2ª temporada de The Witcher alcança potencial máximo | Crítica

The Witcher estreia com sólida e divertida segunda temporada. No novo ano, série alcança sua melhor versão e revela todo o seu potencial.

The Witcher

De cara, o que mais chama atenção no segundo ano de The Witcher é o aumento da escala e o conforto de uma produção que se assumiu enquanto épico de aventura. Seja pelos movimentos de câmera, que se esbaldam em gruas e steadycam, ou pela plasticidade dos quadros, o novo capítulo da saga de Geralt é maior e melhor resolvida. Focando nos personagens centrais e buscando não se perder em tramas e rostos paralelos, The Witcher alcança um equilíbrio que pouco ou nunca viu em sua temporada de estreia.

Conforto, aliás, é o que pode resumir a 2ª temporada. Não porque o novo ano foi produzido no piloto automático, mas porque o projeto finalmente parece desavergonhado em ser uma fantasia cheia de monstros, bruxos, elfos e muito mais. Assim, enquanto o primeiro ano parecia tímido, o segundo escancara a lista de ameaças e brinca com tudo o que tem à disposição. Neste sentido, a nova temporada cresce em efeitos visuais e maquiagem, alcançando resultados irrepreensíveis. Note no segundo episódio, quando Geralt briga contra um monstro ameaçador: a mescla entre efeitos computadorizados e práticos é o que faz a sequência funcionar. E é a melhor abordagem, usada pelas grandes produções que entendem o valor da praticidade.

Henry Cavill surge mais confortável e divertido na pele de Geralt

Na segunda temporada, Geralt e Ciri seguem caminhos separados de Yennefer. Enquanto o bruxo treina e protege a jovem, a feiticeira tenta entender seu novo lugar no perigoso mundo de The Witcher. O roteiro consegue equilibrar com habilidade os núcleos principais, desenvolvendo-os sem grandes tropeços. Assim, jamais pensamos que um personagem está aparecendo menos ou mais que outros. Cada um recebe seu pedaço de tela, em destaque as duas protagonistas femininas, que não dependem de Geralt para brilhar.

E por falar em Geralt, Henry Cavill parece muito mais confortável no papel do bruxo. Embora saibamos que é um ator limitado, Cavill se diverte com as aventuras e dramas do personagem, e parece atingir a melhor versão do bruxo. Geralt, aliás, funciona de fato por não ser um brucutu que só briga e mata. Em vários momentos deste segundo ano vemos o bruxo emocionado, preocupado ou fragilizado. Neste sentido, personagens tornam-se densos e ações têm mais e maiores consequências.

Episódios funcionam muito bem separadamente e criam uma sólida 2ª temporada

Grande parte do funcionamento do novo ano se dá, vale apontar, pela estrutura adotada para os capítulos e para a temporada como um todo. Seguindo o bom exemplo The Mandalorian, The Witcher isola as tramas de cada episódios e entrega pequenas histórias que funcionam separadamente. Cada capítulo é uma aventura que avança com a trama geral, mas que pode ser apreciada separadamente. Em uma produção como esta, a qualidade isolada de cada episódio conta muito no resultado final, já que cada aventura é capaz de trazer o público de volta para uma nova história. Nesta abordagem, aliás, podemos conhecer novos personagens e ameaças sem que precisemos nos dedicar a eles por muito tempo. Assim, vemos histórias empolgantes em um momento e podemos seguir em frente no próximo, colecionando boas cenas.

E ao falarmos em boas cenas, é impossível não elogiar a fotografia exuberante da 2ª temporada. O grande destaque fica por conta das sequências noturnas ou de pouca luz. A fotografia sempre encontra um jeito criativo e coerente de iluminar o cenário e seus atores. Desta forma, não há cenas muito escuras e sempre conseguimos enxergar e entender o que está acontecendo. O excesso de escuridão, aliás, já prejudicou inúmeras séries e filmes. Game of Thrones, por exemplo, decepcionou em um de seus momentos finais por impedir que enxergássemos qualquer coisa. Em The Witcher, o fogo, a luz da lua e outras fontes de luz nos ajudam na experiência e tornam esta segunda temporada uma das mais belas do ano.

The Witcher finalmente torna-se a melhor versão de si mesma

Desta forma, The Witcher parece atingir todo o seu potencial, e ainda há espaço para crescer e melhorar. Em sua segunda temporada, a série alcança aquilo que deveria ter desde a estreia. Segura de si e confiante perante outras produções semelhantes, The Witcher capricha na ação, no visual e desenvolve uma narrativa sóbria, longe da abordagem truncada do primeiro ano. Com o apoio do trio principal, a série desenrola sua mitologia sem jamais ser complexa demais. Diferente de outras fantasias difíceis de acompanhar (Sombra e Ossos, A Roda do Tempo), The Witcher é um prato cheio para os fãs e convidativa aos não-iniciados.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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