Relembre NIP/TUCK: Uma série viciante, escandalosa e sexy…
Viciante, escandalosa e sexy. Um olhar ousado sobre o mundo da cirurgia plástica.
Uma das séries mais polêmicas e provocantes da TV estreava em 2003 no canal a cabo FX. Indicada e vencedora de diversos prêmios Emmy e Globo de Ouro, Nip/Tuck (ou Estética, para quem assistia pelo SBT) contava a história de dois cirurgiões plásticos de Miami que conciliavam trabalho com seus dramas pessoais e dilemas morais. A clínica MacNamara/Troy, não só era cenário de cirurgias plásticas como também de muito sexo, casos bizarros e alguns crimes.
Sean McNamara (Dylan Walsh) era o sócio mais racional e correto, que tentava manter a família e os negócios em harmonia apesar de todos os seus dramas e conflitos. Christian Troy (Julian McMahon) era o charmoso cirurgião plástico que seduzia mulheres e era viciado em sexo e muita das vezes se envolvia em negócios obscuros.
Toxic…
Apesar da amizade e parceria, o relacionamento deles era tóxico. McNamara sempre tinha que salvar o amigo de alguma situação absurda ou problemática e muita das vezes cuidava tanto dele que esquecia de si mesmo. Troy apesar de amar o amigo como um irmão sempre pareceu um pouco egoísta. Se aproveitava de todos a sua volta, sobretudo de McNamara. Fazia bom uso dos privilégios que sua profissão e status proporcionavam e ostentava com carros, hotéis, bebidas e muitas mulheres.
O que esses dois tinham era um verdadeiro bromance em uma época que nem existia essa palavra. O roteiro sempre brincava com a questão da tensão sexual entre os dois e muita das vezes insinuava que eles eram muito mais que amigos.
Um dos pontos centrais dos conflitos entre os dois foi o triângulo amoroso com Julia (Joely Richardson). Ela conheceu McNamara e Troy na faculdade e se casou com Sean – com quem teve o seu primeiro filho Matt (John Hensley). Depois, foi revelado que Christian era então o seu verdadeiro pai.
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Julia sempre foi fraca e tentava absorver um pouco da força e segurança de Sean e Christian. Viveu muitos momentos dramáticos, como ter um filho que tinha deficiência nos osso, além de experimentar muitos relacionamentos. Já Matt era o típico adolescente problemático que tomava sempre as piores decisões possíveis. Esses dois personagens me cansavam um pouco, confesso!
Beleza é a maldição do mundo.
Apesar da beleza, glamour e status, muita coisa era escondida. Tudo isso era apenas superficial. A série constantemente levantava questionamentos sobre o padrão de beleza que a sociedade e a mídia ainda impõem e que mexe com a cabeça de muitas pessoas.
Qual o preço da beleza? Qual o limite para se sentir bonito? Hoje vemos na internet pessoas fazendo diversos procedimentos cirúrgicos para ficarem parecidas com famosos, bonecos, ET, até mesmo animais.
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A série já começava com a pergunta “o que você não gosta em si mesmo?” para entender a cabeça do paciente. Apesar da cirurgia ser externa, o que os pacientes buscavam na verdade era uma cirurgia interna, a cirurgia de seus egos e complexos de inferioridade. Nip/Tuck cortava fundo mostrando cenas fortes dos procedimentos cirúrgicos, sempre com muito sangue e boa música.
Assuntos que precisavam ser tratados, em uma época que não eram tratados…
O roteiro usava e abusava do humor negro para levantar assuntos polêmicos não para chocar, embora essa fosse a primeira reação, mas para destacar temas que precisavam ser discutidos e observados com atenção. Em primeiro lugar mostrava como a obsessão pela beleza e como a forma física perfeita era levada ao extremo. Em segundo trazia muitas denúncias como castração por causa da religião, mudança de rosto para fugir de um crime, mudança de sexo, e a lista só aumentava com o decorrer dos episódios. Uma crítica inteligente e radical sobre o mundo da beleza.
As temporadas tinham um arco narrativo principal e cada episódio contava com um ou mais casos médicos. As histórias dos pacientes eram sempre excêntricas para combinar com a personalidade e os desejos exóticos deles e muita das vezes refletiam nas vidas dos médicos. De uma simples lipoaspiração até um ventríloquo com desejo de ficar parecido com seu boneco. O suspense e os ataques do The Carver (Entalhador) fizeram da terceira temporada uma das melhores.
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O tipo de série que emocionava com os dramas e atuação do elenco e chocava com os traumas e reviravoltas insanas no melhor estilo Ryan Murphy, Nip/Tuck durou seis temporadas e conta com um total de cem episódios. Subversiva, polêmica, obscura e sexy, é uma boa pedida pra quem é fã do trabalho de Murphy e um deleite para quem curte séries ousadas, reviravoltas malucas, tramas bem construídas e um elenco atraente.
Boa para quem não assistiu. Excelente para quem quer matar as saudades…