Crítica: Lockwood & Co é uma divertida mistura de Supernatural e Doctor Who

Lockwood & Co é aventura bem feita que reconhece suas habilidades e limitações. Mistura de vários filmes e séries, programa vale uma espiada.

Lockwood & Co

Lockwood & Co é a nova aposta da Netflix para a fantasia e o público jovem. Baseada em uma série de livros de mesmo nome, a série britânica traz uma mistura de elementos da cultura pop que, na maioria das vezes, funciona.

Parte Doctor Who, parte Supernatural e mais uma porção de outros filmes e séries, Lockwood se dá bem ao não esconder as inspirações, entregando um produto competente que se sobressai no catálogo saturado do streaming.

Na trama, uma jovem que estuda para ser uma caça-fantasmas profissional se junta a uma pequena startup. Nela, outros dois adolescentes caçam seres sobrenaturais e tentam desvendar uma trama diabólica. O trio (olha Harry Potter aqui) luta contra forças sinistras e desvendam mistérios em uma Londres fantástica, mas muito real.

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Fantasia e mundo real se misturam em Lockwood & Co

O primeiro e maior acerto de Lockwood & Co, aliás, é a seriedade com que encara e retrata seu universo. Tudo é mostrado com naturalidade, como se fantasmas e caçadores fossem algo já comum em nosso mundo.

Isso não impede a série, entretanto, de se divertir. O programa, então, aposta em cores e invencionices com coragem, numa curiosa mistura de sobriedade e pompa. É como se a DC e a Marvel tivessem um filho adolescente que caça fantasmas.

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Tudo isso aproxima Lockwood & Co de Doctor Who, por exemplo, ou The Fades, comprovando a habilidade britânica para fazer dramas sobrenaturais divertidos, mas calcados em ambientes reais e alcançáveis.

Não espanta, então, que a série seja dirigida, em partes, por Joe Cornish. Responsável por Ataque ao Prédio e O Menino que Queria ser Rei, Cornish especializou-se em histórias fantásticas ambientadas em lugares absolutamente ordinários.

Ataque ao Prédio, por exemplo, trazia um grupo de moradores de um prédio lutando contra extraterrestres invasores e violentos. Já O Menino que Queria ser Rei conta a história de um garoto que encontra a lendária Excalibur e precisa lutar contra personagens históricos e mitológicos para salvar a todos.

Locwood & Co se encaixa perfeitamente neste pacote, já que une fantasmas e as ruas londrinas com naturalidade quase documental.

Simplicidade no roteiro e complexidade no universo criam boa experiência

Além disso, Locwood & Co não esconde suas origens literárias. Seu início, por exemplo, é típico de um romance, com apresentação de personagens e situações bem estabelecidas.

O roteiro acerta ainda, ao trazer um universo rico e complexo, mas com poucos personagens e informações em um primeiro momento. Lockwood & Co acerta, então, onde vários outros projetos dentro e fora da Netflix erraram.

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Ao contrário de títulos como Sombra e Ossos ou A Roda do Tempo, que afastavam o público com uma infinidades de nomes, lugares e informações, Lockwood foca em seus personagens principais e introduz mistérios pequenos e grandes com calma e clareza.

Ajuda, ainda, que os jovens atores sejam talentosos e carismáticos, fazendo com que nos importemos com seus dramas e vibremos com suas conquistas.

Aventura bem feita é bom motivo para assistir

Com boa fotografia e efeitos visuais realmente bons, Lockwood & Co é diversão leve e confortável, daquelas que precisamos de vez em quando. Não espere grandes discussões filosóficas ou sociais. A série não busca comentários sobre a situação britânica, tampouco sobre crescimento e suas dificuldades.

É, enfim, uma aventura bem feita, que sabe se posicionar, conhecendo suas forças e limitações. Entre tantos lançamentos, é muito mais do que podemos pedir.

Nota: 3,5/5

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.