Made for Love: comédia nada romântica é bom título na HBO Max

Made for Love, da HBO Max, mistura humor e bons comentários em comédia nada romântica. Apesar de tropeços, vale a conferida.

Made for Love

Cristin Milioti é a alma de Made for Love. A atriz, conhecida por muitos de How I Met Your Mother, teve um ano excelente ao protagonizar Palm Springs e, agora, Made for Love, da HBO Max. Em ambos os casos, Milioti vive o tipo de musa indie que aquece os corações: é uma moça bonita, mas não muito. Inteligente, mas engraçadinha. Independente, mas apaixonada. É o tipo de clichê que tomou conta de filmes e séries dos anos 2000 e 2010 e agora ganha nova roupagem. No caso da atriz, ao menos, há talento e, geralmente, um bom roteiro por trás.

Made for Love, por exemplo, conta a história de Hazel, uma mulher casada com um multimilionário egocêntrico (uma redundância, é verdade) que implantou um chip na cabeça da esposa. O aparelho mostra cada passo da mulher, além de cada palavra dita, ouvida e cada coisa vista. Em outras palavras, com o dispositivo, o psicopata pode ver, ouvir e saber tudo o que a esposa faz. Ex-esposa, na verdade, pois a moça joga tudo para o alto e foge da prisão que chamava de casa.

Série encontra espaço para fazer interessantes comentários

Mas a separação é literalmente uma fuga, e logo a jovem descobre o implante que carrega no corpo. Assim, Hazel foge pelos Estados Unidos enquanto tenta despistar o ex-marido lunático. Logo, Made for Love é engraçada enquanto faz comentários sociais e culturais interessantes. Até espaço para política pode ser encontrada na produção da HBO. Afinal, vivemos na era da espionagem, da falta de privacidade.

Na série, o relacionamento abusivo traz a vigilância para o âmbito pessoal. No processo, Made for Love faz uma crítica escancarada aos relacionamentos modernos que se baseiam na codependência e na total falta de privacidade. Com isso, o marido de Hazel, assim como milhões no mundo, não entende que um bom namoro/casamento é o resultado da soma de duas pessoas diferentes e independentes e não da simbiose quase que literal de corpos e mentes.

Algumas decisões prejudicam resultado final

A série, portanto, acerta nestas colocações, e surpreende ao lida com estes temas com bom humor e sem panfletagem. Ainda assim, é uma pena que o show falhe em atalhos tolos e situações que simplesmente não funcionam. O pai de Hazel, por exemplo, apesar de ser engraçado nas mãos de Ray Romano, logo cansa com sua imbecilidade de namorar uma boneca. Em um roteiro que busca tantos comentários relevantes, é uma decepção que algo tão tolo tenha ganhado a versão final.

Além disso, Made for Love poderia aproveitar para compor um marido menos cartunesco e mais humano. Desta forma, o roteiro poderia explorar o fato de que muitos dos monstros tóxicos que andam por aí parecem, na verdade, bons moços normais. Ao mostrar o sujeito como alguém unidimensional, não há espaço para discussão. A série ganharia em peso e relevância caso víssemos o milionário como alguém que finge equilíbrio e normalidade.

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Apesar disso, Made for Love é um projeto interessante, embora talvez funcionasse melhor como filme, e não como série. A narrativa parece se arrastar e se alongar além da conta, o que torna a experiência enfadonha no meio do caminho. De todo modo, os momentos inspirados e a atuação de Milioti garantem a experiência e fazer retornar episódio a episódio.

Nota: 3/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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