Senna | Série da Netflix traz mentira ou Ayrton não queria correr?
A série Senna da Netflix apresenta um debate sobre a decisão de Ayrton correr no fatídico dia de sua morte.
A minissérie Senna, da Netflix, reacendeu discussões emocionantes sobre os últimos momentos de Ayrton Senna na Fórmula 1, abordando a polêmica decisão de manter o GP de San Marino em 1994, mesmo após uma sequência de eventos trágicos.
A série, que dramatiza a vida e carreira do piloto, sugere que Ayrton estava relutante em correr no dia de sua morte. No entanto, há divergências entre esse retrato e depoimentos reais, como o de Galvão Bueno, que afirma que Senna não apenas queria correr, mas também estava determinado a homenagear Roland Ratzenberger, morto no treino classificatório.
A visão da série: Senna não queria correr
Em vários momentos de Senna, o piloto é mostrado debatendo com chefes de equipe e líderes sobre as condições inseguras da pista. Após o grave acidente de Rubens Barrichello e a morte de Ratzenberger, a série destaca as preocupações de Ayrton com a segurança dos pilotos. Em uma cena marcante, ele conversa com Alain Prost e supostamente menciona sua vontade de não correr, considerando o ambiente de tensão e perigo.
O drama da Netflix argumenta que Senna estava profundamente abalado e pressionado a competir, mesmo contra seus próprios instintos. Prost, em um momento recriado pela série, reafirma que Senna lhe confidenciou o desejo de não participar da prova, mas foi convencido a continuar.
O ponto de vista de Galvão Bueno: “Senna queria correr”
No entanto, depoimentos reais lançam luz sobre outra perspectiva. Galvão Bueno, que acompanhou Ayrton de perto naquele fim de semana e esteve com ele no Hospital Maggiore após o acidente fatal, relembra um detalhe que reforça o comprometimento do piloto em competir.
Segundo Galvão, Ayrton pediu ao empresário Julian Jakobi que encontrasse uma bandeira da Áustria, com a intenção de homenagear Ratzenberger caso vencesse a corrida.
“Ele estava perturbado? Claro que estava! Todos estavam perturbados. Mas que não queria correr ou que sabia que iria morrer? Isso é um absurdo“, declarou Galvão em entrevista ao podcast O Assunto.
Para o narrador, o gesto de Senna reflete sua essência como competidor: ele via o esporte como uma forma de superar tragédias e unir as pessoas, mesmo em momentos de adversidade.
Os últimos dias de tensão em Ímola
O GP de San Marino foi, de fato, marcado por uma sequência de tragédias e tensão crescente. Na sexta-feira, 29 de abril de 1994, Rubens Barrichello sofreu um acidente grave que o tirou da corrida. No dia seguinte, Roland Ratzenberger perdeu a vida em um acidente durante a classificação. Esses eventos colocaram um peso emocional em todos os pilotos, incluindo Ayrton, que já vinha criticando as condições de segurança na Fórmula 1.
No domingo, 1º de maio, Ayrton largou na pole position, mas um acidente na curva Tamburello, na sétima volta, encerrou sua vida de forma trágica e deixou o mundo do automobilismo de luto.
O debate sobre o desejo de Ayrton
A minissérie Senna traz um retrato dramático que reforça a ideia de que o piloto estava relutante em competir no dia de sua morte, mas depoimentos como o de Galvão Bueno oferecem uma visão mais complexa e menos categórica. A verdade parece residir na dualidade: Senna estava claramente abalado pelos eventos daquele fim de semana, mas também carregava em si o espírito competitivo que sempre o definiu.
Independentemente do debate, a série e os relatos reais reforçam a figura de Ayrton Senna como um ícone que transcende o esporte, marcando para sempre o coração dos brasileiros e fãs de Fórmula 1 ao redor do mundo.