Ted Lasso: por que 3ª temporada é a pior da série?

Ted Lasso está prestes a se despedir para sempre, mas deixando um gosto agridoce. Embora série seja boa, 3ª temporada é a pior até aqui.

Ted Lasso

Ted Lasso teve uma trajetória difícil, ingrata. Não que a série tivesse dificuldades internas, mas o contexto no qual foi lançada, em plena pandemia, lhe deu outro significado. De repente, a série bem humorada, que segue um personagem extremamente otimista, virou uma âncora para milhões de pessoas que buscavam uma válvula de escape de uma realidade tão obscura. E mais: muitos buscavam em Ted (série e personagem) a lembrança de uma humanidade que conheciam e sentiam falta.

A série de Jason Sudeikis, portanto, foi um antídoto em tempos ruins. Foi um sorriso em uma época onde se viam muitas lágrimas. Nesta perspectiva, Ted Lasso até se beneficiou com a pandemia. O problema veio depois, quando o mundo voltou ao “normal” e, de certa forma, ao seu pessimismo e estresses costumeiros. Desta forma, perguntamos: a série ficou mais boba ou nós ficamos mais sérios?

3ª temporada apostou em história sem rumo

O fato é que a 3ª temporada de Ted Lasso é a mais fraca da série. Depois de duas temporadas sólidas, com piadas e gags excelentes, além de uma pitada dramática potente, Lasso se perdeu em narrativas vazias que não levavam os personagens e o público a lugar nenhum. O drama enfraqueceu e o humor soou forçado. Ted, enquanto personagem, permaneceu engraçado, simpático e interessante. Mas seus coadjuvantes – e boa parte de suas narrativas – perderam o brilho em um conjunto de episódios decepcionante.

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A 3ª temporada, por exemplo, não apostou em apenas uma narrativa sem rumo. Muitas vezes, nas melhores séries, alguns núcleos ficam deslocados do restante. Em vários casos, algumas narrativas servem como filler, preenchendo um tempo e espaço como se não tivesse nada melhor para falar. Em Ted Lasso, entretanto, várias tramas permaneceram desprendidas do núcleo central. E pior: traíram os conceitos preestabelecidos para os personagens e suas histórias.

Nate e Keeley tiveram maus momentos

O drama envolvendo Nate, por exemplo, embora sirva para desenvolver o arco narrativo de redenção, sempre pareceu muito exagerado. O carismático membro do Richmond se tornara um vilão caricato, distante do personagem que uma vez conquistou o público. Ainda assim, sua jornada parece planejada, a despeito dos tropeços pelo caminho. A sensação é a de que Nate sempre esteve destinado a enfrentar este desafio e chegar a este ponto.

O problema é que isso não acontece com outros personagens. Keeley, por exemplo, se envolve em um relacionamento que surge do nada e vai para lugar nenhum. O drama da personagem, que se desenvolvia entre Roy e Jamie, acabou rumando para outro objetivo. Isso deixou assuntos abertos e abriu outros que foram desenvolvidos e encerrados de forma insatisfatória.

Há algumas flores pelo caminho

O mesmo serve para Zava, o jogador problemático que aparece na metade inicial da temporada. Para onde foi o personagem? Qual o seu objetivo na história? Para que ele serviu? Qual personagem do elenco original cresceu ou se transformou com a chegada ou partida de Zava? A constatação é a de que Ted Lasso apenas quis fazer uma brincadeira com figuras e acontecimentos da vida real, esquecendo de dar propósito ou lógico para seu roteiro.

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Essas inserções inúteis apenas roubam tempo e atenção de personagens e histórias melhores – e mais importantes. Além disso, incha a duração dos episódios, o que foi um dos grandes problemas da temporada. A virada de chave do Richmond, por exemplo, que deixa de ser um time medíocre para ser um dos favoritos do campeonato, soa abrupta e irreal. Sobram ideias fajutas e falta desenvolvimento em importantes pontos. O que é inaceitável se levarmos em conta que tivemos vários episódios com mais de uma hora. Com isso a 3ª temporada de Ted Lasso acabará mais longa que Succession.

Não que Ted Lasso esteja um desastre. A série segue muito boa, e alguns momentos da 3ª temporada são realmente ótimos. O episódio Amsterdam, ou mesmo a reta final, são sólidos e trazem as melhores características da série. Jason Sudeikis, aliás, segue excelente na pele do otimista, mas complicado, Ted. E sua separação, embora porcamente explorada, serve como bom catalisador de seus maiores problemas.

No fim, é a força de Ted, como sempre, que salva o jogo.

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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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