The Last of Us, episódio 9: temporada chega ao fim em alto nível
The Last of Us chega ao fim com episódio enérgico, mas sem esquecer a emoção. Primeira temporada encerra em nível altíssimo.
A Era de Ouro da TV moderna foi alicerçada em anti-heróis. Há livros sobre isso, artigos e comentários que explicam e aprofundam a ideia de que a narrativa seriada do novo século se construiu em volta de homens e mulheres de atitudes e caráter duvidosos.
O objetivo de Vince Gilligan em Breaking Bad, por exemplo, era apresentar um personagem frágil e desolado nos primeiros minutos da série. Tudo para, nas temporadas seguintes, mostrá-lo cometendo atos atrozes.
Para o criador e sua equipe, a ideia era ver até onde o público aceitaria e seguiria o personagem. Algo que The Last of Us também nos provoca.
Quando conhecemos Joel no piloto de The Last of Us, vemos um pai solo que ama sua filha incondicionalmente. A tragédia não demora a chegar e, durante o outbreak, Sarah morre. Aqui, o público já está ao lado de Joel. Assim como Ellie viria ficar alguns episódios mais tarde. Mas como já comentamos em textos anteriores, The Last of Us é sobre humanos e suas relações.
A humanização e desumanização constante
Muito mais que isso, entretanto, é que a série é sobre o processo de humanização e desumanização constante de seus personagens. É um processo que não tem fim, e ocorre ininterruptamente, dependendo das circunstâncias que assolam cada um.
Assim, The Last of Us não chega a explorar uma relação de amor e ódio entre público e personagens, mas sim de empatia e reprovação. Com isso, vemos que os roteiros de Craig Mazin e Neil Druckman não esperam pelo preto no branco, mas pelo cinza que advém desta mistura.
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Joel, por exemplo, é capaz de protagonizar uma cena emocionante com Ellie apenas para, minutos depois, surgir como uma máquina de matar. Pois é este o arco que Joel percorre: do guardião cujo coração aquece até o assassino frio e veloz, como um John Wick do pós-apocalipse.
E se nos emocionamos com o sujeito abrindo o peito e falado sobre sua cura diária, não podemos deixar de repreender suas ações finais, que ceifam vidas como se estas nada fossem.
Ritmo acelerado funciona em alguns momentos – mas não sempre
E aqui temos, novamente, a força de Pedro Pascal enquanto intérprete. No total domínio de seu personagem, o ator conhece cada canto da personalidade de Joel.
Já Ellie, justamente por sua juventude e circunstâncias atípicas, parece se descobrir a cada segundo. E seu processo de “humanização/desumanização” é ainda mais claro, pois a garota vai de um riso quase infantil a um olhar vazio de quem já viu – e sentiu – a morte de perto.
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Adaptando em aproximadamente 9 horas um jogo que dura, em média, 15, The Last of Us apresenta, aqui e ali, alguns dos problemas que House of the Dragon já havia carregado. A pressa em resolver situações e chegar em pontos específicos da trama faz com que algumas sequências soem muito mais corridas.
Assim, quando chegamos ao fim da temporada, parece que faltou algum capítulo no meio do caminho, ou que outro virá na sequência.
Nota: 4/5