Ahsoka, Loki: Por que séries da Marvel e Star Wars precisam acabar?

Eis a dura verdade: séries da Marvel e de Star Wars precisam acabar. Embora vejamos algo bom aqui e ali, a maioria não funciona.

séries da Marvel

É natural: se um raio cai uma vez e faz sucesso, você pode ter certeza que os estúdios farão de tudo para que ele caia mais uma vez no mesmo lugar. Depois que Homem de Ferro fez barulho ao abrir as portas da Marvel no Cinema, uma porção de outros filmes vieram na esteira. Não tardou para que o estúdio vasculhasse o baú dos personagens e narrativas da editora. Não importava se algo pertencia ao “segundo time” da empresa. O importante era estar na boca do povo. É aí que surgiram dezenas de filmes e séries da Marvel.

Isso despertou uma corrida nunca vista na indústria. A ganância era tanta que tudo precisava ser um “universo compartilhado”. A Universal, por exemplo, chegou ao cúmulo de bolar um “multiverso” de monstros clássicos, envolvendo Drácula, a Múmia, o Homem Invisível, entre outros. O exemplo mais óbvio é a DC, concorrente da Marvel, que tentou decolar um projeto semelhante por anos a fio.

O esgotamento das franquias – e do público

Repetir fórmulas nunca foi algo inédito na cultura. Crepúsculo veio na esteira de sucesso de Harry Potter. O bruxinho, por sua vez, bebeu na fonte de O Senhor dos Anéis, que também inspirou Nárnia, e basicamente todos os produtos de fantasia feitos desde seu lançamento. A própria franquia Crepúsculo rendeu suas cópias, afinal, 50 Tons de Cinza começou como uma fanfic baseada nos romances de Bella e Edward.

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A cópia, a reinterpretação ou a simples inspiração não são condenáveis. O que tem prejudicado a indústria contemporânea é a produção acrítica de seus títulos. Nos novos padrões, um filme ou série precisa ser lançado em uma janela de tempo, não de qualidade. É por isso que o Capítulo 9 de Star Wars, A Ascensão Skywalker, ficou tão abaixo das expectativas. O estúdio quis lançar um produto a qualquer custo, no prazo estipulado, a despeito da qualidade da empreitada. Para isso, demitiu diretor, reescreveu roteiros e jogou nas telas um resultado que quase prejudicou os excelentes capítulos anteriores.

Para séries da Marvel e de Star Wars, a ausência faz bem

Star Wars cometeu o mesmo erro no mundo das séries. Na intensão de manter um produto novo no streaming, lançou O Livro de Boba Fett, uma mescla de série original com continuação de Mandaloriano que não satisfaz nem como uma coisa nem outra. Quando a verdadeira 3ª temporada de Mandalorian estreou, o público havia cansado, perdido o interesse, pois a decepção veio antes da dependência.

Perceba que o excesso, e não a ausência, fez com que o público perdesse o interesse. A audiência teve Star Wars demais. É como ir a um restaurante e comer além da conta, ao ponto de não sobrar espaço para um novo pedaço, ou mesmo para a sobremesa. Na publicidade, por exemplo, é comum se criar uma necessidade para, então, entregar a solução, o produto que vai sanar tal falta, tal dor.

Quando temos novas temporadas todos os anos, o público não sente saudade. A audiência não retorna, pois sabe que sempre haverá um novo capítulo a qualquer momento. Game of Thrones, por exemplo, teve um final decepcionante justamente por acelerar processos. Mas está se reerguendo com House of the Dragon, que tenta notavelmente se desenvolver ao seu próprio ritmo. Nem que uma nova temporada leve mais de dois anos para chegar às telas.

Série de TV: o lixão dos grandes estúdios

Mas o maior erro de Star Wars e das séries da Marvel é encarar o streaming e a TV como um “grupo de acesso”. Ou seja: um time reserva, um depósito de produtos de “segunda linha”. De certa forma, a TV e as plataformas viraram o que antigamente era o mercado de DVD. Os filmes que não mereciam a glória das salas de Cinema era jogados nas prateleiras das videolocadoras.

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Nesta perspectiva, Star Wars ainda se esforça mais, tentando criar projetos originais e importantes para a mitologia. A Marvel, por sua vez, tem passado uma vergonha atrás da outra com suas tenebrosas produções. WandaVision já havia sido um engodo superestimado. Desde então, atrocidades como She Hulk e Invasão Secreta chegaram à plataforma. O grande problema delas? Ninguém se importante com estes personagens e histórias. Nem a própria Marvel.

No momento que o estúdio encara suas produções como descarte, o público não compra, tampouco respeita. É até desrespeitoso com quem paga um valor alto na assinatura do streaming que uma série caríssima como Invasão Secreta seja tão mal executada. De todas as séries da Marvel, Loki até consegue se salvar, mas justamente por ter um personagem mais importante

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Sinais de mudança? Só até o trem voltar aos trilhos

Kevin Feige e sua trupe de picaretas já perceberam a luz vermelha piscando sobre o ombro. Para começar, os magnatas perceberam que um showrunner é vital em uma série (quem diria?). A partir de agora, tentarão manter um chefe em cada uma de suas produções. Além disso, estão sendo mais cuidadosos com os roteiros e execuções. Isso fez com que todos os episódios de Demolidor fossem descartados – e quase toda a equipe demitida.

A relação entre o público e os produtos é como a de um casal: se não houver saudade e respeito o suficiente, não há futuro. É preciso mais tempo entre novas temporadas e séries. E é urgente que as novas histórias tenham peso e relevância no contexto geral das franquias. Desta forma, as séries da Marvel e Star Wars precisam acabar. Nem que seja temporariamente.

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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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