O Assassino: filme com Michael Fassbender e Sophie Charlotte não é para todos
O Assassino, novo filme de David Fincher na Netflix, é filme de ação contemplativo. Qualidade técnica é notável, mas ritmo pode afugentar.
Os filmes de David Fincher não costumam fazer rios de dinheiro quando são lançados. Mas, de algum modo, tornam-se queridos e populares com o tempo. Clube da Luta, por exemplo, saiu dos cinemas como um fracasso e, com o tempo, tornou-se um dos títulos mais venerados pela audiência. Outras de suas obras, como Zodíaco e Garota Exemplar seguiram rumos semelhantes. O Assassino, novo filme do diretor na Netflix, talvez tenha um caminho mais tortuoso.
Isso porque o longa, estrelado por Michael Fassbender, não tem o faro popular que outras criações do cineasta têm. O mais curioso é que O Assassino tem uma premissa que poderia render sua produção mais divertida. Fincher e seu time, entretanto, escolhem uma abordagem de introspecção, calma e frieza. Algo que pode afastar os espectadores que buscam uma fita de ação mais tradicional ou ligeira.
Fassbender vive assassino filosófico
Na trama, Fassbender é o assassino do título. Sem nome, o sujeito percorre países atrás de seus alvos. Calculista ao extremo, leva o tempo que for preciso para executar sua vítima. Quando a história começa, ele está na França, esperando pacientemente para matar um homem. O serviço está se arrastando e, quando finalmente esquenta, um erro põe em risco toda a sua existência. Indo de caçador para caça, o assassino precisa reaver sua posição.
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Dividido em capítulos bem demarcados, O Assassino acaba tendo momentos mais ou menos interessantes entre si. A estrutura acaba criando um caráter episódico, o que acaba prejudicando o ritmo em alguns pontos. A primeira parte, por exemplo, que acompanha Fassbender em sua missão, acaba se estendendo mais do que o ideal. Depois disso, o filme parece decolar com mais liberdade, já que mantem seu protagonista em constante movimento.
Ação contemplativa em filme feito com esmero absoluto
A estrutura em capítulos, aliás, permite que Fincher brinque com gêneros e abordagens que, até então, não havia tocado. Em O Assassino, por exemplo, podemos ter uma ideia de como o diretor filma uma intensa cena de briga, ou uma perseguição à pé. Se no primeiro capítulo o cineasta brinca com os thrillers de espionagem, logo depois flerta com a ação tradicional, com invasão de domicilio e uma boa troca de socos.
Com o típico esmero técnico dos filmes de Fincher, O Assassino tem fotografia e edição irretocáveis. A trilha original é discreta e dá lugar a diversas faixas da banda The Smiths. Fassbender, por sua vez, abraça o papel como se este fosse o personagem de sua vida. Embora o ator não tenha grandes cenas dramáticas, é no detalhe que ele se garante. O diretor, por sua vez, se diverte com quadros e sequências milimetricamente planejadas. Tudo enquanto tece comentários justamente sobre trabalho, busca por perfeição e quem somos enquanto executamos nossas tarefas.
No processo, Fincher é o assassino. E embora sua obra não seja para todos, a missão é cumprida com sucesso.
Nota: 4/5