Supernatural arruinou Sam e Dean com grande erro

Depois de quinze temporadas, Supernatural ofereceu quase tudo quando se tratava de monstros, personagens e histórias trágicas. Porém uma parte do show, os Winchesters, permaneceu exatamente o mesmo durante toda a corrida, e isso acabou sendo o maior erro dos showrunners. Supernatural segue dois irmãos, Sam e Dean Winchester, que caçam demônios para viver. Ao longo de muitos anos, os irmãos salvam o mundo repetidas vezes, e às vezes até morrem tentando, mas conseguem continuar lutando incessantemente pela humanidade.

Começando como um show puramente processual, Supernatural tinha muita familiaridade ligada a ele. Depois de apresentar Sam e Dean, era apenas uma questão de acompanhá-los em um novo caso a cada episódio. O clichê do monstro da semana era essencialmente o núcleo do show. No entanto, como Supernatural continuou na 5ª temporada, começou a assumir histórias maiores e mais expansivas e o aspecto processual tornou-se secundário em relação ao enredo abrangente de cada temporada. Apesar dessa mudança, porém, os Winchesters sempre conseguiram ser os personagens que eram na primeira temporada e, infelizmente, isso se tornou um grande problema para a série.

Sam e Dean estavam presos em seus arquétipos

A razão pela qual Sam e Dean não mudaram muito ao longo de quinze temporadas foi que eles foram plantados com muita firmeza em seus arquétipos de personagens. Logo no início da série, os Winchesters são apresentados como dois irmãos muito distintos que compartilham uma infância trágica em comum. Nela, sua mãe morreu e seu pai os ensinou a caçar monstros. Dean é retratado como o bom filho que segue ordens, mas mantém uma atitude particularmente teimosa e machista. Enquanto isso, Sam é o irmão mais gentil e curioso que sonha com uma vida fora da caça e é muito mais empático.

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Embora esses arquétipos trabalhem para estabelecer seus personagens, infelizmente, Sam e Dean não têm a chance de superá-los. Ao longo da série, eles mantêm as mesmas opiniões de sempre e fazem as mesmas escolhas que teriam feito uma temporada antes ou depois. Embora os dois irmãos estejam dispostos a se sacrificar um pelo outro e pelo mundo, eles permanecem firmes em seus modelos de caráter preexistentes. As únicas mudanças de personalidade que os Winchesters tiveram foram resultado de fatores externos, como a Marca de Caim ou possessão.

Os arquétipos de Sam e Dean arruinaram seu relacionamento

Os arquétipos imutáveis de Sam e Dean não apenas os tornam personagens mais estagnados, mas também mantém seu relacionamento em um só lugar e mantém os mesmos velhos argumentos se repetindo continuamente. Uma grande crítica de Supernatural, por exemplo, é que Sam e Dean se tornam repetitivos em sua luta. Sam quer parar de caçar e Dean acha que eles precisam continuar. A razão dessa repetição é que os irmãos não mudam com o tempo. Sem qualquer tipo de desenvolvimento de caráter, os irmãos só podem se comprometer por um tempo antes de retornar ao mesmo debate que tiveram antes.

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No geral, a decisão dos showrunners de manter Sam e Dean dentro da mesma caixa arquetípica fez Supernatural ficar cada vez pior. Embora Sam e Dean sejam personagens adoráveis, não há chance de vê-los crescer ou amadurecer além de onde começaram aos 20 anos. Isso levou, enfim, à estagnação e à repetição que durou até a última temporada do programa. Assim, se Supernatural tivesse dado aos Winchesters a chance de se tornarem pessoas diferentes, a série teria seguido uma direção muito diferente, e talvez até melhor.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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