Crítica: 20ª temporada de Law & Order: SVU mostra uma série cada vez mais relevante
Na sua 20ª temporada, Law & Order: Special Victims Unit mostra que a série está cada vez mais relevante e necessária na televisão americana.
Não assisti Gunsmoke e ainda flerto com a possibilidade de fazer uma maratona de Law & Order. Sendo assim, não tenho muita experiência falando sobre séries idosas. Contudo, acredito que a principal preocupação de quem assiste, e de quem produz, um drama tão duradouro é a possibilidade dos roteiristas colocarem a história em piloto automático e deixa-la na inércia até que uma explosão de criatividade ocorra. Felizmente, esse não é o caso de Law & Order: Special Victims Unit que surpreende mais uma vez, apesar da idade e da queda generalizada de audiência. Assim, essa 20ª temporada é um acerto em todos os sentidos.
É verdade que em grande parte desse ano, tivemos a oportunidade de assistir propostas parecidas com a de outras temporadas. Mas o roteiro de SVU tem uma capacidade impressionante de trazer algo comum e familiar e torna-lo importante, necessário, atual e perturbador. Embora eles não possam passar da superfície e analisar a mente de um pedófilo como uma produção da Netflix faria, o telespectador consegue entender o quão chocante é aquela conversa, aquele momento e a aquela situação.
Começo essa resenha destacando o início da temporada. Mas não porque estou disposto a seguir análise cronológica da temporada, e sim pelo fato de alguns desses episódios terem me tirado do eixo. O Season Premiere, por sua vez, traz uma história especial com duas horas de duração. Em Man Up e Man Down temos um pai que claramente estuprou e violou seus filhos repetidas vezes. O problema é que ele tomou cuidado ao praticar o crime, além dito detém um poder impressionante sobre sua esposa, que teme pela sua vida.
Uma aula de direito
Não há dúvidas, repito, que o ‘homem da casa’ cometeu o referido crime. Contudo, a esposa reluta em falar, assim como os filhos temem em ‘desapontar’ seu pai haja vista que foram criados para ‘serem homens’ e não ‘vermes’. Além disso, as provas materiais são extremamente limitadas. Não revelarei o que acontece na sequência do tribunal, mas como estudante de direito acredito que tivemos uma aula do que fazer (e certamente do que não fazer) num caso como esse.
Temos um episódio carregado de emoções, sentimentos e um comentário social poderoso. Para todos aqueles, como este que vos escreve, que foram criados sob a sombra de uma masculinidade tóxica, esse episódio é particularmente doloroso. Sua sequência é ainda pior porque fala da epidemia de crimes envolvendo armas de fogo. O terceiro episódio, batizado de Zero Tolerance, é outro soco no estômago necessário para os tempos que vivemos.
O roteiro traz uma ótima explicação aos telespectadores sobre as ‘cidades santuário’, assim como a terrível (e desumana) política imigratória do governo Trump. Como de costume, o texto é inteligente; carregado de emoções e ainda didático para quem busca aprender uma coisa ou outra.
Em suma
Tenho poucos defeitos para pontuar acerca do que assisti nesta temporada. Acredito que minha única pontuação seria de termos mais participações especiais. Porque não tentar grandes nomes? Sei que tivemos Snop Dogg e Mark Feuerstein neste ano, mas lembro que já tivemos Carol Burnett; Robin Williams, Cynthia Nixon e até mesmo Joe Biden aparecendo há alguns anos. Seria mais impactante e faria com que os telespectadores sintonizem e assistam a histórias impactantes, importantes e dolorosas.
Afinal de contas, o compromisso aqui é de ser o mais real possível.