Yu Yu Hakusho: os erros e acertos da série na Netflix

Yu Yu Hakusho na Netflix: Série tem um salto Audacioso ou um tropeço na adaptação? Produção estreou na plataforma.

Yu Yu Hakusho Live Action

A Netflix tem percorrido um caminho cheio de altos e baixos em suas adaptações live-action de animes. Quem pode esquecer as tentativas com “Death Note”, “Fullmetal Alchemist” e “Cowboy Bebop”? Mas um vento de mudança soprou com a série “One Piece”, que se revelou um sucesso retumbante. Agora, a grande questão é: essa onda de sucesso continuará com a adaptação de “Yu Yu Hakusho”? Ou será que a maldição das adaptações mal-sucedidas voltou a assombrar a plataforma?

“Yu Yu Hakusho” pode não ter a mesma fama de gigantes como “One Piece” ou “Dragon Ball”, mas definitivamente não fica atrás em termos de iconografia e legado. O mangá/anime é notório por apresentar um dos melhores arcos de torneio do gênero.

Na adaptação live-action da Netflix, a decisão foi condensar várias sagas e arcos em uma única temporada de cinco episódios, uma ousadia que condensa 66 episódios do anime em cinco capítulos live-action. Sem dar spoilers, a Netflix tomou diversas liberdades com o material original. O resultado é, no melhor dos casos, decente; não é uma adaptação ruim, mas quem conhece o material fonte sentirá a adaptação como apressada e pouco fiel.

PUBLICIDADE

Os puristas, certamente, encontrarão motivos para descontentamento nas mudanças e desvios. Parece que a adaptação de “Yu Yu Hakusho” da Netflix quer chegar rapidamente aos momentos ápice do mangá/anime sem primeiro criar a base necessária de tempo e desenvolvimento. O anime é ainda hoje respeitado por seu ritmo cuidadoso e pela ausência de fillers, características que a adaptação da Netflix negligencia ao tentar abarcar demais em apenas cinco episódios. Além disso, abandona a estética dos anos 90, tão característica do anime original da Studio Pierrot, em favor de uma abordagem mais moderna.

Saiba mais sobre as séries da Netflix:

Por outro lado, há detalhes na adaptação da Netflix que aprimoram o material original. Por exemplo, o protagonista Yusuke Urameshi agora tem 17 anos, uma mudança mais realista em comparação aos 14 anos da versão mangá/anime. Embora os arcos pareçam apressados e alguns até mesmo ignorados, a equipe de roteiristas da Netflix conseguiu criar uma conexão mais natural entre certos personagens.

Yu Yu Hakusho Live Action
Imagem: Divulgação.

No que diz respeito à caracterização e representação dos personagens, a série acerta em cheio, mantendo as personalidades quase idênticas às do anime. O elenco foi bem escolhido, destacando-se Takumi Kitamura como Yusuke Urameshi e Shuhei Uesugi como Kazuma Kuwabara.

Além disso, a série “Yu Yu Hakusho” da Netflix apresenta uma alta qualidade de produção. Embora o orçamento não se compare ao da adaptação de “One Piece”, a série não deixa a desejar em termos visuais. E isso inclui CGI e efeitos especiais. Além disso, as cenas de luta são empolgantes e dinâmicas. Só que elas não conseguem capturar totalmente a essência das lutas do anime, uma tarefa quase impossível que a maioria das adaptações ainda não consegue alcançar.

Em resumo, “Yu Yu Hakusho” da Netflix pode não ser a adaptação que os fãs do mangá/anime esperavam, mas está longe de ser um fracasso como “Cowboy Bebop”. O problema maior parece ser a pressa com que tudo é apresentado. Para quem não é fã do mangá/anime, a série não é ruim, mas provavelmente não motivará a procura pelo material original, ao contrário do que aconteceu com “One Piece”. Uma pena, pois há qualidade no que a Netflix apresentou. Mas se o streaming tivesse optado por uma adaptação mais lenta e fiel, talvez o resultado fosse mais satisfatório.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.