Os bastidores de Smash: curiosidades por trás das câmeras

Smash divide opiniões desde seu lançamento. Uns amam e outros odeiam. Porém com seu final completando cinco anos, o Bastidores dessa semana é todo seu.

Smash
Imagem: NBC/Divulgação
Smash
Imagem: NBC/Divulgação

Produções musicais são cada vez mais raras no cinema e na televisão, na verdade nem me lembro a última vez que assisti algo assim nos cinemas (A Bela e a Fera talvez?). Pode-se afirmar que o responsável pela quase exitinção do gênero se deve a falta de interesse do público. A promissora Rise, por exemplo, foi cancelada no seu primeiro ano ao registrar uma média morno de 0.8 no demográfico alvo e pouco aproveitar os números de This Is Us.

Há outros que culpam os grandes estúdios ao investirem todas suas fichas em franquias de super heróis enquanto bons projetos sequer recebem a atenção devida. A verdade é que há argumentos para todos os lados, mas pode-se concluir também que todos nós temos aquele musical preferido. Pode ser Mamma Mia!; Hair; The Book of Mormon; Matilda e entre outros exemplos caso tenha pensado em Broadway. Porém para este que vos escreve, um dos favoritos na televisão foi Smash. Sem dúvida.

Mas perá aí – porque essa enrolação toda para lembrar de uma série cancelada a meia década atrás? Simples. No último sábado (23) fez cinco anos de aniversário da exibição do Series Finale de Smash na NBC. Pode parecer pouco tempo, mas quando falamos de televisão e da crescente oferta de conteúdo, é difícil lembar qual foi o sucesso da temporada anterior (você lembra?). Sabendo que o drama ensaia um retorno e que recentemente comemoramos seu aniversário de término, ela é o tema do Bastidores desta semana.

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Outro desastre

Marilyn- An American Fable
Imagem: The Tony Record/Divulgação

Não soi só Smash que mostrou as (enormes) dificuldades em lançar um musical na Broadway contando a vida de Marilyn Monroe. Dando vida a algumas referências na própria série, Marilyn: An American Fable foi um enorme fracasso quando estreou em 1983. Teve apenas 34 previews e 17 performances até ser cancelada por falta de público.

Mas não foi por falta de grandes nomes na produção. O roteiro era de responsabilidade de Patricia Michaels; músicas e composições de Jeanne Napoli, Doug Frank, Gary Portnoy, Beth Lawrence e Norman Thalheimer; a coreografia era de Kenny Ortega, que anos depois seria responsável por Dirty Dancing.

Já o elenco trazia Alyson Reed (High School Musical) como Norma Jean/Marilyn Monroe; Scott Bakula (hoje protagonista de NCIS: New Orleans) como Joe DiMaggio; Kristi Coombs como a jovem Norma Jean e Will Gerard como Arthur Miller.

Experiência

Experience
Imagem: NBC/Divulgação (02); CBS/Divulgação

Sem nenhuma surpresa, grande parte do elenco de Smash tem vasta experiência em musicais da Broadway. Megan Hilty interpretou Glinda em Wicked e deu original ao papel de Doralee em 9 to 5Christian Borle esteve nos elencos originais de Spamalot, Peter and the Starcatcher e deu original ao Emmet de Legally Blonde.

Brian d’Arcy James era um dos originais do elenco de Titanicrevival de The Apple Tree e interpretou o papel principal de SherekWesley Taylor foi visto no elenco original de Rock of Ages e The Addams FamilyWill Chase esteve em Rent, Aida, The Full Monty e o mais bem sucedido dos quatro, Billy Elliot.

Por incrível que possa parecer, Anjelica Huston nunca esteve num musical da Broadway, mas em 1969 ela interpretou Ophelia em HamletLeslie Odom Jr. recentemente interpretou Aaron Burr em Hamilton que lhe rendeu um Tony de Melhor Ator em Musical pela sua performance; Katherine McPhee está atualmente em cartaz como a protagonista de Waitress, um dos maiores sucessos dos últimos tempos.

Desenvolvendo Smash

Quando Bob Greenblatt (imagem abaixo) foi para NBC no início 2011, período na qual a Comcast tinha recentemente adquirido a NBCUniversal, ele precisava encontrar seu primeiro grande sucesso. E rápido. A emissora estava sem um grande título em muito tempo, a Must See TV já não funcionava desde o início dos anos 2000 e sua grande fonte de renda vinha de Donald Trump com o esmagador The Apprentice.

Bob Greenblatt
Imagem: Art Streiber/NBC

Amante da cultura teatral, Bob (que já venceu dois Tonys de Melhor Musical em 2014 e 2017) colocou Smash em desenvolvimento. Até porque, o executivo comprara o projeto da Showtime em 2009. Steven Spielberg, responsável por dar relevância para ideia, acompanhou a proposta durante sua transição da TV a cabo para TV aberta e foi um dos produtores executivos da série.

Pelo nome de Spielberg atrás do projeto, a NBC conseguiu um elenco espetacular que variava de nomes da televisão (Debra Messing e Katherine McPhee), passando pelos do teatro (Christian Borle e Megan Hilty) até chegar em Anjelica Huston, que dispensa referências. Greenblatt encomendou o episódio piloto com poucos dias de trabalho por um preço à época absurdo: 7.5 milhões de dólares.

Com um excelente resultado, o executivo tinha encontrado seu grande sucesso. Nos Upfronts de 2011, ele apresentou aos jornalistas e anunciantes Smash, que faria companhia para um ainda quente The Voice. Logo após o evento, a imprensa receberia uma cópia do piloto e a avaliação foi extremamente positiva. Todos os sinais indicavam para um enorme sucesso. Aquele que a NBC tanto esperava.

Anatomia de um desastre

Desenvolver uma série como Smash era algo complicado. Com múltiplos números musicais semanalmente que precisavam ser perfeitos, sem contar com a necessidade de fazer o mínimo de qualquer drama: personagens de qualidade e uma história que ganhasse o telespectador. Tudo precisa ser primoroso, do contrário seria motivo de chacota.

Theresa Rebeck
Imagem: Sara Krulwich/The New York Times/File 2007

Entretanto, caso o showrunner perca controle, ou controle demais o processo de criação, todo desenvolvimento criativo pode ir morro abaixo. Exatamente o que aconteceu com Smash. De acordo com a BuzzFeed, os problemas da série começaram do topo. Isso porque a criadora e showrunner, Theresa Rebeck (ao lado), fez de Smash um projeto seu. Não escuatava opiniões divergentes e sequer deixava o canal interferir no processo criativo.

Uma das fontes ouvidas pela reportagem descreveu a situação de forma surpreendente. “Muito rapidamente tudo se transformou num reino ou algo parecido. Uma ditadura,” disse.

O resultado? Após a primeira temporada, Rebeck foi demitida pela NBC e Smash nunca se recupereu das mãos de ferro da sua criadora.

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Ganhou os palcos

Bombshell
Imagem: Playbill/Divulgação

O título da peça fictícia na qual os personagens de Smash estavam envolvidos era Bombshell, cuja história era de contar a vida de Marilyn Monroe. Porém, o que poucos sabem é que Bombshell se tornou realidade. Em 2015, o elenco se reuniu para uma apresentação única em prol do Actors Fund que também contou com a contribuição (financeira) dos fãs.

A boa notícia é que a ideia não morreu. Em junho de 2017, o Los Angeles Times publicou que uma produção para Broadway de Bombshell estava em desenvolvimento. Craig Zaden e Neil Meron, responsáveis por ChicagoThe Sounf of Music The Wiz, juntaram forças com Bob Greenblatt para que o projeto siga em frente.

Até o momento, não há novas mais informações.

Comédia com Tragédia

A estabilidade das séries na NBC à época do cancelamento de Smash era tão incerta que os cancelamentos viraram piada no Tony Awards de 2013. Na cerimônia vemos diversas estrelas bem sucedidas da Broadway que saíram dos seus programas de sucesso para tentar a vida na televisão. A dolorosa verdade da vida? Eram tempos turbulentos na NBC para se tentar sucesso na emissora.

No vídeo (abaixo), vemos Andrew Rannells lamentando por ter saído de The Book of Mormon para estrelar The New Normal; Megan Hilty com Smash; Laura Benanti (cancelada DUAS vezes) com The Playboy Club Go On. Curiosamente, todas canceladas pela NBC com menos de três temporadas.

Ao final concluiu-se uma coisa: nem todos podem ser Neil Patrick Harris, bem sucedido na Broadway e ainda no ar com How I Met Your Mother.

Rapidinhas

Something Rotten!
Imagem: CBS/Divulgação

– Durante as gravações da primeira temporada série, Christian Borle estava em cartaz na Broadway. Ele interpretava Black Stache em Peter and the Starcatcher (ao lado), que lhe rendeu um Tonny de Melhor Ator em 2012.

– Na ficção, Eileen queria que Bomshell fosse apresentada no The St. James Theatre. Curiosamente, o mesmo teatro serviu como casa para produção do bem sucedido e premiado Something Rotten!, cujos protagonistas era Brian D’Arcy James e Christian Borle que trabalharam juntos em Smash.

– Essa não é a primeira vez que Megan Hilty tem uma ligação com Smash. A atriz deu vida a Lorelai Lee em Gentlemen Prefer Blondes, versão musical do filme que Marilyn Monroe protagonizou em 1953.

Sobre o autor

Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.