Round 6 | Quem é Hyun-ju e a Polêmica da Representatividade Trans

Após o lançamento da segunda temporada de Round 6, uma personagem se destacou entre os fãs: Hyun-ju, também conhecida como Jogador 120, uma participante trans. No entanto, a personagem não é interpretada por uma atriz trans, o que gerou discussões.

A segunda temporada da série da Netflix acompanha Gi-hun em seu retorno aos jogos como Jogador 456, determinado a encontrar o Frontman e acabar com a competição de uma vez por todas.

Isso significa que ele compete ao lado de um novo grupo de participantes, alguns mais agradáveis que outros. Enquanto Thanos (Jogador 230) é detestável, Jung-bae (Jogador 390) se torna um dos aliados mais leais de Gi-hun. E então temos Cho Hyun-ju (Park Sung-hoon), aclamada por muitos fãs como a melhor personagem da segunda temporada.

**Quem é Hyun-ju em Round 6?**

Hyun-ju é uma mulher trans que serviu nas Forças Especiais da Coreia do Sul. Ela ocupou o posto de sargento de primeira classe, mas perdeu o emprego quando se assumiu transg.

Além disso, nenhum de seus familiares ou amigos apoiou sua decisão. Sem ajuda para pagar por uma cirurgia de afirmação de gênero, ela entrou nos jogos para ganhar dinheiro suficiente para o procedimento e se mudar para a Tailândia para recomeçar a vida.

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Apesar de nem sempre agradar a todos (ela vota pela continuação dos jogos em uma votação emocional, traindo a confiança de seus aliados), ela faz de tudo para protegê-los no jogo seguinte e se voluntaria quando Gi-hun organiza um golpe contra os guardas.

Em um vídeo da Netflix, Park (que também atuou em K-dramas como Queen of Tears e The Glory) disse: “Mesmo enfrentando preconceitos e situações difíceis, ela demonstra incrível força, determinação e liderança natural. Através de sua resiliência, ela quebra estereótipos e brilha como uma personagem inspiradora.”

A controvérsia dos bastidores

A personagem de Hyun-ju não é interpretada por uma atriz trans na vida real, e há um motivo para isso: a escassez de atores abertamente trans. Tudo devido às atitudes da Coreia em relação à comunidade LGBTQ+.

Como o criador da série, Hwang Dong-hyuk, explicou à TV Guide: “Quando pesquisamos na Coreia, quase não há atores abertamente trans, muito menos abertamente gays, porque, infelizmente, na sociedade coreana atual, a comunidade LGBTQ+ ainda é bastante marginalizada e negligenciada, o que é de partir o coração.“

Hwang esperava uma “escalação autêntica de um ator trans” e, ao escalar Park para o papel, ele “antecipou que tais discussões surgiriam desde o primeiro momento em que comecei a criar a personagem“.

round 6 quem vence a 2 temporada — Imagem: Divulgação.

Criador da série discute a polêmica

“Era quase impossível encontrar alguém que pudéssemos escalar autenticamente… e isso nos levou à decisão de escalar Sung-hoon. Assisto ao seu trabalho desde sua estreia e tinha total confiança de que ele seria a pessoa certa em termos de talento para retratar essa personagem“, completou Hwang.

Em outra entrevista ao The Wrap, Hwang acrescentou: “Ela é uma pessoa que se machucou muito com discriminação e preconceito social. E há muitos incidentes na Coreia onde pessoas transgênero sofreram preconceito e discriminação.

Como conheço todos os incidentes e também tenho memórias pessoais, além de incidentes sociais, queria enfatizar o fato de que, mesmo assim, mesmo que ela seja trans, ela tem a beleza interior em si mesma como ser humano.”

Apesar da controvérsia em torno da escalação, a personagem de Hyun-ju se destaca como uma representação complexa e multifacetada, levantando importantes discussões sobre a representatividade e a visibilidade da comunidade trans na Coreia do Sul.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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