The Big Bang Theory tem infeliz verdade: ela perdeu a graça

“The Big Bang Theory”, outrora um fenômeno cultural, hoje enfrenta críticas severas por sua abordagem ultrapassada e estereotipada. No auge de sua popularidade, a série foi celebrada por sua comédia centrada em personagens nerds e suas excentricidades, mas agora, ela é vista sob uma ótica crítica por sua representação problemática de diversos temas.

A série, que começou em um período em que ser nerd ainda não era “cool”, capitalizou inicialmente no humor derivado do estranhamento social de seus personagens principais. Contudo, à medida que a cultura pop evoluiu, o show pareceu cada vez mais desconectado e insensível.

Um dos principais problemas de “The Big Bang Theory” hoje é a constante infantilização e ridicularização da cultura nerd. O que antes era engraçado – como personagens jogando jogos de tabuleiro ou fazendo cosplay – tornou-se cansativo e repetitivo.

A série frequentemente recorreu a trilhas de risada em cenas que não continham piadas reais, apenas referências nerds genéricas. Essa abordagem reduziu os personagens a caricaturas unidimensionais, perdendo a oportunidade de explorar suas complexidades de maneira mais autêntica e respeitosa.

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Além disso, a evolução do cenário pop-cultural, com a ascensão dos filmes de super-heróis e a popularização de jogos e animes, tornou a representação da série obsoleta. A ideia de nerds como indivíduos socialmente ineptos e intelectualmente superiores foi se tornando insuportável para o público. O personagem de Sheldon, em particular, começou a ser visto como arrogante e desagradável, ao invés de engraçado e cativante.

A comédia também ganhou muitas críticas por sua representação problemática de gênero e etnia. A série frequentemente apresenta um tom misógino, especialmente em relação às personagens femininas, e perpetua estereótipos raciais e homofóbicos. Personagens como Raj e Howard caem, de forma frequente, em clichês raciais, enquanto a relação entre Howard e Raj é alvo de piadas homofóbicas.

Por fim, a série enfrenta críticas pela forma como lida com a neuro divergência, particularmente em relação ao personagem Sheldon. Suas peculiaridades são frequentemente motivo de piada, e sua interação com outros personagens muitas vezes reforça estereótipos nocivos.

Em retrospectiva, “The Big Bang Theory” é um exemplo de como as séries de comédia podem envelhecer mal, perdendo a relevância e o respeito do público ao não evoluírem junto com as mudanças culturais e sociais.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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