Black Mirror: entenda porque Metalhead é um dos episódios mais diferentes da 4ª temporada
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Misture as histórias de “Cujo” – o filme do cachorro vampiro – com “O Exterminador do Futuro” e você terá ‘Metalhead‘, o episódio da quarta temporada de Black Mirror: uma espécie de curta metragem de terror que mostra Maxine Peake (The Village) como uma sobrevivente solitária sendo caçada por um cão robô implacável.
O quinto episódio da nova temporada, com 38 minutos, é o mais “econômico” dos thrillers da antologia tecnológica de Charlie Brooker, que foi até bastante elogiado, principalmente pela crítica estrangeira, que parece ter gostado do estilo livre e atrativo.
Mas parece que a versão de Metalhead disponível na Netflix é bem diferente do que Brooker planejou originalmente. A primeira grande diferença foi a gravação em preto e branco, sugerida pelo diretor do episódio, David Slade. “As pessoas já haviam nos sugerido episódios em preto e branco antes, e quase fizemos uma vez“, revelou Brooker. “Mas isso só fez sentido pela a dureza da história. Isso fez com que tudo tivesse u clima de filme de terror – tem um pouco de Psicose ou algo assim“, explicou.
A ideia original era, ao invés de tirar a cor das cenas, retirar todo o diálogo. Quem já viu o episódio deve ter percebido que a história de Bella (Maxine Peake) é leve nos diálogos, tendo apenas três personagens humanos aparecendo na tela, dois deles morrendo logo na sequência inicial da história.
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Depois de uma longa e sofrida batalha, Bella consegue destruir o cão robô, mas acaba atingida por ele, que lhe implanta um rastreador que convoca uma dezena de outros robôs assassinos. A personagem aceita seu destino e falando com alguém que ela nem sabe se estar ouvindo, através de um walkie-talkie, ela de desculpa por não ter conseguir completar sua missão e retornar com uma coisa especial – um ursinho de pelúcia para uma criança com doença terminal, revelada nos últimos instantes do episódio.
Esse desfecho teria ficado de fora na versão original do capítulo planejado por Brooker, que se inspirou originalmente no filme de sobrevivência, All Is Lost, de 2013, estrelado por Robert Redford interpretando um homem perdido no mar. “Eu assisti ‘All Is Lost’, que é basicamente Robert Redford contra o mar durante 90 minutos. E eu acho que ele diz ‘Merda, é isso!’, após perceber que a vela de seu barco quebra ou quando o seu remo caiu”, explica.
“Eu gostei e pensei ‘eu deveria?’. Porque, em parte, a beleza de fazer uma antologia é conseguir reinventar a série a cada episódio. Então, acho que é como um desafio ou uma tentativa de manter tudo interessante, e foi interessante para mim”, acrescenta.
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Outra característica de Metalhead é a falta de antecedentes e/ou explicações. Durante toda a trama, nós não somos informados sobre quem construiu os cães robôs, se alguém ou algo os controla, e nem mesmo sobre o evento que levou a civilização humana ao colapso. Mas em entrevista, Brooker revelou que no rascunho original do roteiro, há uma cena rápida que mostra um humano operando o cão robô, do outro lado do oceano, em sua casa.
A força de Metalhead foi, de acordo com a produtora da série, Annabel Jones, conseguir criar um episódio “com uma história muito simples”, mas ao mesmo tempo “oferecer uma tensão implacável”.
Mesmo diante de tal explicação, a impressão que fica é que Metalhead revisita os clássicos filmes antigos de terror, mas não se destaca entre os demais episódios da série fenômeno.