Percy Jackson e os Olimpianos é boa, mas ainda não é o ideal
Percy Jackson e os Olimpianos chegou à Disney+ com a promessa de ser uma adaptação fiel e respeitosa. Resultado é positivo, mas não perfeito.
Dos grandes romances infanto-juvenis deste século, “Percy Jackson” talvez seja o único que não havia conseguido decolar em alguma adaptação. Apesar de dois filmes de sucesso moderado, a franquia nunca alcançou os louros de “Harry Potter”, “Crepúsculo” ou “Jogos Vorazes”, por exemplo. Agora, anos depois e com o criador da saga no controle, “Percy Jackson e os Olimpianos” estreia na Disney+.
A ideia desta nova adaptação é ser mais fiel e respeitoso ao material de origem. E ao que podemos ver até então, a promessa tem se cumprido. “Percy Jackson”, aliás, parece perfeita para o formato televisivo seriado. Seu formato dividido em pequenas missões, cenários e personagens, permite a estrutura episódica sem prejudicar a narrativa. Um dos problemas dos filmes, por exemplo, era justamente essa inconstância entre núcleos e momentos.
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Assim, tendo Rick Riordan, autor da saga, por trás do projeto, a série é claramente reverencial às páginas originais. Assim, os fãs ficarão felizes ao perceberem que cenas e diálogos inteiros foram retirados dos livros e replicados com exatidão nas telas. Além disso, os personagens seguem as descrições literárias de perto, com algumas bem-vindas atualizações que enriquecem a experiência.
Mas nem só de fidelidade se vive uma adaptação, e “Percy Jackson” tem alguns tropeços inegáveis. Para começar, a série parece não ter decidido qual formato seguir. Enquanto aproveita o conforto de sua casa na plataforma de streaming, a série inclui cortes grotescos, típicos de um programa de TV aberta. Por exemplo: não há intervalos em séries de streaming (ao menos por enquanto). Assim, os capítulos transcorrem sem interrupções.
Nem só de fidelidade se vive uma adaptação
“Percy Jackson e os Olimpianos”, entretanto, possui diversos momentos em que as cenas chegam ao fim e um fade nos leva a uma brevíssima tela preta. É como se nestes momentos, um comercial fosse ser inserido posteriormente. Em tese, não há problemas em intervalos. O problema é que isso muda a estrutura e a narrativa de toda a série.
A diferença na edição de uma série com intervalos e outra sem intervalos é tão grande que o Emmy, o maior prêmio da TV, tem categorias separadas. Uma para a Edição de séries com interrupções e outra para série sem interrupções. Isso acontece porque toda a estrutura lógica, narrativa e visual de um programa é alterada graças aos intervalos. E a maior prova é “Percy Jackson e os Olimpianos”: toda vez que há um corte, somos retirados da experiência, que acaba esfriando.
Além disso, embora capriche nos efeitos visuais e tente investir em efeitos práticos e de maquiagem, “Percy Jackson” falha em quesitos básicos. A fotografia durante a sequência de luta entre Percy e o Minotauro, por exemplo, é vergonhosa. Mergulhada em escuridão, é quase impossível enxergar qualquer coisa. Os cortes secos e rápidos também não ajudam, tornando o momento ainda mais confuso e decepcionante.
Felizmente, a série sempre melhora quando precisa focar no trio central. Os atores que dão vida aos protagonistas fazem um trabalho correto e o roteiro claramente gosta de passar um tempo com eles. É preciso, contudo, achar um bom equilíbrio para os coadjuvantes e vilões. A Medusa, por exemplo, é outro personagem icônico que, assim como o Minotauro, é subaproveitado logo no início da série.
Nota: 3/5