The Sopranos: criador conta segredos do final, anos depois

Anos após o fim, The Sopranos ainda comove o público. O que, afinal de contas, aconteceu no restaurante nos últimos minutos da série?

The Sopranos

Se a HBO tivesse tido sua vontade, estaríamos comemorando o 25º aniversário de uma série chamada “Family Man”. “Eles não queriam o título “The Sopranos”. Eles disseram que seria confuso e estranho, porque não parecia ser sobre um cara durão, um mafioso“, diz David Chase, o criador da série multi-premiada que redefiniu a TV. “Quando “Family Guy” entrou no ar, isso arruinou o plano deles.

Não houve confusão quando “The Sopranos” estreou em 10 de janeiro de 1999. Impulsionada por seu anti-herói complexo e violento, o chefe do crime de Nova Jersey, Tony Soprano (James Gandolfini), a série inovadora foi amada desde o início e ainda atrai novos espectadores hoje, quase 17 anos após sua conclusão.

Chase revela as origens da série: “Eu estava em terapia por causa da minha mãe. Eu costumava sair para jantar contando histórias sobre ela o tempo todo, porque eram hilariantes ou ultrajantes. Minha esposa me dizia, “Você tem que escrever sobre ela!” Mas quem se importa com um produtor e sua mãe? Isso soa mais como uma sitcom. Mas se o cara fosse mais dinâmico, tivesse mais ângulos e fosse durão, talvez isso funcionasse. Que tal um chefe da máfia em terapia?

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Ele continua, afirmando que o papel da mãe de Tony era imprescindível para a série. “Eu tentei contratar ítalo-americanos da área [de Nova York e Nova Jersey], e boas atrizes leram para o papel, mas faziam essa [estereotipada] mãe italiana louca. Com Nancy, era como se minha mãe estivesse na sala. Ela realmente entendia aquele tipo específico de insanidade e foi absolutamente essencial para o sucesso do show.

Curiosamente, o criador da série afirma que James Gandolfini, astro do show, tinha sérias dúvidas sobre si mesmo. Ele acreditava, por exemplo, que era mau ator. “‘Eu sou ruim, eu sou ruim!’, ele dizia. Mas era óbvio como ele era ótimo. Ele permitiu que o drama e a comédia surgissem de tal maneira que você pudesse ir a qualquer lugar com isso.

Sobre o polêmico final, um dos mais corajosos da TV, David Chase faz uma grande revelação. E, assim, subverte tudo o que imaginávamos até então. Seguindo a lógica da cena e algumas entrevistas de Chase ao longo dos anos, muitos acreditavam que Tony morria no desfecho da série. Mas agora Chase revela que este não é necessariamente o caso. “Eu queria implicar que ele poderia morrer naquele restaurante, não que ele morreu.

Essa comoção em torno do final, e os motivos da série e o personagem serem tão amados, são simples. “The Sopranos” seguiu Tony de perto não só nos crimes, mas na família, nas fraquezas, terapias, erros, acertos e até nos sonhos. Com isso, nos aproximamos do homem, e não só do gângster. É por isso que a possibilidade da morte de Tony perturba os fãs até hoje.

E parece que não teremos uma resposta totalmente definitiva. Afinal, para Chase, “The Sopranos” não terá sequências, derivados, prequels ou filmes. Segundo o roteirista, o filme de 2021, “The Many Saints of Newark”, foi o suficiente.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.