1×04 – Feira de Ciências
Poderia reclamar novamente da falta de pulso firme dos jurados, mas quer saber? O problema do Júnior Bake Off vai muito além disso.
Nunca foi tão difícil fazer televisão de criança
Na minha review mais recente, argumentei que um dos maiores problemas aqui é a falta do pulso firme dos jurados nas avaliações. Algo semelhante visto na versão especial com celebridades, mas como ninguém assiste televisão no Natal, sem problemas. Sabendo que o problema persiste e, provavelmente, não será corrigido vou respirar fundo e focar nas propostas. O que nos leva para a curiosa ideia da prova criativa.
Bonitinho, fofinho, a internet adora. Eu entendo perfeitamente a estratégia aqui, acredite acompanho essa indústria há quase dez anos. Mas quando percebi que o tema seria aquele e que muitas crianças, sem muita surpresa, sequer tinham um amigo imaginário e tiveram que inventar percebi o óbvio – a produção não tem muita ideia do que fazer aqui.
A versão desse mesmo programa lá no Reino Unido poderia ser uma ótima lição aos produtores sobre o que fazer e o que não fazer. É claro que o programa tem problemas, mas nada relacionado ao tom ou as propostas do Junior Bake Off. Posso parecer elitista ou esnobe, mas não lembro de ter crescido assistindo programação cansada, repetitiva e sem criatividade que a TV Cultura ou que outros canais apresenta.
Infantil, onde?
A emissora pode se apresentar como aquela “da família” ou a única que ainda “olha ao telespectador infantil”. Permitam-me discordar porque comprar enlatados dos Estados Unidos não é programação de qualidade. Exibir desenhos animados repetitivos e sem nenhuma mensagem positiva não tornam o SBT o embaixador “o canal das crianças”. O que existe é uma excelente estratégia de mercado para que as empresas de brinquedos possam anunciar no lugar certo.
Curiosamente, as crianças salvaram o dia. Uma delas apresentou o vulcão, algo que me chamou atenção pela criatividade e pela maneira interessante na qual criou a ideia. Outros foram mais simples, mas em defesa deles o tema era horrível. Em relação a prova técnica, a produção encontrou uma certa redenção com o tema, mas tropeçou novamente ao trazer Silvia Abravanel com uma linguagem ainda mais infantil. Era inevitável traze-la em razão do “Bom Dia & Cia”, mas acredito que deixei claro minha opinião sobre a “programação” infantil da emissora.
Não sei se a produção sabe, mas júnior não é sinônimo de infantil. Por isso espero que para os próximos episódios, o SBT consiga melhorar e nos apresentar algo mais adequado.
Por Bernardo Vieira