Os Bucaneiros: série mira em Bridgerton mas acerta em Gossip Girl
Os Bucaneiros é a nova série do Apple TV+ que tem trama interessante, mas acaba acertando em Gossip Girl ao invés de Bridgerton.
A série “Os Bucaneiros”, nova aposta de época da Apple TV+, navega com destreza entre o fantástico e o realismo calculado. Com panoramas que tiram o fôlego e vestidos de baile de parar a série, a produção flerta com o deleite narrativo de outras épocas, mas sempre cobra o preço realista desses encantos ao retratar jovens americanas seduzidas pelo desejo de integrar a alta sociedade inglesa.
A abordagem rebelde da criadora Katherine Jakeways confere ao show uma surpresa e diversão marcantes em sua primeira temporada. A trilha sonora moderna, que substitui quartetos de cordas por batidas de 808 e é pontuada por músicas de Taylor Swift, mantém a série longe de qualquer pretensão de seriedade, mesmo diante de mil e um dilemas românticos.
As atuações podem ser um pouco irregulares, reflexo do diálogo moderno e casual, mas “Os Bucaneiros” triunfa ao retratar de maneira empolgante e justa mulheres que percebem que a alta sociedade não é tudo o que parece.
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Inspirada no último livro de Edith Wharton, inacabado em sua morte em 1937, a adaptação centra-se em Nan St. George (Kristine Froseth), que, entre ingenuidade e admiração, encontra-se noivada com um cobiçado solteiro inglês. Mas compartilha uma química intensa com outro homem, fora de seu status social. As histórias paralelas das amigas de Nan, repletas de propostas precipitadas e intrigas amorosas, adicionam complexidade e nuances tonais à trama.
“Os Bucaneiros” pode soar como um romance suave, mas é uma oportunidade para explorar nuances tonais impactantes. Nan e suas companheiras, um verdadeiro grupo de rock ‘n’ roll, não hesitam em falar o que pensam, desafiando a postura reservada dos ingleses. A série aborda temas como vergonha, momentos difíceis e decisões que desafiam o espírito das personagens.
Os momentos mais envolventes nos preocupam com a possibilidade dessas mentes progressistas se perderem em uma sociedade que ameaça devorá-las. Ou pior, se deixarem seduzir por um tipo de poder e status que não as beneficia.
A série evita tensões raciais à moda de “Bridgerton”, mas outros conflitos são vívidos – classe, status e sexualidade oculta. Nos importamos com esses amantes esperançosos, mesmo com a série se estendendo demais, acreditando que ela é mais sobre criticar suas indulgências do que exaltá-las.
Os Bucaneiros, mirando em “Bridgerton”, acerta em “Gossip Girl”, com seu retrato enérgico de um período de maneira que parece mais uma crítica social do que uma simples indulgência estética.