Crítica: 1×06 e 1×07 de 9-1-1: Lone Star se esforçam para entreter
Crítica dos episódios 6 e 7 de 9-1-1: Lone Star, série criada por Ryan Murphy, Brad Falchuck e Tim Minear, exibida nos Estados Unidos pelo canal Fox.
9-1-1 Lone Star evolui alguns arcos, mas perde a oportunidade de ser ainda mais instigante
Há uma estrutura recorrente nas séries de TV que se baseia em arcos que tomam apenas parte de uma temporada em questão. No geral, a beleza do formato está nisso: se pode explorar, infinitamente, o desenrolar episódico, a fim de dar sentido a uma narrativa que, nem sempre, se encerra em 40 minutos.
Nessa estrutura, não é como se as tramas não fossem sempre contínuas, afinal, é isso o que parte da proposta de ser uma série de TV. Mas o que ocorre, sob a promessa de criar pequenos e fechados arcos dentro de um, dois ou mais episódios, são projeções quase fílmicas que exploram, talvez, histórias que mereçam mais atenção, mas não necessariamente demandam de toda uma temporada para contá-las.
Um feito importante, nesse aspecto, nota-se em This Is Us. Vez ou outra, para cumprir uma proposta de continuidade ainda mais evidente, a série se dedica a criar episódios que se dividem em partes, apresentam diferentes perspectivas e se fecham, sem dar cabo para um narrativa que se desenrola por tempo indeterminado.
Amigos ou rivais?
Quase dentro dessa proposta, 9-1-1: Lone Star apresentou, em seus dois últimos episódios, um grande arco que, ao evoluir bastante seus personagens, se encerrou ali mesmo.
Em “Bum Steer” e “Monster Inside”, sexto e sétimo episódio, respectivamente, os holofotes se guiaram em direção à relação de Owen com Billy Tyson, um novo personagem apresentado para colocar uma perspectiva ainda mais densa sobre o acidente de Austin.
Diante da chegada desse novo sujeito, apresentado já com certa insegurança por Judd, as cartas colocadas na mesa são óbvias: esse moço, que também sofre pela perda dos amigos – à época ele era um bombeiro aposentado – agora quer tomar o posto de Owen.
Tudo isso parte de uma proposta bem inconsistente do roteiro, uma vez que as situações, extremamente convenientes, são previsíveis. No momento em que uma amizade firma-se entre os dois, já era nítido o que viria a seguir.
Entre um assunto aqui e ali, Owen revela ao novo “amigo” que está doente ele usa a informação para tentar conseguir o tão almejado posto de capitão. Com isso, Strand se vê forçado a mostrar que ainda é digno do cargo, mesmo com os desafios do câncer.
Um território promissor se formou com essa nova trama, embora tenha sido encerrado com um deus ex-machinna terrivelmente mal trabalhado. Se Owen precisava provar alguma coisa para o superintendente de sua estação, agora já está tudo provado. Após ser atingido por um raio, Strand consegue carregar Billy e essa se torna a sua passagem para a continuidade no cargo. Se a série pretendia explorar os tensionamentos dessa “inimizade” e das reverberações do acidente, agora tudo ficou para trás.
Memento Mori
Quem também conseguiu alcançar evolução foi Mateo. Quando sua prova teórica finalmente chega, Marjan, junto à equipe, é convocada para ajudá-lo. Assim, seguindo o objetivo básico da série, esse foi o arco mais divertido apresentado. Com uma montagem rápida e ágil, cresce ainda mais a relação do público com esses personagens. Atuação linda a de Julian Works nesse episódio.
O que o futuro reserva para Lone Star?
A poucos episódios do fim da temporada, nota-se um esforço muito grande em dar atenção à trama de Michele e a irmã desaparecida. Embora ela seja alçada às margens, o mistério por trás do acontecimento tem se mostrado a aposta mais interessante da série.
Trabalhando bem a dinâmica da paramédica com Carlos, a trama seguiu um rumo provocativo e, com o segredo da caminhonete azul revelado, algumas pontas soltas ainda ficam pelo caminho. Ainda é cedo para fazer qualquer previsão, mas uma coisa é fato: sem corpo, sem prova. Sem morte confirmada. Iris ainda pode estar por aí.
E acho melhor que esteja, aliás.
Notas
1: Marjan e Mateo? Será? Quero ver isso.
2: Emergência engraçadíssima a da moça com o eletricista com epilepsia.
3: Judd é extremamente apático, mas não podemos negar, é um personagem bem maduro e importante
4: Será que a trama de Iris vai flertar com Garota Exemplar?