Crítica: 2ª temporada de Cobra Kai é nostálgica e melhor que a anterior
Segunda temporada de Cobra Kai é ainda melhor que a primeira.
Cobra Kai está de volta!
Prepare a nostalgia, coloque “Glory of Love” no Spotify e aproveite, porque Cobra Kai voltou. E eu diria, maior e ainda melhor.
A primeira temporada teve o trabalho de reintroduzir esses personagens, 25 anos depois do Karate Kid original. Agora, com as tramas já estabelecidas, retomamos ao confronto que conquistou gerações. Com o Cobra Kai estabelecido, e saindo vitorioso do Torneio All Valey, cabe agora ao seu maior rival uma revanche.
Partido dessa premissa, a série volta para uma corrida cativante. Assim, ela se confirma como um drama incrível, que serve para nos proporcionar nostalgia – regada de uma ótima trilha sonora dos anos 1980. Bem como, trabalhar histórias envolventes, com personagens que aprendemos a amar há quase trinta anos.
Miyagi Dojo também voltou…
Coloca a cera, tira a cera. Os ensinamentos do Sr. Miyagi se mantiveram vivos através de Daniel LaRusso, que agora reabriu o dojo de seu antigo mentor. A ideia dele era justamente trazer uma oposição ao lema “sem piedade” do Cobra Kai.
Aos poucos, Daniel Sam foi conseguindo se estabelecer. E essa foi uma lição que ele precisou reaprender. Nada na vida vem fácil e nem mesmo um anúncio de Youtube poderia conquistar seu público alvo e trazer mais alunos para seu Dojo. De qualquer forma, foi mesmo com o tempo que ele conseguiu provar seu valor como Sensei. O personagem finalmente se reencontrou nessa temporada, e vimos ele fazendo algo que se sentia confortável. Parecia que há anos ele não se sentia realizado dessa forma.
Claro, isso foi incomodar nosso herói (e ex-vilão), Johnny Lawrence. Ele já havia saído derrotado moralmente da primeira temporada, quando venceu seu filho através de Miguel no torneio. Agora, precisava lidar com o fato de que Robby estava não só tendo aulas oficialmente com seu arquirrival como também morando com o mesmo. A vida nunca facilita pro nosso loirão!
Antiga Cobra Kai renasce
Um dos pontos altos desta temporada foi o retorno do vilão original de Karate Kid. Sim, estamos falando do Sensei que treinou Johnny, John Kreese. Dado como morto, ele ressurgiu no fim da temporada passada e deixou um enorme gancho para as histórias do segundo ano. E como prometido, ele foi parte central.
A presença de Kreese foi ótima. Serviu para balançar o lado “sentimental” de Johnny, que vinha aflorando. Bem como, intensificou a ira e as lições de ataques dos alunos. Se antes, Johnny queria fazer o Cobra Kai um lugar diferente, agora Kreese queria resgatar aquele sentimento de ódio que era propagado por ele naquele Dojo durante os anos 1980.
Sem dúvidas, a história ficou ainda mais atrativa. Kreese soava como um diabinho nos ombros de Lawrence, colocando-o em confronto direto com Daniel. E quando sempre os protagonistas ensaiavam uma “trégua” ou “aproximação”, algo acontecia para colocá-los em disputa novamente. É algo que parece que eles levarão para o túmulo.
Johnny mais humanizado
Nessa temporada tivemos ainda mais a humanização de Johnny. Isso porque ele é um homem diferente. O fato dele ter aceitado Kreese novamente no dojo do Cobra Kai mostrou que ele acredita em mudanças. Da mesma forma que ele mudou ao longo dos anos, ele também acreditou que Kreese pudesse ter mudado. Ele dividiu a experiência de estar no fundo do poço, e tudo o que ele queria é ser alguém para com quem o veterano pudesse contar. Algo que para ele se reerguer, não teve.
Além disso, Johnny teve ótimos momentos. Passando pela descontração dele se aventurar no Tinder, passando por uma noite com seus antigos colegas de karatê, com direito a uma despedida emocionante, Johnny roubou a cena de Cobra Kai. E se o sentimento de nostalgia cresceu ainda mais foi por conta dele. Posso dizer que 90% do mérito da série dar certo é por conta da vontade de vencer do personagem. Mas não no ringue, mas sim na vida.
E já que mencionamos os momentos de descontração, não posso deixar de mencionar as piadas que estiveram ainda melhores. Com direito a referências de Game of Thrones, Harry Potter, Doctor Who e outros ícones da cultura pop, Cobra Kai se mostrou atual e com um ótimo time.
Girl Power
Essa temporada também teve uma vibe meio Karate Kid 4. Lembram daquele longa metragem em que o Sr. Miyagi treinou uma garotinha? Então, algo aconteceu semelhante com Daniel Sam. Ele agora virou mentor de sua filha no Karatê, e ambos protagonizaram ótimas cenas junto de Robby.
Entretanto, Samantha agora ganhou uma rival direta. A nova garota Tory chegou para botar banca. Durante toda a temporada elas ensaiam um conflito que fica apenas na provocação, levando à um ápice surpreendente na season finale.
Final chocante
Poderia tornar essa crítica “com spoilers“, e explorar o final com detalhes. Mas as chances de um leitor está passando por este texto sem ter visto a temporada é grande. Logo, prefiro não estragar a experiência.
Mas há algo que vem sendo construído durante toda a temporada que eclode no final. E, honestamente, não acaba bem. Um dos personagens principais acaba extremamente ferido, se tornando uma consequência infeliz da inspiração que o Cobra Kai causou. Bem como, Johnny Lawrence acaba sem rumo nos instantes finais, quando sua única vontade de viver lhe é tomada, em um plot previsível, mas que a gente torcia para não acontecer.
Eu confesso que fiquei chocado. Não esperava aquela briga geral, que não deixou a gente respirar nenhum minuto. Muito menos o final que foi estabelecido.
Com um desfecho em aberto, agora nos resta torcer para que Cobra Kai ganhe um terceiro ano. Se não pelas mãos do Youtube Premium (que decidiu não mais fazer séries originais), talvez pelas mãos de outros streaming. De qualquer forma, um terceiro ano seria épico. Ainda mais que tivemos a possibilidade do retorno de um outro personagem chave do elenco original, que faltava pra apimentar ainda mais essa disputa entre Daniel e Johnny.
De qualquer forma, Cobra Kai continua extremamente empolgante. Tal como, mais ágil e bem mais estruturada que seu primeiro ano. A maratona te conduz a um passeio pelos dez episódios que passam voando e, ao final, você só quer mais episódios.