Terra Indomável: Por que os mórmons estão criticando a série?

Por que os mórmons estão criticando Terra Indomável, série da Netflix? Saiba o que eles estão achando da produção.

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Imagem: Divulgação.

Terra Indomável (American Primeval), a nova aposta da Netflix, está dando o que falar.

A série, que explora eventos históricos como a Guerra de Utah de 1857, tem gerado polêmica, especialmente entre membros da comunidade mórmon, que não estão nada felizes com a forma como sua história foi retratada.

O problema com Brigham Young

Um dos principais pontos de discórdia é a representação de Brigham Young, líder mórmon e segundo presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (LDS). Na trama, Young aparece como um dos grandes vilões, ligado diretamente ao Massacre de Mountain Meadows, episódio real em que 120 emigrantes foram assassinados no sul de Utah.

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Para muitos mórmons, essa versão é injusta. Influenciadores como o canal ScripturePlus afirmam que a série é “historicamente imprecisa” e que Young é transformado em um vilão caricatural. “Os mórmons não eram assassinos sistemáticos”, argumenta a criadora, que também destacou que um dos consultores históricos da produção admitiu que o show “não é uma representação fiel de nada”.

Terra Indomável
Imagem: Divulgação.

“Mórmons são violentos?”

Outro ponto de Terra Indomável que irritou a comunidade foi o reforço de estereótipos. Jessica e Barrett Burgin, cineastas mórmons, chamaram a atenção para o perigo dessa narrativa. Para eles, ligar os mórmons ao massacre de forma tão direta é tão injusto quanto “dizer que todos os muçulmanos são terroristas” por conta de eventos como o 11 de setembro.

Além disso, detalhes históricos acabaram de lado para intensificar o drama. Por exemplo, o massacre ganhou um retrato errado, como tendo ocorrido perto de Wyoming, quando na realidade aconteceu no sul de Utah. Esses deslizes, portanto, para os críticos, contribuem para uma imagem distorcida.

E os indígenas Paiutes?

A polêmica não para nos mórmons. A representação dos indígenas Paiutes, povo envolvido nos eventos históricos, também levantou questões. Para alguns espectadores, a série os retrata de forma estereotipada, focando excessivamente em violência e perpetuando uma imagem preconceituosa.

A opinião de criadores mórmons

Zander Sturgill, criador mórmon de ascendência indígena, resumiu bem o sentimento da comunidade. “A série pega um evento importante e conta da forma mais exagerada possível. Isso transforma os mórmons em um povo sedento por sangue, o que simplesmente não é verdade.”

Até agora, a Netflix não comentou oficialmente as críticas, mas a controvérsia trouxe um novo olhar para a série. Enquanto muitos espectadores elogiam as atuações de Taylor Kitsch e Betty Gilpin, outros questionam se Terra Indomável foi longe demais ao simplificar um momento tão complexo da história americana.

E você, o que acha?

Apesar das críticas, Terra Indomável é um sucesso na Netflix e segue entre os títulos mais assistidos da plataforma. Mas a discussão sobre como eventos históricos ganham vida na ficção permanece em aberto. E então, você já assistiu à série? Concorda com as críticas ou acha que o drama cumpre bem seu papel?

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.