La Casa de Papel: roubos, reviravoltas e mais uma grande jogada da Netflix

Imagem: Netflix

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Além de ser uma das produtoras de conteúdo mais poderosas do audiovisual recente, a Netflix tem um faro aguçado para o que pode ser sucesso e público e/ou crítica. Poucos são os fracassos da plataforma como produtora diretas e poucos também são os fiascos entre os projetos em que o selo da empresa é exibido.

A Netflix, em uma jogada genial, tem vasculhado o mundo inteiro atrás de um novo sucesso. The End of the Fucking World, por exemplo, foi lançada timidamente no Reino Unido pelo Channel 4. A plataforma de streaming adquiriu os direitos de distribuição da série e a jogou para o resto do planeta. O resultado foi positivo.

A Netflix faz isso há um bom tempo, e tem se especializado na compra de novos produtos. A ideia é simples: procurar algo de qualidade que possa fazer sucesso fora de seu país de origem. A próxima da fila foi La Casa de Papel, minissérie espanhola que começou a ser exibida no início de 2017 na Europa. Netflix comprou, colocou seu selo (como se fosse algo original da empresa, o que não é) e distribuiu. E o programa tem sido um sucesso, ao menos no Brasil, onde os assinantes da plataforma descobrem o projeto aos poucos. Nas redes sociais, muitos já elogiam e esperam pela segunda parte.

Pois até nisso a empresa é esperta: La Casa de Papel originalmente tem 15 episódios com pouco mais de uma hora cada. A Netflix reeditou estes capítulos, deixando-os menores e criando, assim, mais episódios. O resultado: duas “temporadas”. A primeira, lançada em janeiro, possui 13 capítulos, e a segunda deve sair em abril, finalizando a história. O objetivo parece mais comercial do que criativo: a ideia é trazer o público, fazê-lo assistir e comentar os episódios já exibidos e conquistar/manter algumas assinaturas até o lançamento dos capítulos restantes.

Em La Casa de Papel, um grupo de criminosos, especialistas em roubos, é reunido por um sujeito autointitulado “Professor”. Ele convida os membros e os revela o plano complexo: invadir e roubar a Casa da Moeda da Espanha. Assim, a série já começa com a invasão do grupo, e os episódios seguintes desenvolvem a ação, que deve se passar em pouco mais de dez dias. Com alguns flashbacks que revelam o treinamento e o passado de alguns dos assaltantes, La Casa de Papel cria um mosaico de reviravoltas típicas do gênero.

Investir nessas convenções, contudo, não tira o brilho do projeto, que surpreende genuinamente e mantém o espectador atento. O problema é que, às vezes, parece que os truques se esgotam e o roteiro não sabe muito bem o que fazer com a vasta galeria de personagens, muitos deles completamente antipáticos, incluindo a suposta protagonista, Tóquio. Enquanto alguns episódios são cheios de surpresas e ação, outros se perdem em fatídicos diálogos que não avançam a trama e tampouco desenvolvem os personagens.

A maioria dos diálogos envolvendo Tóquio e Rio são completamente descartáveis, bem como a relação amorosa entre a dupla. Não sabemos, claro, se essa irregularidade entre episódios se dá pela edição da Netflix ou por problemas diretos do roteiro.

No geral, entretanto, La Casa de Papel faz um bom trabalho, mesclando uma história envolvente com boas atuações. Do ponto de vista técnico, o programa não faz feio e não fica abaixo dos mais famosos. Caprichando na fotografia e, principalmente, na edição, a série é dinâmica e ótima para uma maratona, apesar das já citadas quedas de ritmo. Não espere lógica da mirabolante história, ou bom senso dos personagens.

O ideal a se fazer com La Casa de Papel é prestar atenção nos detalhes e curtir a experiência sem muita seriedade. No fim, apesar de alguns tropeços, vale a pena.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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