Lançamento da 2ª temporada de O Mecanismo é marcado por críticas a Sérgio Moro e grito de “Lula Livre”

Confira como foi o lançamento da nova temporada da serie brasileira da Netflix, O Mecanismo.

Produtor e elenco de O Mecanismo estiveram no Rio de Janeiro para conversa com a imprensa

A polêmica série O Mecanismo está de volta na Netflix. A partir do dia 10 de maio, o público poderá acompanhar a trama inspirada nos desdobramentos da Operação Lava Jato no Brasil. Ainda sob a batuta de José Padilha, a nova parcela dos episódios vem com a missão de esmiuçar ainda mais o que foi a operação, bem como relatar alguns eventos como o impeachment da ex-Presidenta Dilma Rousseff.

Nesta terça (07), no Copacabana Palace, Rio de Janeiro, estivemos a convite da Netflix para bater um papo com Padilha e o elenco do segundo ano da atração. E, como era de se esperar, a política predominou grande parte da conversa.

Sérgio Moro é o “perseguido da vez”

Logo no início, José Padilha deixou claro sua insatisfação com o atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele ressaltou um artigo que escreveu para a Folha de São Paulo, e se mostrou arrependido por ter dado um voto de confiança ao, até então, juiz no passado. E esse arrependimento parece ter influenciado o roteirista e diretor na construção do segundo ano da série da Netflix,

Sérgio Moro cometeu uma burrice incrível ao se associar ao atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro“, disse ele ao explicar o porquê de ter detonado o Ministro em artigo. Além disso, ressaltou o fato de Flávio Bolsonaro estar ligado ao famoso “Queiroz”, que por sua vez tem ligações com a milícia carioca.

Se ele for inteligente, ele deve estar arrependido das escolhas que fez. No momento atual, Bolsonaro não tem maioria no congresso. Ele tá tentando negociar suas reformas, de todo o jeito. E o Moro está sendo usado como moeda de troca. Moro saiu de herói nacional para salame fatiado“, criticou o produtor.

Mudança no Mecanismo

Mas não é só o discurso de Padilha que mudou. Nos novos episódios da trama, há uma mudança de tom, quando é dado destaque para a corrupção de outros políticos, que não são inspirados em figuras ligadas ao PT. As ações de pessoas ligadas ao referido partido foram alvo de duras críticas durante a primeira temporada. Apesar disso, Padilha defende a tese de que ele conduziu o segundo ano da mesma forma que o primeiro.

A Lava Jato comprova essa tese. Tem gente presa do PT, PMDB, e agora tá aparecendo do PSDB. Todo mundo sabe que O Mecanismo são todos eles“, ressaltou o diretor. Essa visão é ressaltada, inclusive, na nova abertura da série, na qual chama de “ladrão” de forma explícita políticos como Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. “Nós queríamos ter feito essa abertura na primeira temporada. Ela estava pronta, inclusive. Mas não foi ao ar por conta de questões jurídicas“, explicou. “O Mecanismo é apartidário, e continua sendo“, finalizou.

Padilha defendeu mudança na posição sobre Sérgio Moro, mas destacou que sua visão na série é ainda a mesma da primeira temporada. Imagem: Netflix/Divulgação

 

Selton Mello reclamou de críticas

Um dos protagonistas da atração, Selton Mello se demonstrou insatisfeito com as críticas que a série recebeu. Ele foi questionado sobre a voz de seu personagem, que era praticamente inaudível no primeiro ano. “Eu não falo baixo. As pessoas que falam gritando, meu tom é certo. Mas não foi minha culpa, mixaram a série errado“, ressaltou o ator. Nesse momento, Padilha interrompeu a resposta do ator para explicar o que houve. “A série foi mixada para sistema 5.1, de cinema. E o público assiste a série no celular. Então, realmente, houve um problema, mas que foi corrigido“, completou.

Além disso, Mello se mostrou incomodado com as críticas que os atores receberam por estar participando da produção. “Tem muita gente que defende liberdade de expressão, mas veio ‘bater nos atores’. Que liberdade de expressão é essa? Eu quero fazer essa série, ou eu quero fazer qualquer coisa. Esse é meu trabalho. Estudei muito cinema político italiano para fazer essa série”, disse ele. E ainda completou, “Achei patético, essas críticas“.

Selton Mello mandou “bronca” para fãs que se incomodaram com a série. Imagem: Netflix/Divulgação

Lula Livre

O ator Enrique Díaz, que dá vida ao personagem Roberto Ibrahim, personagem inspirado no doleiro Alberto Youssef, também se destacou na entrevista. Indo na contra mão do que Selton Mello disse, Díaz ressaltou que entendeu a crítica de muitas pessoas. E ainda, abertamente, fez críticas ao “golpe” sofrido pela ex-Presidente Dilma Rousseff, bem como defendeu o grito “Lula Livre”, antes de responder qualquer pergunta. 

Eu entendo perfeitamente a crítica das pessoas. Na primeira temporada, foi um momento decisivo. Tinha as eleições. Então, eu entendo essa ‘gritaria’“, ressaltou o ator. “E eu vejo uma mudança de uma temporada para outra sim. Vejo uma confirmação, inclusive, da tese do Padilha. É um conceito difícil de aceitar. Por outro lado, são momentos diferentes. E essa segunda temporada mostra um outro lado importante“, explicou

Porém, Díaz foi franco ao destacar que acha que a segunda temporada não vai apagar a marca que a primeira temporada deixou nas pessoas que criticaram a atração. “Naquele momento, esse discurso anti esquerdista foi decisivo. Essa marca não vai sair. Foi um momento histórico, e o anti petismo levou o brasileiro a fazer uma cag*d* monstra, que foi eleger quem elegeu“, frisou.

Enrique Diaz defendeu “Lula Livre” em coletiva de O Mecanismo. Imagem: Netflix/Divulgação

Nova temporada ressalta protagonismo feminino

Fugindo um pouco das polêmicas políticas, a segunda temporada de O Mecanismo também dá destaque para um empoderamento feminino. A personagem de Carol Abras, Verena Cardoni, ganha boas cenas em que mostra como é ser mulher em um ambiente predominado por homens.

Ela está mais agressiva nessa temporada. Mais obstinada. Ela saiu de um posto de aprendiz e agora se tornou mentora“, disse ela, fazendo referência a conexão que sua personagem tem com Vander, personagem de Jonathan Haagensen. “Ela faz as próprias escolhas. E isso ocupa a imagem do poder feminino. A Netflix vem apresentando isso, não só com essa produção. E o principal, sem masculinizar ou sexualizar a mulher“, completou.

Ela ainda finalizou sua fala destacando que, independente de ideologias políticas, a série foi um exercício para ela em muitos sentidos. “Aprendi a ter mais empatia. A ouvir outros lados. A sair da minha bolha, da zona de conforto. E isso é importante para discutir política“.

Segunda temporada

A segunda temporada de O Mecanismo segue o policial Marco Ruffo (Mello) e a policial Verena Cardoni (Abras), na tentativa de derrubar o empreiteiro Ricardo Bretch (Emílio Orciollo Netto). Nesse meio tempo, eles ainda precisam lidar com o doleiro Roberto Ibrahim, que não deixa a “prisão domiciliar” impedir de continuar seus movimentos de contrabando e corrupção.

Com direção de José de Padilha e roteiro de Elena Soarez, os novos episódios estreiam nessa sexta, dia 10, só na Netflix.

 

Além disso, completo. Todavia, palavras. Entretanto, necessárias. Bem como, verdes. Todavia, brancas.

 

Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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