Xógum, Final da 1ª temporada: Quem morre e o que acontece
Final de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão explica que esta nunca foi a história de Blackthorne. Matéria com spoilers.
Se você esperava um grande confronto militar no desfecho de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, prepare-se para ser surpreendido.
O final da adaptação do FX deixa claro que esta nunca foi uma história sobre batalhas épicas ou reviravoltas explosivas. Na verdade, o clímax do seriado é sobre paciência, sacrifício e a jornada emocional dos personagens, com um foco especial em Mariko, que emerge como a verdadeira protagonista dessa narrativa.
Mariko: o coração da história
Embora o título e os primeiros episódios sugiram que a história gira em torno de Toranaga e sua ascensão como xogum, o seriado rapidamente posiciona Mariko no centro emocional da trama. Introduzida logo no início, Mariko, uma samurai cristã, carrega consigo um arco trágico e heroico.
Sua trajetória é profundamente marcada por conflitos religiosos, políticos e pessoais, que culminam em sua morte — um evento que simboliza o verdadeiro encerramento da história.
Ao contrário do romance original de James Clavell, onde Mariko só ganha protagonismo ao longo da narrativa, a série faz questão de dar a ela um papel mais central desde o início. Sua morte não é apenas um desfecho emocional; é um ponto de ruptura que transforma os outros personagens, especialmente Blackthorne, cuja própria jornada é diretamente moldada por sua conexão com ela.
Blackthorne em Xógum: A Gloriosa Saga do Japão: o anti-herói desconstruído
John Blackthorne, o marinheiro inglês e “estranho em um mundo estranho”, é frequentemente acusado de representar um clichê do “salvador branco”. No entanto, o seriado desvia dessa armadilha ao subverter sua narrativa.
O momento em que Blackthorne tenta cometer seppuku (ritual de suicídio) no episódio final é emblemático. Essa cena, que originalmente ocorre no meio do romance, ganha um peso maior indo para o clímax da série.
Ela representa a aceitação de Blackthorne das normas culturais japonesas e seu abandono de uma visão ocidental egocêntrica.
Além disso, a série destaca como Blackthorne, embora central, não é o autor de seu destino. Sob a orientação de Toranaga, ele aprende a abraçar a imprevisibilidade e inevitabilidade dos eventos, deixando de lado seu desejo de controle absoluto. Essa transformação é fundamental para o tema central de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão: a liberdade encontrada na aceitação, não na resistência.
Toranaga: vitória sem guerra
Outro ponto que pode frustrar alguns espectadores de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão é a ausência de um grande conflito final. Toranaga, um mestre em estratégia, evita confrontos diretos, optando por negociações e manipulações que garantem sua vitória antes mesmo de qualquer batalha começar.
Esse desfecho, embora anticlimático para quem esperava ação, é coerente com a filosofia do personagem e reforça a ideia de que paciência e planejamento superam a força bruta.
Toranaga também compartilha um momento significativo com Yabu, seu rival, antes de ordená-lo a cometer seppuku. Em um gesto surpreendentemente respeitoso, ele revela a Yabu sua estratégia para derrotar Ishido. Esse ato final demonstra a complexidade de Toranaga, que valoriza a astúcia mesmo em seus inimigos.
O significado por trás do final
No fundo, Xógum é uma história sobre o confronto entre valores ocidentais e orientais, onde o individualismo dá lugar à aceitação de um destino maior. Mariko é a personificação dessa filosofia, e sua jornada inspira Blackthorne a repensar suas próprias convicções.
O final da série não é sobre a vitória militar de Toranaga ou a adaptação de Blackthorne ao Japão, mas sobre o impacto transformador de Mariko em todos ao seu redor.
Com isso, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão encerra sua narrativa de forma intimista e reflexiva, desafiando as expectativas tradicionais de um clímax grandioso. É uma história que, como o próprio Toranaga, prefere vencer pela sutileza e sabedoria.